You're Losing Me - 1/3

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Brasília, Distrito Federal. – República Federativa do Brasil.
Sexta-feira, 08 de Dezembro de 2017.

Havia sido um dia tranquilo, embora o cansaço da viagem existisse fisicamente, o treino da tarde tinha sido em meio há um ambiente leve e descontraído. As jogadoras já estavam de volta ao hotel para descansar para o jogo no dia seguinte. Cada uma em seu apartamento, cada uma com sua dupla, cada qual com seu quarto.

O aguardado mundial se aproximava, mas não assustava tanto. O trajeto do clube de Osasco vinha sendo diferente das outras vezes, uma constante consolidação e a posição fixa na tabela da superliga atraía um olhar diferente de quem estava de fora.

Afinal, de quê seria da grande mudança do time paulista? A ótima liderança de Roberta Ratzke sobre suas companheiras abrangia uma perspectiva desejosa para patrocinadores e empresários de outros clubes que já estudavam cada jogadora para relacionar para a próxima temporada. Uma vigia 24h de ligas a fora, ambicionarem de sempre quererem o "melhor".

Ao decorrer dos dias, assim como o Mundial, a final de superliga brasileira também se aproximava e consequentemente viriam as novas propostas, as renovações, as decisões e indecisões.

Embora quase nenhuma delas se preocupasse verdadeiramente com esse pequeno detalhe por agora, D'Angel procurava estudar todas as ideias possíveis que a favorecesse socialmente e também o seu trabalho. De todas as jogadoras, a líbero italiana era a única com certeza sobre a saída do clube.

Mesmo sua titularidade absoluta trazendo resultados magníficos ela nunca competiria com a dona do clube paulista, Camila Brait.

Brait havia dado a luz há cerca de um mês e estaria 100% pronta na próxima temporada, que ainda levaria alguns longos meses a chegar. Mas isso era uma situação que ninguém tinha dúvida.

Os novos agentes de D'Angel a cercavam, a sondavam como serpentes em defesa agressiva. Macrís estava certa sobre eles. Não se importavam com o estado da jogadora, sobre sua saúde mental, seu possível esgotamento físico... Eles continuariam a sugando até que ela deixasse de ser um lucro luxuoso e um rosto noticiável, o que possivelmente nunca aconteceria.

(Seu Nome) havia se tornado a pessoa mais pública no meio esportivo. Seu histórico infinito e inacabável a matava por dentro, mas não havia outra coisa a fazer para mudar aquilo... Apenas aceitar. Afinal, era quem ela de fato era.

– O que houve? Está tudo bem aí?

A voz bem-soante de Ratzke atraiu a atenção da líbero, que até então não tinha se tocado que estava massageando seu pulso esquerdo. Não era nada demais, apenas um pequeno estresse comumente em sua vida. Ela sorriu e respirou fundo, passando as mãos em seus cabelos enquanto via a tela de seu computador. Esperando ansiosamente pela ligação de seu irmão para que ela pudesse vê-lo e só então relaxaria.

– Não se preocupa, eu estou bem.

Assegurou, de uma forma não muito convincente, mas Roberta não ficaria a incomodando. Diferentemente das outras, ela não era do tipo de ficar no pé insistindo até ouvir o que quer. Ela era mais carinhosa e respeitosa.

A amizade entre a levantadora e a líbero surgiu naturalmente. Elas passavam a maior parte do tempo juntas e o vínculo com Gabi e Rosa facilitou mais ainda. Elas tinham uma ótima sincronia dentro e fora de quadra.

– Ok. – se deu por vencida. – Qualquer coisa... Eu estou a uma porta de distância.

As duas trocaram um último sorriso antes da mais velha fechar a porta do quarto e sumir da vista de Franceschinelli. Ela ainda ficou encarando a tela por alguns minutos até seu irmão lhe enviar uma mensagem dizendo que havia acabado de chegar em casa e iria tomar um banho antes de ligar via Skype.

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