Looking At You

Família Guimarães.

Eu tinha todos os nomes e rostos anotados em minha memória e conhecê-los pessoalmente foi melhor ainda. O avô de Gabriela se chama Dom Braga e eu não sei se esse é realmente o nome dele, mas é assim que o chamam há muitos anos. Seus amigos de infância o chamavam assim e ainda dura. Ele é bem vívido e muito falante. Todos eles são, o que não me surpreendeu.

Os tios de Gabi são falantes, dançarinos, um pouco exagerados nas reclamações com os filhos e muito, mas muito cervejeiros. É todo mundo bem novo. Os primos tem praticamente a mesma idade que ela e seu irmão, Gustavo, o pai de Pedro, é o neto mais velho sendo apenas 6 anos mais velho.

A mãe de Gabriela é a filha mais velha. Depois vem Roger, o tio divorciado, que é o pai do Sérgio e esse é o primo que não sai de perto da churrasqueira e comanda a refeição de todas as reuniões. Depois vem Rodrigo, que é o pai do Carlos e do João, mas esses estão com a família da esposa de Rodrigo em Brasília.

Depois veio a Iony, que é a mãe do César e da Sara, e é casada com o Leandro, o tio contador de piadas e que gostava de mostrar que tinha samba no pé. Ele me fez rir umas 10x e nem eram coisas tão engraçadas. Na verdade foram coisas tão ruins, mas tão ruins que se tornavam engraçadas.

O filho mais novo é Roberto, o chamam de Beto. Ele é solteiro, mora com o pai, tem a mesma idade que Gustavo e é gay. Não do tipo que anda rebolando e grita feminidade escandalosamente, mas do tipo que você bate os olhos e fala: ele é gay, muito gay.

Ele é bonito, muito bonito. Tem a barba tem a barba bem feita e a voz é até mais grossa que a dos hetéros, estava com a roupa combinando com Pedro. Camisa social coladinha no corpo e uma bermuda jeans. O peitoral depilado e as sobrancelhas bem feitas. Ok, eu prestei mais atenção neles do que nos outros, mas era só para constatar que era gay. Porque ele tem a aparência de hetéro, mas a gente sabe quando encontra um gay.

Renata é a esposa do Gustavo e mãe do Pedro. Desde que cheguei ela foi a que me puxou para sentar com ela e não paramos de conversar. Eu não sabia que precisava disso, mas ela conseguiu me fazer sentir mais a vontade do que eu esperava. A conversa dela me acalmou e mudou totalmente minha percepção de tudo.

Quando cheguei fui apresentada primeiro ao avô de Gabriela e lhe entreguei uma caixa com suspensórios pretos. Ela havia me dito que ele gostava e que não usava se a cor não fosse preta. Dito e feito. Assim que viu o que era ele tirou a que estava usando e colocou um dos que estavam na caixa e ainda estava usando. Ele demonstrou ter gostado e eu fiquei feliz.

Para a mãe de Gabi eu trouxe uma bolsa do lançamento da nova coleção da Louis Vuitton e ela amou o que me deixou extremamente feliz em todos os níveis. Eu recebi abraços e um beijo estralado dentro do meu ouvido, muitos obrigada e mais abraços de dona Elaine. Esse presente eu não havia pedido ajuda de Gabi e sim de Natália.

Eu deveria lembrar depois de agradecer Zilio de alguma forma.

Eu havia trago um helicóptero para Pedro, mas a tia dele disse que como estava de noite não era uma boa ideia lhe entregar, porque ele iria querer brincar e ele não veria o brinquedo voando e ele ia ficar triste e um monte de justificativas. Então eu entregaria no almoço. Já havia dito a mãe dele que daria e o que era e ela também agradeceu dizendo que não precisava.

Essa era uma das graças do brasileiro. "Não precisava.", eles sempre falam isso.

– (SEU NOME)! – eu estava levando um pedaço de bolo à boca quando ouvi meu nome. Na real, eu nem sabia por que tinha um bolo ali já que não era aniversário de ninguém, mas tinha e estava uma delícia. – Vem aqui, cunhada!

Procurei pelo dono da voz e assim que o encontrei me direcionei a ele. Guilherme, irmão velho de Gabriela, o filho do meio de Elaine, quarto neto mais velho de Dom Braga, pegou em minha mão e simplesmente começou a tentar uma dança. Automaticamente toda a atenção foi parar em nós dois e o apoio dos tios só ajudou em minha timidez.