Cuidados - Parte II

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– Agora sim, vocês ganharam a minha atenção.

Zilio disse ganhando o olhar de (Seu Nome) por alguns segundos antes de voltar a encarar Montibeller. Ela não tinha muitos critérios contra seu irmão, mas ela tinha uma regra. Uma única regra: nunca, por hipótese alguma, os Estados Unidos seria uma opção. Passar alguns dias de férias? Ok. Conhecer alguma cidade? Ok. Mas, estudar? Morar? Havia um limite. Era mais fácil controlar 15-30 dias de medo do que 5-8 anos.

– Antes que você surte. – Benoist levantou a mão. – Eu sabia. – se ela acha que aquilo poderia ajudar ela se enganou. – Não podemos nos privar de uma situação para sempre. Só porque aconteceu com a gente não significa que vá acontecer com ele.

Todas que estavam naquela sala sabiam do que houve no passado das duas. A questão mesmo era: quem não sabia?

– Você está se escutando? Logo você? Como pôde?

– Eu vou estar com ele em todos os momentos. – insistiu com a voz firme. – A gente tem que viver, (Seu Nome), o que quer que eu faça? Nos prenda em uma caixa de mental e nos jogue em meio ao oceano? Eu tenho medo também. Eu sei. Mas eu não posso deixar de viver essa segunda oportunidade que a vida me deu. Deu para nós duas.

– Isso não significa que podemos ficar brincando com as nossas vidas por aí.

– Nós brincamos com a nossa vida todos os dias! – rebateu. – Quando dirigimos. Quando tomamos banho. Quando comemos. Quando vamos dormir. Há risco em todos os cantos e em todos os instantes.

– É diferente.

– Oh, então não faremos nada?

– MEU IRMÃO NÃO VAI ESTUDAR EM UM MATADOURO E NEM VOCÊ! – gritou enfurecida assustando a todas menos Melissa.

– Eu também não queria, mas quando eles conversaram comigo a Rosa me mostrou que-.

– A Rosa? – riu com desdém. – Está brincando comigo? – olhou para a oposta. – Você sabia disso e escondeu isso de mim?

– Há alguns poréns nisso tudo, não é como se tivesse surgido do nada-.

– Eu confiei em você, Rosa! Onde você enfiou a porra da promessa sem segredos, uh? Por que não me falou? Eu entendo ele esconder isso e eu entendo a Melissa esconder isso, mas você... Nós tínhamos um acordo.

– Não era a minha intenção! – se defendeu.

– Você! Mais do que qualquer pessoa que está aqui nessa sala sabe que não se trata só de uma localidade. Não se trata só de um país específico. Eu te contei coisas que eu nunca contei para nenhuma delas e você sabe. É por isso que eu entenderia o pensamento deles, mas não o seu.

– Tudo bem se quiser ficar presa em seus traumas para sempre, mas não tem que prender seu irmão junto com você.

– Quero todo mundo fora desse apartamento. Agora!

– Nós não-.

– FORA!

Quando adolescente, (Seu Nome) dizia para si que as regras foram feitas como testes humanitários. Tudo aquilo que é "proibido" metaforicamente é correto. Quando você não pode fazer algo ou ir a um lugar ou ver uma pessoa... Aparentemente aquilo se torna mais atraente para você. Talvez nem seja algo que você queira, mas a partir do momento em que vem um não, você quer o sim.

Ela não surtaria por aquilo. Todo o seu subconsciente sabia disso. Ela respirou fundo e abriu seus olhos, se deparando com todas a encarando esperando por uma explosão, mas não faria aquilo. Por mais que odiasse, ela entedia. A Melissa Benoist de seu subconsciente tinha razão, ela não deveria prende-se ao trauma para sempre. As coisas estavam indo bem... Por que insistir no que a prendia?

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