Resolva isso ou vá embora - Parte III

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P.O.V.: Rosamaria.

Eu havia sido dura demais?

Fui longe demais?

Vi um desconhecido desespero percorrer nos olhos que eu tanto amava e apertei a porta me segurando para não desfazer minhas palavras e ir abraçá-la.

Em nome da deusa... Podemos só esquecer isso e recomeçar?

Seus lábios se moveram em um "Desculpa." inaudível e então ela virou seus pés se distanciando dali, indo em direção ao elevador. Eu não tive coragem de virar meu rosto para segui-la com os olhos. Eu apenas engoli a minha vontade de desfazer minhas palavras e agarra-la perdendo totalmente a minha moralidade, adentrei o apartamento e fechei a porta.

Fiquei alguns segundos encarando a porta e suspirei desacreditada de mim mesma pela coragem que eu talvez nunca tivesse cogitado a possibilidade de um dia firmar minhas palavras para (Seu Nome) D'Angel da maneira que fiz.

Eu fui clara, não fui?

Eu agi certo... Não agi?

— Você foi bem.

Minha atenção foi atraída pela voz de Carol Gattaz, que estava mais ao lado da porta ouvindo tudo o que não era para ela ouvir, junto com Ana Carolina e Gabriela Guimarães. As três estavam caladinhas, assistindo e ouvindo tudo de primeira mão como verdadeiras fofoqueiras sem pretensão.

— Depois que a mente dela esfriar ela vai entender. — Carolana disse como se fosse óbvio e sorriu, cutucando nossa capitã para concordar com ela.

— É, fica tranquila. — Gabi sorriu docemente, se aproximando e apertando meus ombros. — Vocês já estão se resolvendo, então vai ficar tudo bem. As dificuldades existem para fortalecer as relações e o barquinho da relação de vocês finalmente está chegando em terra firme depois de passar por umas tempestades no meio do oceano. Vamos pensar de forma positiva daqui para frente, ok? — ela piscou daquela maneira convicta que tinha e logo se afastou. — Mas, por agora, foca no que importa. Nosso ônibus sai em meia hora, vamos nos organizar para descer.

Sua voz aumentou para que todas escutassem sua ordem e prontamente o fizeram. É isso... Eu tenho um jogo importante em algumas horas e não posso me distrair agora. Não posso perder o meu foco e eu não irei.








[...] Me pego observando de longe e me dou conta de que ela está conversando distraidamente com uma das jogadoras novas da seleção italiana. Eu não daria mais de 23 anos para a garota a sua frente, ela tinha um sorriso bem alinhado e eu facilmente quebraria todos aqueles dentes expostos propositalmente para a minha mulher que nem rindo estava.

O ginásio estava lotado e a junção dos gritos, o alvoroço, a música e uma conversação sem fim ao meu redor mal me deixavam ouvir meu próprio pensamento. Não que de fato eu estivesse interessada em minha imaginação louca de que (Seu Nome) já teria levado aquela garota para a cama, quando na verdade ela era só a capitã confiante que estava contando piadas bobas para a sua jogadora nervosa.

Estou com Carol Gattaz ao meu lado e ouço ao fundo sua voz falando alguma coisa comigo, mas não me atento. Meus olhos estão fixos na maneira de como a líbero da Itália joga o cabelo pro ar enquanto o amarra em um rabo de cavalo perfeito e bem praticado. Ela ajeitou seu manguito, sua joelheira, o cadarço do seu tênis, o comprimento do seu short e quando estava se preparando para correr uma jornalista tomou o seu momento.

Ela sorriu simpática e logo estava dando uma entrevista natural. A única coisa que prestei atenção foi o sorriso forçado e seus dedos alisando seu anelar da mão direita sem aquele falso anel de compromisso que todos "viram" Alex dando à ela, me dando a certeza que a jornalista estava perguntando sobre isso em vez de focar no quão brilhante ela era em sua carreira.

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