Decisões.

665 71 22
                                    

– A senhora já esteve em dúvida entre duas pessoas?

– Depende do que signifique.

– Talvez eu esteja falando de... – dei de ombros procurando exatamente sobre o que eu estava falando, mas era uma estranha ali e eu poderia falar sem medo de contra-ataque. – Amor?

Perguntei me escorando na parede e ela pôs suas mãos na cintura, parecendo pensar no que diria. Para mim, seria mais fácil se eu simplesmente pudesse deletar algumas coisas da minha mente. Uma parte de sensações que eu definitivamente escolheria não sentir.

– Eu tenho duas filhas. – ela disse calmamente. – Como mãe. Eu amo as duas. Meu coração é divido em 50% para cada uma delas. Meu marido sabe disso. Eu o amo, mas são elas que compõem meu coração. – sorri com a confissão. – É possível amar duas pessoas, se essa for a dúvida.

– Eu não quis-. – suspirei, procurando fazê-la entender o que eu realmente queria dizer. – Eu não tenho filhos.

– Eu entendi o que quis dizer, querida. – oh. – Eu tive dois amores na adolescência. Um deles era a minha primeira escolha sempre e sempre. Jurávamos amor um ao outro e eu realmente achava que terminaríamos juntos, mas não. Eu me casei com o outro e aprendi a amá-lo mais do que amava ao outro. – foi ali que compreendi que ela não era daquelas senhoras que gostava de saber dos problemas. Ela gostava de contar os dela, como uma mulher sábia das situações. – E hoje, se eu pudesse voltar no tempo, eu faria a mesma escolha. Sofreria as mesmas dores e passaria por tudo de novo.

– Por quê? – perguntei confusa, era quase um absurdo ouvir aquilo. Por que não mudar se pudesse voltar?

– Porque meu marido me deu meus dois amores atuais. – as filhas. – Ele me deu duas meninas fortes e que dão cor a minha vida. Elas são meu orgulho e minha felicidade. Mesmo que as duas vivam longe de mim nos dias de hoje. – lhe olhei confusa, já pensando que haviam falecido. – Trabalham em outra cidade. – oh, claro. Concordei aliviada e ela sorriu me analisando de cima a baixo. – Caso esteja se perguntando se é errado, saiba que não é. Apenas dê tempo ao tempo.

Ela piscou franzindo seu cenho e ergueu suas sobrancelhas levemente me recordando de já ter visto aquele mesmo jeitinho em algum lugar. Fiquei lhe analisando e vendo que toda a fisionomia do seu rosto de recordava a imagem de alguém, ou talvez eu já tivesse a visto em algum lugar de relance.

– A senhora me lembra alguém. – confessei lhe olhando para ver se ela falava que eu era não era alguém estranho à ela e eu saberia que não estaria imaginando coisas.

– Se for alguém que você não gosta, sinto muito por isso. – sorri e neguei. Talvez fosse somente minha mente me enganando de novo. – Sabe, querida. A capacidade de amar é importante para as interações humanas na sociedade. É tão natural que a gente nem para pra considerar que algumas pessoas simplesmente não se sentem capazes de amar. Quando amamos demais nos culpamos por isso. Não se culpe. – assenti absorvendo suas palavras. – Mas, quer um conselho? Se você pode ter as duas pessoas que ama ao seu lado não desperdice a oportunidade. Pode chegar um momento em que seja tarde demais e só restará remorso. – eu ri. – Você é nova e muito bonita. Aproveite sua vida. Se eu pudesse ter dois homens...

Ah, meu Deus! Ok! – neguei minha cabeça fugindo do pensamento da mulher a minha frente com dois senhores da sua idade. Hora de voltar para as meninas.

– Não conte à minhas filhas. – pediu rindo.

– Não contarei. – cruzei meus dedos em sua frente e ela pegou em minha mão que estava aquele anelzinho de pato que Gabriela havia me dado mais cedo, ela o analisou e me olhou. – Eu estou com um dos amores e-.

Looking At YouOnde histórias criam vida. Descubra agora