Confortabilidade.

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Nas 72h que passaram, em ao menos 50h foi-se composto do "sofrimento e tortura" de Rosamaria Montibeller. Sessões direto com pausas de minutos para a alimentação e horas travadas de sono. Resultados excelentes exigiam algumas privações.

A clínica improvisada teve de ser transferida para o apartamento das mulheres da comissão técnica. Essas que trabalharam juntas em todo o momento pelo resultado principal da camisa 9. A continuação delas no apartamento das atletas poderia afetar o descanso e desempenho das outras três.

As três madrugadas em claro avançaram no que se poderia ter feito em três semanas. Com alguns gritos de dor, choros, pedidos de desistência, brigas entre a fisioterapeuta e a paciente, confusões e muita exaustão. O processo em que elas sabiam ser "lento" estava as encaminhando para onde queriam.

Chegou o dia da semifinal e (Seu Nome) instruiu que Rosamaria usasse as horas do jogo para ficar no hotel e dormir. Ela não é criança e sabia o que podia e não podia fazer, mas estava odiando a ideia de ficar só. Quem disse que ela iria dormir? Mesmo com seu time em uma boa vantagem com os dois primeiros sets ganho. O terceiro set estava ponto a ponto e seu maior entretenimento era ver Bernardinho surtando na beira da quadra e gritando com o juiz estadunidense em português.

Era melhor quando ela não estava em quadra para receber os gritos também. Ela também podia perceber melhor os revirar de olhos e as expressões de raiva que as meninas faziam. Ao mesmo tempo era frustrante ver o jogo dali, sabendo que se ela pudesse estar lá ajudaria de alguma forma.

Enquanto surtavam na arena por causa de uma bola na linha. Oposta também surtava do hotel desferindo palavrões para a tela da televisão do quarto. O jogo continuou e leves desestabilizadas assustavam, mas não preocupavam. Para as jogadoras, uma missão. Para Bernardinho, uma esperança.

A camisa 9 estava sendo uma das suas melhores apostas na convocação e não tê-la naquele principal jogo o preocupava fortemente, mas saúde em primeiro lugar. Ele acreditava que ela estava sendo a melhor oposta e ela estava. O prêmio final possivelmente iria para as suas mãos e não seria surpresa. Ele tinha uma confiança sem igual e aguardava esperançosamente a sua presença na final, mesmo sabendo que ainda teria alguns cuidados.

Cuidados esse que nem a própria jogadora estava tendo. Uma ansiedade no match point para o Brasil lhe escapou e com o ponto garantido para a final um pulo ao lado da cama.

(Seu Nome) a mataria se pudesse ter escutado seu grito de dor soando por todo o apartamento. Não antes de ter variações diferentes de infarto. Mas, definitivamente ali seria mais uma para a lista de discussões que as duas tinham tido nas últimas 60h.






(...)

P.O.V.: (Seu Nome).

"O amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim em olhar juntos para a mesma direção.", escreveu Saint-Exupéry, mas quando Rayane Valzacchi citou: "Quando o sentimento vacila e nos cega, intermediando nossas razões pelas emoções e a honra do desejo real. Entre a mente, o corpo e a alma. Podemos pensar apreciar quem nunca foi para ser e viver aquilo que sempre almejamos no chamado vivência de amor.", descreveu a janela da alma aberta a oportunidades sem restrições, sem descrições, sem limitações de coerência digna. Apenas... Sentir e viver pela sorte de ser... Podendo não ser.

Mas, como saber?

O relógio marcava 10h da manhã. Eu observava cada uma das meninas se preparando de uma maneira diferente. Estive nos três apartamentos. No quarto de Clemente, Fernandes, Filippelli e Teixeira, pude prestar atenção que Juma, Juliana e Lorenne jogavam UNO como distração, enquanto Kasiely estava em um repentino ioga no meio da sala sem se importar com os gritos e risadas das colegas de apartamento.

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