Não Aprendi a Dizer Adeus

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P.O.V.: (Seu Nome).

Shaoxing, Zhejiang. – República Popular da China.
Sábado, 20 de Janeiro de 2018.

O Mundial de Clubes é um campeonato curto e rápido. Cada time chega na cidade e em questão de uma semana e meia, ou duas semanas, depois você já sabe quem é o novo time Top1 do ano. Direto, atrativo, lucrador e muito, mas muito exaustivo.

Jogamos 3 jogos em 3 dias seguidos, então tivemos uma gloriosa folga ontem e já disputamos a semifinal hoje, nos classificando para a final que será amanhã. Não somente nossos corpos sentem, como nossas mentes ficam extremamente exaustam.

A noite chegava e as jogadoras estavam em seus cômodos para descansarem para o dia seguinte. Eu e o squad jantávamos em meio há estratégias sendo boladas para o grande jogo no dia seguinte.

Roberta tinha a vez da fala e eu só balançava a cabeça em concordância enquanto me dividia entre a minha comida e roubar um pouco do prato de Montibeller. Visualizamos o tablet na mesa e as marcações que a capitã fazia em uma naturalidade surreal.

Para o jogo de amanhã tínhamos a certeza de uma medalha e isso já era uma conquista, mas é claro que o alvo principal era o ouro.

Rosa começou a falar e eu senti um olhar em cima de mim. Levantei minha cabeça encontrando os castanhos de Gabriela sobre as minhas pernas que estavam sobre a oposta, me pondo quase que sentada em seu colo, e eu não tinha percebido aquilo até aquele momento.

Tirei minhas pernas dali e me sentei direito, cruzando minhas pernas e deixando meu prato na minha frente. Passei a voltar minha atenção ao que estavam dizendo, apesar de saber que no dia seguinte Roberta repetiria tudo para todo o time.

Em alguns minutos em uma conversa profissional logo se tornou um grupo de amigas fofocando sobre Zehra Güneş, do VakıfBank, está supostamente tendo um caso com Hande Baladın, do Eczacıbaşı. Rivais na quadra e amantes fora dela.

Mas, eu particularmente, já não estava com minha atenção nessa conversa. Eu sentia meus olhos lacrimejando cada vez que eu bocejava e meus ombros ardiam toda vez que eu esticava meus braços. Mas tudo certo.

Eu não estava com sono, eu estava cansada.

Eu ficando ali ou indo para a cama seria a mesma coisa, pois eu sabia que não iria dormir de imediato. Então, preferi continuar observando os traços curitibano de Roberta enquanto sentia os dedos de Rosa desenhando em meu joelho exposto.

Mas não durou muito mesmo, meus ombros estavam me matando. Depois de alguns longos minutos eu me levantei, pedindo licença, dando boa noite e deixando um beijo no cabelo de cada uma.

Escovei meus dentes, vesti minha roupa de dormir e organizei a cama para enfim relaxar meus músculos ali. Em determinado momento senti o sono tentando me levar, mas eu queria esperar o meu cobertor humano. Fiquei seriamente tentada a ir chamá-la, mas seria algo tão... Casal?

Acho que, apesar de sermos bem abertas em relação a qualquer coisa de nossas vidas, tínhamos nossas situações privadas. Mesmo que Roberta e Gabriela tenham visto que juntamos nossas camas, não precisávamos falar abertamente que estávamos dormindo juntas.

Digo... Era óbvio, então por que falar?

Tanto eu quanto Rosamaria tínhamos essa concepção de naturalidade. Deixávamos que pensassem o que quisessem sobre nós e isso bastava. Não seria íntimo ir chamá-la na frente das meninas? Na frente de Gabriela?

Aquela conversa de mais cedo ainda me confundia em algumas partes. Ela estava "me dando um fora" tão sutilmente que eu sabia que lá no fundo tinha uma dorzinha escondida nela. Me questiono do porquê. Rosamaria teria algo haver? Por que ela também não estava na conversa? Elas duas já teriam conversado? Sem mim? Não, não. Rosa teria me dito... Eu acho.

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