Quer espionar?

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- Oi, mi cariño.

Franceschinelli atendeu o irmão, dirigindo seus passos até a janela de seu quarto e vendo o céu limpo embelezando o dia. Estava próximo do horário do almoço e o treino do Sub-23 feminino logo acabaria. A manauara havia feito alguns relatórios e finalizado a checagem de exames, organizou o cronograma de sessões com as jogadoras e já tinha deixado sua sala pronta para atender naquela tarde.

- Então, você vai aceitar não vai?

O garoto perguntou direto. (Seu Nome) sabia que aquilo o animaria facilmente e seria difícil o conter. O que se passaria em sua mente? Qualquer boa oportunidade era uma chance diferente de futuro, ainda mais para o mesmo que nem sabia o que queria ser quando crescesse. No outro lado da linha, o jovem de 15 anos corria seus olhos pelos inúmeros alunos andando de um lado para o outro, ansioso e nervoso com a resposta de sua irmã.

- E sua escola? E nossa casa? Sabe que teríamos que nos mudar de novo? Você está se dando tão bem aqui. Pensa só em toda complicação de uma nova mudança. Você odeia.

- Eu odiei vir para Saquarema, porque eu não queria sair de Berlim. - confessou. - Mas agora eu gosto daqui. Melhor ainda. Gosto de quem está aqui. - ela sabia a quem ele se referia e respirou fundo. - Eu quero ir. Eu nem tenho amigos nessa escola, posso me transferir numa boa. Lucas não conta. Nossa casa vai continuar sendo nossa casa. Temos o Vicente para ficar cuidando dela, eu confio nele. - referiu-se ao homem que era responsável pela jardinagem da residência. - A mantemos aqui como nossa. Em casos de novas convocações teremos a casinha prontinha nos esperando. Eu andei lendo melhor sobre como funciona isso tudo.

- Então, você viu que convocações são difíceis, hm? - falou e o garoto ficou calado. Sim, ele viu o quão concorrido e misto eram feitas as seleções. Batidas na porta atraíram a atenção da manauara que virou-se encontrando uma Gabriela toda suada e com a expressão cansada, mas tinha um sorrisinho no rosto. - Não seria só uma viagem, Christian. Teríamos que nos mudar de verdade. É algo sério, tanto para mim quanto para você. Até alguns dias atrás você nem sabia o que queria ser da vida e agora está mesmo pensando na possibilidade de ser jogador de vôlei?

Gabi fez uma rápida mímica dizendo que iria tomar banho e saiu da visão da fisioterapeuta a deixando com um olhar confuso. Ela pôde escutar uma leve bufada no outro lado da linha e ficou calada esperando a manifestação de seu irmão. O garoto estava a caminho do último ano e ainda não sabia o que queria ser, se iria fazer faculdade ou simplesmente existir. Isso incomodava (Seu Nome), ela também não queria botar pressão no mesmo, mas como responsável legal era preciso.

- O Zé me quer.

- Ele quer te usar, é diferente. Ele usou PJ e depois a Ziggy, você já deveria saber disso.

- Tudo bem, eu quero ser usado. - a mais velha saiu do quarto, o trancando e foi arrastando lentamente seus passos até o quarto 5. - Deu certinho, não é?

- Eu não sei, cariño.

- Achei que isso fosse te animar. Você vai continuar vendo a Gabi, a Meli vai continuar com a Nai e eu vou continuar perto da Rosa. Por favor.

Qual seria a dificuldade naquilo? Aparentemente nenhuma. Tudo estava dando muito certo e isso assustava a manauara. Pensar na possibilidade de ver seu irmão em quadra, como forma profissional, não lhe agradava muito. (Seu Nome) parou na porta do quarto 5, que estava aberta, e viu Mara Leão com um caderno em mãos riscando alguma coisa com muita concentração. A camisa 1 viu sua fisioterapeuta e a chamou para entrar.

- Fazer sua transferência e arranjar uma nova casa? Eu vou pensar muito, porque me parece tão trabalhoso e eu não queri-.

- Deixa disso! Sabe que o Zé pode fazer tudo isso com um estralar de dedos.

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