Rolling In The Deep - 2/5

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Leves toques surgiram na porta do quarto 8, já no CDV, e a fisioterapeuta virou se deparando com a camisa 10, que tinha um sorriso diferente em seu rosto. Gabriela baixou seu olhar para o chão limpo do quarto, estava mais interessante do que a expressão de culpa que (Seu Nome) carregava. Fazia alguns dias que ela havia contado sobre aquele sábado e na noite anterior, na cidade, a ponteira viu quando as duas chegaram ao hotel.

Aquela era uma guerra que ela não queria participar, não adiantava.

- Você sumiu ontem. - a ponteira adentrou o quarto de forma tímida. - Fiquei preocupada, porque estava meio bêbada.

Tentou soar divertida, mas a mais nova não conseguia rir. Vários xingamentos de várias línguas rondavam por sua cabeça, amaldiçoando a si própria. (Seu Nome) inconscientemente cruzou seus braços levando uma de suas mãos a boca e mordeu a ponta de seus dedos. Gabi prendeu a respiração, havia uma chama acendendo em seu coração, chegando num ponto de febre que poderia facilmente lhe tirar de uma escuridão. Ela, finalmente, podia vê-la, ali, em claridade, como um cristal, vulnerável as próprias consequências. Poderia lhe dizer: "Vá em frente e me abandone. Eu vou expor todos os seus podres.", mas aquela não era Gabriela Guimarães. Ela nunca faria aquilo com (Seu Nome) D'Angel.

- Gabi... Eu fiquei bem.

- Tenho certeza que sim. - os olhos da fisioterapeuta subiram confusos e a mineira esmagou seus dedos, controlando-se para não cuspir sua raiva ali. - Eu vou ver meus pais amanhã, já falei com o Bernardinho e acho que vou passar uns dois dias fora.

- O quê? Por quê? Aconteceu alguma coisa?

(Seu Nome) referia-se aos pais e até mesmo ao cachorro da mineira, mas a preocupação entoou como um questionamento falso aos ouvidos da ponteira. Ela realmente se importava? Pela primeira vez, Gabi estava incomodada com a presença da manauara, e lhe incomodava mais ainda sentir-se para baixo de certa forma. Ela pensava que aquilo chegava a ser infantil.

- Só estou te avisando, não queria ir sem avisar. - virou seu corpo e já ia sair do quarto, deixando a fisioterapeuta totalmente confusa.

- Você vai agora? Tipo, agora?

- A gente se fala quando eu voltar... Talvez.

- Gabriela?

A camisa 10 saiu do quarto sem falar mais nada, engolindo sua raiva, mágoa, ou seja o que fosse. Ela não estava gostando de sentir. Um erro é compreensível, mas dois... Ou houve outras vezes? Sua mente martelava que sua atitude estava sendo infantil, mas ela não recuou em nenhum momento.






- Ela te odeia.

A camisa 3 e a fisio estavam na academia. Rios já fazia seu pré-treino e a manauara a acompanhava. Era estar ali ou estar revisando as documentações com Bernardinho, então... Algumas pedaladas na bicicleta elétrica lhe pareciam tranquilas, diante dos últimos acontecidos, ela queria o máximo de distância que podia do técnico.

Franceschinelli parou o aparelho e se dirigiu a outro, encarando a paraense que fazia agachamentos carregando um dos pesos medianos que havia ali. A todo instante a fisioterapeuta a instruía sobre as atividades, não deixando de certamente fazer seu trabalho, orientando no físico da jogadora. A fala de Naiane referia-se a Gabriela, obviamente, já que ela sabia que Rosamaria não tinha raiva da fisio, apenas estava muito chateada.

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