Súbita.

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P.O.V.: Rosamaria.

Osasco, São Paulo. – República Federativa do Brasil.
Quarta-feira, 21 de Fevereiro de 2018.

Desliguei minha ligação com Gabriela Guimarães e entrei no apartamento. Estava tudo silêncio e calmo. Nada parecia errado. Gabi e Rô iria se juntar à nós para o jantar de hoje, mas Roberta estava com visita e Gabi tinha ido dar uma entrevista ao Globo Esporte e as gravações demorariam um pouco. (Seu Nome) estava em casa, mas geralmente ela não ficava no silêncio quando estava só.

Chamei por seu nome algumas vezes, mas não obtive resposta.

Chequei em todo o apartamento e tudo parecia bem em ordem, até achá-la na banheira do meu antigo quarto, que tinha se tornado nosso quarto de hóspedes. Ou o quarto que uma de nós dormia quando fazia bobagem. Parei na porta do banheiro e me encostei ali.

Ela sabia que eu estava ali e tinha ouvido eu a chamando, mas ainda assim não me respondeu e nem se deu o trabalho de virar seu rosto em minha direção. Mas não era por birra. Tinha algo errado e eu soube no exato momento que pus meus olhos nela.

(Seu Nome) estava com seus cabelos molhados, e quando ela tomava banho de banheira ela nunca molhava o cabelo, havia alguns fios por seu rosto, sua expressão estava séria e ela olhava fixamente para a parede sem ter nenhum entretenimento ali. Ela estava sentada no centro da banheira com suas pernas dobradas próximo ao seu corpo e ela as abraçava como se estivesse com medo.

Ela estava com medo.

De primeira eu não sabia se me aproximava ou fechava a porta e a deixava ali em seu canto. Na verdade, eu não queria a deixar só. Fiquei ali por uns 20, talvez 30 minutos. Quem sabe tenha sido somente uns 5 minutos, mas pareceu uma eternidade para mim. O silêncio era mortal e a sua paralisação me matava mais ainda.

Eu nunca tinha me deparado com esse momento antes, mas já ouvi muito sobre ele com Melissa. Quando decidimos morar juntas, uns 4 dias depois, Benoist apareceu em Osasco para conversar comigo e Gabriela sobre algumas coisas essenciais de uma convivência com (Seu Nome) D'Angel.

Eu achava que seria piada. Até eu descobri que Melissa também havia ido para a Itália falar com Alessia Orro, Caterina Bosetti e Paola Egonu sobre isso. As três que já dividiram o quarto com a querida líbero.

Havia certos dias que as situações apareciam como um castigo letal na cabeça de D'Angel. Ela acordava. Não se sentia bem emocionalmente. Ficava quieta. Procurava uma forma de afastar a sensação. Chegava ao fim do dia e chorava até dormir. No outro dia agia como se nada tivesse acontecido. Quando esses dias chegam não a nada a ser feito.

É como se seu corpo reinasse teimosamente na decisão de sofrer em um inferno pessoal. Melissa descrevia como se sua mente queimasse no inferno enquanto seu corpo repousa em um lindo campo de flores fofinhas. Eu ouvi tanto sobre esses dias. Melissa temia que eu pudesse piorar as coisas e pediu para que eu me afastasse de um dia percebesse isso.

Sinceramente? Eu concordo com ela. Sinto que posso piorar as coisas, mas eu não consegui pensar na hipótese de ir embora dali e deixar o amor da minha vida em seu inferno pessoal. Percebendo que eu não sairia dali, (Seu Nome) virou sua cabeça em minha direção lentamente e eu apenas fiquei a encarando, com medo e fazer qualquer movimento.

Seus olhos brilhavam, mas não era demonstração de qualquer emoção. Eles brilhavam porque ela queria chorar e estava segurando o choro. Não havia nenhuma emoção ali se não um desespero interno. Segurar o choro era pior certo? Se ela queria desabafar esse era o momento. Ela deveria chorar, gritar, extravasar o quanto quisesse se ela achava que precisava.

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