Recordando - Parte II

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Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. – República Federativa do Brasil.
Segunda-feira, 06 de Novembro de 2017.

Noite quente em solo carioca.

Se não fosse pela temperatura gélida e favorável dentro do apartamento em que estávamos hospedadas eu poderia jurar estar dentro de um gigante crematório de tanto calor que estava. Vida longa aos ar-condicionados branquinhos que ficam no teto dos lugares e são gordinhos.

Jogamos há poucas horas e, diferente do de costume, não fomos direto para casa. Não tínhamos vindo de ônibus, viemos de avião e nosso avião de volta só sairia amanhã depois do almoço. Então estávamos descansando da longa noite e aproveitando mais do hotel.

Eu, (Seu Nome), Roberta e Rosamaria estávamos dividindo um apartamento. Roberta havia ido dormir e eu dei a brilhante ideia de ver um filme no quarto que eu estava dividindo com a líbero. Claro que Rosa aceitou e tudo o que eu não esperava era entrar em um mar de desespero criando pela minha própria pessoa.

Estávamos atentas ao filme como se ele fosse realmente interessante. Acho que para elas até que estava sendo, já que as duas estavam visualizando a tela com suas expressões tranquilas. Eu era a única que estava para enfartar ali no meio das duas.

Meu coração parecia que iria explodir em meu peito e meu pulmão não conseguia normalizar minhas entradas e saídas de ar, fazendo meu peito subir e descer rapidamente, como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Elas não percebiam, por terem sua atenção na televisão, mas eu já estava enlouquecendo.

Estávamos sentadas, com nossas costas apoiadas no estofado da cabeceira da cama. Em nossas pernas, que estavam esticadas sobre a cama, havia pipoca, as jujubas de iogurte que são as favoritas de Rosamaria e o sorvete de baunilha com Nutella que é o favorito de (Seu Nome).

Que nossa nutri nos perdoe.

(Seu Nome), depois de um tempo, se aconchegou mais ao meu corpo, abraçando meu braço e pousou sua cabeça sobre o meu ombro. Uma de suas mãos deslizava a ponta dos dedos sobre a minha pele, fazendo algum desenho imaginário e me arrepiando com a leveza do toque.

Senti um contato mais intruso por debaixo do edredom e percebi que era Rosa roçando a sua perna na minha. Não era uma segunda intenção. Ela realmente tinha aquela mania, ela gostava do atrito de pele com pele e eu sabia disso. Mas, dado ao momento e minha tensão, foi impossível não ficar mais nervosa com aquilo.

As duas criando em minha mente pensamentos que eram tudo, menos inocentes.

Eu fiquei paralisada.

Cada uma em um lado me tentando sem nem ao menos ter a intenção.

Engoli em seco e continuei olhando para a tela grande, mas eu não prestava atenção em absolutamente nada. Eu respirava fundo diversas vezes e em poucos minutos havia acabado com o sorvete da minha ex-namorada. Comi quase 2L sozinha e tudo dentro de mim congelava enquanto meu corpo ardia em chamas.

Sem falar nada eu desfiz os contatos com as duas e me rastejei para fora da cama, logo saindo do quarto as pressas. Pude ouvir de longe a voz doce e suave de D'Angel me chamando, mas eu precisava respirar.

Eu não acredito que eu tive a ideia de juntar nós três em uma cama no escuro. Que genial, ein, Gabriela! Agora aqui a beira de sofrer um ataque cardíaco aos 23 anos.

Fui ao banheiro e lavei meu rosto. Fiquei ali por uns 5 minutos, nem me importando do que estava perdendo do filme, nem estava prestando atenção mesmo. Percebi um sujinho em minha camisa e vi que era sorvete. Não tinha visto que havia derramado. Ótimo.

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