Capítulo 10

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Sabe, o difícil de ter uma doença mental é que esperam que você aja como se não tivesse nada.

Nina

Eu estava dormindo quando senti alguém passar a mão  em meu rosto.
Mas eu estava cansada demais.

-Nina vim pra te levar pra casa.

A última vez que ouvi essas palavras de Salvatore foi quando eu fui sequestrada.
Eu estava no inferno e ele me resgatou.
Mas como se pode tirar a garota do inferno quando ele está dentro dela.

Eu abri meus olhos e não acreditei que Salvatore realmente estava aqui.

- Ele me amava, ele me amava tanto- eu já estava chorando-  Ele queria uma família comigo

- Eu sei Nina, todo mundo sabia.
Vamos pra casa querida.

- Lorenzo

- Ele que me ligou. Pietro vai pegar sua mala. Salvatore vai mandar suas coisas depois.

- pegue a mala com meus diários também Piu.

- onde está sua bolsa e telefone Nina.

- em cima da cômoda.

- onde está Lorenzo?

- ele falou que você não suporta olhar pra ele.
Nina aconteceu mais alguma coisa?

- Não consigo olhar pra ele e não ver o homem que matou o amor da minha vida.- eu voltei a chorar.

Salvatore me pegou no colo, eu coloquei meu rosto em seu pescoço enquanto chorava.
Quando o carro já estava em movimento olhei pra trás Lorenzo estava em pé da janela do escritório.

Nós tínhamos tudo pra ter dado certo, eu poderia ter amado ele e formado uma família com ele. Mas eu não conseguia.
Não quando ele tirou os últimos dias de Luigi, os últimos dias do amor da minha vida.

- Não quero ir pra casa dos meus pais.
Quero ir pro nosso quarto em sua casa.

- Não pretendia te levar pra outro lugar que não fosse nossa casa Nina.

Quando chegamos em casa estava tudo em silêncio.

- Raika não sabe que fui buscá-la. Falei que tinha negócios urgentes. Porque não dorme um pouco.

O dia estava começando a clarear. Eu fechei as cortinas e deitei na cama.

Eu acho que estou ficando louca porque eu podia senti sua presença, seu cheiro.

-Eu te amo Luigi.

Eu acordei com Salvatore e Raika falando baixo no quarto.

- Ela precisa comer Salvatore.
- ela precisa descansar meu anjo.
Chamamos ela na hora do jantar.

Como eu não sentia fome resolvi fingi que eu estava dormindo.
Assim que eles saíram eu fui ao banheiro fiz xixi e voltei.
Desde que comecei a ler os diários de Luigi eu descobri que o SE era uma das palavras mais perigosas do mundo.

E SE nós tivéssemos casado
E SE eu tivesse tido um filho seu
E SE ele tivesse confiado em mim

Mas eu sabia que qualquer qualquer um deles teria me feito sofrer menos do que estou sofrendo agora.

A noite quando Raika entrou no quarto eu ainda estava sem fome.

- Nina você precisa comer. Tenho certeza que Luigi não escreveu tudo isso pra te machucar.
Ele fez pra que você soubesse o quanto era amada.
Talvez eu esteja errada mas acho que ele escreveu pra se despedir e te libertar.

- Eu estou com sono.

- mas vai jantar primeiro, você nem viu as crianças.

- Não estou com fome. E estou com dor de cabeça no momento.

Eu me sentia horrível, mas eu não queria ver as crianças. Eu os amava, mas nesse momento eu só queria ficar sozinha.

Raika saiu do quarto.
Pouco tempo depois Salvatore entrou no quarto com uma bandeja.
Ele falou que não sairia se eu não comece.
Com muito esforço consegui comer um pouco, e tomar metade do suco.
Salvatore colocou umas frutas e uma garrafa de água na mesinha de cabeceira.

- Nina eu nunca teria te dado os diários se soubesse que eles te fariam tão mal.
Eu achei que você gostaria de saber que ele sempre amou. Eu sempre soube só não entendia suas escolhas e agora que sei os motivos tenho muito orgulho dele.

- Eu não aceito a forma que tudo acabou. E foi minha culpa. Eu deveria ter dito não.

- Não carregue culpas que não são suas Nina.
Eu sei o mal que isso pode causar. Porque eu as tenho. Sua mãe não sabe que você está de volta. Ninguém sabe. Você quer que eu avise.
Ela vem aqui amanhã de manhã.

- Não quero ver ninguém.

Assim que levantou ele levantou eu pedi que ele apagasse a luz.

- Nina eu vou vingar meu irmão, eu ainda não fiz porque você estava lá. E eu te garanto a morte de Lorenzo não será bonita.

Então ele saiu

Luigi e Lorenzo morreriam por minha culpa.
Se eu tivesse dito não a proposta de Lorenzo, Luigi estaria vivo, e Lorenzo continuaria a viver.

E eu achando que não poderia piorar.
Quando acordei Raika estava com uma bandeja já era 1 da tarde eu não queria comer.
Mas depois de muita briga. Comi metade do risoto é um pouco de água.


-feche as cortinas pelo amor de Deus.

- Nina preciso te ajudar a tomar um banho o médico está a caminho. Mas antes eu queria que você tomasse um pouco de água. Seus lábios estão sangrando.

Eu olhei pra ela porque nada fazia sentido.

-Eu tomei banho ontem antes de Salvatore me buscar.

- Nina faz quatro dias que você chegou.
Venha vou te ajudar a tomar um banho. Minha vez de te mimar como você fazia na minha gravidez.

Eu não queria sair da cama.
Quando entramos no banheiro a claridade fez minha cabeça girar e meus olhos arderem.
Raika lavou meu cabelo, ela contava de como as crianças estavam espertos.
Eu me sentia bem com o silêncio.

Quando voltei pro quarto alguém havia trocado as roupas de cama e limpado tudo. As cortinas estavam abertas.

Eu gostaria de continuar lendo os diários de Luigi, mas Salvatore do ia me entregar um a um conforme ele achasse que eu era capaz de lidar com eles.
Eu até queria brigar, mas eu não tinha forças.
Eu só sabia chorar.

Eu vesti um pijama longo e Raika penteou meus cabelos e passou uma pomada em meus lábios.

- tome mais meio copo de água. Você está muito desidratada Nina.
Eu achei melhor que você fique um pouco no soro. Doutor Luciano está trazendo o medicamento que pedi.


A noite eu ainda estava no soro.
O médico havia voltado com os resultados preliminares dos meus exames.
Eu não faço ideia do que ele quis dizer com seus termos médicos.
Na verdade eu só queria ficar sozinha.
Na escuridão do quarto eu me sentia melhor assim.

Eu estava quase dormindo quando ouvi a voz de Luigi.

- De conchinha amore mio.

- não Luigi, eu durmo de barriga pra baixo

- de conchinha amore, você sabe que sou carente.

Então eu dormi quando senti ele beijar meus cabelos.

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