Fala comigo.

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Quarta-feira, 29 de Novembro de 2017.

Havia sido uma manhã comum, teve academia, treino, sessão de fisioterapia e palestrinha do coach. Era para ser uma rotina normal, senão fosse pela tensão que havia entre Gabriela e (Seu Nome), tensão que vinha de dias...

A divisão do dia era por ser aniversário de Naiane Rios, que estava por Osasco por conta de seu clube que estava por ali. Seriam as próximas adversárias do time de Roberta Ratzke.

A levantadora rival e Rosamaria estavam no apartamento da capitã de Osasco, apenas atualizando as novas e aproveitando o tempinho junto da amiga que reside em outra cidade.

Uma bandeja de frutinhas cortadas estava na mesa como aperitivo e um drink sem álcool lhes foi servido, apenas refrigerante e energético com algumas frutas para dar o sabor.

Quando Rios citou o nome de (Seu Nome) o humor de Montibeller foi devastado. Ela sentia falta da pequena líbero e, mesmo que estivesse se falando normalmente, não era a mesma coisa de antes. Ela jurava que não iria escolher um lado, mas ela acabou apoiando mais Gabriela e isso foi muito perceptível. (Seu Nome) entendia e estava tudo bem, mas na cabecinha da catarinense não estava nada bem.

– Não pode se torturar por algo que não fez. – Roberta disse, enquanto erguia suas pernas no sofá e sentava de frente para as duas amigas. – Você acabou de dizer que a experiência de morarem juntas foi uma catástrofe.

– É! Deveria testar morar só você e sua amada. Ainda tem um tempinho juntas no clube, não? – Naiane sugeriu e a melhor amiga riu da ideia absurda.

– Minha amada. – saboreou as duas palavrinhas em seus lábios. – Não... Nós nunca vamos dar certo.

– Ué. E por que não? – a curitibana atraiu a atenção. – Eu, particularmente, vejo muito mais sintonia entre vocês duas do que com a Gabi. É muito cu doce para enxergarem que combinam.

– Graças a Deus alguém tem o mesmo pensamento que eu! Bate aqui!

Rosamaria viu as levantadoras dando um highfive animadas e revirou os olhos. Falar sobre (Seu Nome) D'Angel com outras pessoas que não fosse Gabriela abria seus olhos em outra perspectiva... Ou talvez só diziam o que ela queria ouvir.

Não. Ela não iria se iludir de novo.

– É algo óbvio. Ela vai voltar pra Gabi na primeira oportunidade que tiver. Sempre foi e sempre vai ser a Gabi. Só falta se resolverem. Por favor, não me alimentem com esperanças. Já estou a superando nesse quesito. – ela virou o líquido em seu copo e encarou o copo vazio. – Somos boas amigas que transam algumas vezes e está tudo bem. Essa é a nossa história. É assim que vai ser.

– Não deve ter tanta certeza assim.

– Por mulher bonita a gente não se apaixona, a gente fica obcecada. E Rosa está obcecada. – Naiane Rios disse em um tom quase orgulhoso. – Não adianta negar, Maria Rosa. Vocês tem uma chama no ar, sabe? É uma química escandalosa e digo mais... Ter química com a pessoa é mil vezes pior do que gostar dela. Você pode com ódio da cara dela, mas se ela chegar perto... Ah, minha gata, esquece. É um vulcão, aquele... – fez a sinalização de uma explosão com suas mãos. – Sabe?

– Você poderia ficar calada agora?

– Só me pergunto como pode pensar assim?

– Porque se eu fosse ela eu escolheria a Gabi! – firmou sua voz. Entre Gabi e (Seu Nome) ela escolheria (Seu Nome) mil vezes, mas entre ela e Gabi ela sabia que Gabi era a melhor opção. – Gabriela é um sonho e vocês sabem disso. Ela é aquela que se precisasse, mataria D'Angel para salvar o mundo e ela entenderia. Até se entregaria de bom grado. Eu não. Eu mataria todo mundo para que ninguém a machucasse e ela me odiaria a vida inteira por ter feito tal atrocidade. Conseguem sentir a diferença? Eu consigo. Meu egoísmo é o que me destrói.

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