Ela NÃO é assim!

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Ainda estávamos sentadas no chão, esperando pelo primeiro pronunciamento. Nossa preparadora física saiu do ambiente para deixar os dois conversarem e agora eles estão a sós e num silêncio absurdo há alguns minutos. Não sei quem estava mais inquieta entre eu e Rosamaria. Eu batucava meus dedos em minha coxa, sem fazer barulho. Ela mordia as pontas dos dedos, uma péssima mania que tinha há anos e nunca desacostumou.

Duas amigas curiosas que estavam quase explodindo com o silêncio do ex-casal. Odiava lembrar disso, não que fosse um problema meu.

- Você está linda. - Bruninho disse e eu olhei para Rosamaria com tédio, recebendo o mesmo olhar de volta.

- Obrigada. - ela respondeu no seco e bati um highfive com a oposta que segurava o riso.

- Escuta... - ele suspirou, se preparando para falar. - Eu fui um idiota com você. A verdade é que não há justificativa para o que eu fiz. Nem com você e nem com a Rosamaria.

- Não há mesmo. - minha amiga disse ao meu lado e eu sorri negando.

- Entendo perfeitamente se nunca me perdoar, assim como eu também te perdoo por ter ido embora sem ao menos ter terminado comigo.

O quê?

- Eu ainda precisava ter terminado? - (Seu Nome) perguntou quase em indignação.

- O ponto é... - ele firmou, parecendo ignorá-la. - Eu senti sua falta. Eu sinto, na verdade. Não como namorada, mas como a minha meia-irmã que me ajudou a fugir de casa várias vezes só para se vingar do meu pai. - ouvi a risada baixa dela e não soube identificar em que tom seria aquele. - Fui injusto com você. O que tínhamos era incrível e você não pode negar. Desculpa ter fudido com isso.

Silêncio. Eu e Rosamaria nos encarávamos em expectativa. Meu pescoço começava a doer, minhas costas e minha perna começavam a doer. Eu estava ficando incomodada e queria logo sair dali, mas queria ficar para saber até onde a conversa iria.

- Isso foi tão ridículo que nem sei o que dizer.

- Ela vai bater nele de novo. - ouvi o comentário rápido da Pink e quase concordei.

- O quê? Eu f-.

- Ok, me escuta. - ela o interrompeu. - Desculpa por ter sumido da sua vida sem nem terminar isso de uma vez. Tive a mesma atitude que nossos pais, por mais que eu odeie admitir. Você é homem, é humano, tem necessidades e blá-blá-blá. - ela falava sem emoção e eu achei bom, por um lado. - Sei que conviver nesse lugar em um momento de muita tensão nos faz ter fraquezas que não sabemos explicar. Ter a Montibeller é um ponto que nem precisamos tocar, porque até eu entendo você. - Como assim... Ela entende? - Não guardo mágoas de você, afinal, já faz muito tempo. Eu só fiquei daquele jeito porque eu já tinha outra situação em mente e foi juntando uma coisa e outra e...

- Você ainda tem esse péssimo hábito?

- Olha, Bruno... Você foi um grande amigo. - desta vez havia um resquício de alguma coisa em sua voz. - Sabe mais sobre mim do que qualquer outro. Erramos em ter partido nossa amizade para algo a mais e sinto muito por ter acabado do jeito que acabou. - ela pareceu sincera e suspirei. - Não temos mais nenhuma ligação e não vejo razão para continuarmos a ter qualquer tipo de contato. Tudo o que sei sobre você estará sempre guardado comigo, espero que seja da mesma forma com você.

- Pode ter certeza que sim. Eu confio em você.

- Queria poder dizer o mesmo. - silêncio. Montibeller brincava com seus lábios, atenta na conversa. Ela conhecia o sentimento, todas assistiram de perto sua relação e por mais trágico que possa parecer, tanto ela como nossas amigas se divertem com a atual situação. Virou motivo de piada e acho que seria surpresa se não virasse. - Eu perdoo você!

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