Estrelas.

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Silêncio...

O relógio aproximava-se das 5h da manhã. E o que fazer ali se não aproveitar o tempo para dormir? Era o que metade dos passageiros faziam e a outra metade usufruía do wifi liberado no avião. Bernardinho fazia algumas análises em vídeos de jogos ao lado de seu auxiliar. Havia muita convicção ali. Convicção e vontade. Aquele título estava tão acreditado.

Um momento de pequena turbulência agitou o interior do avião. Algumas pessoas acordaram assustadas, mas logo tudo passou a voz do piloto tranquilizou a todos. Nada que pudesse preocupar, era normalidade. Ainda assim não era algo que todos ali eram acostumados.

Montibeller que ainda estava focada em seu desenho, faltando pouco para finalizá-lo, intercalando sua atenção entre a folha e Franceschinelli, parou sua arte com a movimentação ao seu redor. As duas companheiras de assento da catarinense despertaram e a mesma guardou seu caderno de volta na bolsa.

– Você está bem? – a voz sonolenta de Gabriela soou.

– Estou ótima. – a loira respondeu, claramente sabendo que a pergunta não lhe foi direcionada. – Obrigada pela preocupação.

– Odeio turbulências. – a fisioterapeuta respondeu ajeitando sua postura na poltrona e sentindo seus ossos estralarem devagar. – Odeio mais ainda ser acordada no susto.

– As turbulências não são iguais as ondas? Tipo a agitação do céu e a agitação do mar?

– De longe sejam comparadas. – a manauara respondeu a neotrentina. – Pela lógica. Se o navio afundasse, nós sabíamos nadar. Poderíamos flutuar em cima de alguma coisa e tínhamos milhares e milhares de boias espalhadas pelos corredores. Aqui não há paraquedas para todos e nem tem pequenos aviões que poderia nos salvar. Se o avião cair... Eu sinto lhe informar que eu ainda não aprendi a voar. – deu de ombros.

– Boa lógica.

Gabi sussurrou consigo mesma. As três se reorganizaram, foram ao banheiro quem queria ir, se hidrataram, se cobriram mais ainda, a temperatura ainda não era favorável. Não foram as únicas a ficarem acordadas após a agitação do avião. Gabriela comeu de novo e fez a mais nova comer. Agora era Rosamaria que assistia a um jogo de voleibol, um dos jogos em que ela teve mais destaque na última competição usando a camisa da seleção.

A camisa 10 foi obrigada pela fisio a andar um pouco pelo corredor e logo foi obrigada a sentar quando as aeromoças começaram a observar a jogadora mais do que deveria e isso irritou a fisio. JuPaes passou ao lado das três gravando para a CBV e ficando alguns minutos com elas, fazendo algumas perguntas e descontraindo o ambiente tirando alguns sorrisos.

Tudo estava bem e tranquilo.

Mas, por que não estaria?

Montibeller observou que (Seu Nome) estava novamente divagando com seus olhos observando o lado de fora do avião, da mesma forma que ela estava algumas horas atrás. A mais nova batia seus dedos de forma leve na janela, vendo a imensidão escura com pequenos brilhos em destaque.

– Curiosidade. – Rosamaria quebrou o silêncio, ganhando a atenção das duas. – Sabiam que esse brilho que vemos, na verdade são as estrelas que já morreram? – apontou para a janela e o brilho distante chegava timidamente passando pelo céu, agora limpo. – As estrelas que estão vivas só vamos ver quando morrerem.

– Saber disso degradou minha alma. Obrigada. – Gabi respondeu e a loira sorriu. – Imagina só, . Elas já se foram há tanto tempo que não fazemos ideia do quanto viveram e ainda assim estão... Vivendo? – a mais alta curvou seu rosto pensando na fala da ponteira.

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