Capitulo 103

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John cochilava ao lado do leito do pai.

Havia ficado com ele desde que o encontrara desacordado no salão de jantar.

Acreditava que o pai tivera uma elevação rápida de pressão, por isto a vista turva, a dor na nuca e a sensação de náusea quando voltou a si.

Sua mãe, Elise, Lady Baldwin, tia Bess, e até mesmo Portia, já haviam se oferecido para ficar em seu lugar enquanto ele comia algo ou tomava um banho, quem sabe dormia um pouco; mas John não conseguia sair do lado de seu pai, tinha a impressão que se ele virasse o rosto para olhar a janela, Andrew expiraria.

Andrew acordara e tomara uma canja, agora cochilava novamente tranquilo, sob o efeito da medicação.
Ele aparentava estar superando a crise, mas John sabia que ele estava frágil, e que qualquer emoção mais forte poderia desencadear outra, e ser até fatal.

—Meu irmão, vá comer alguma coisa, pelo menos tome um copo de leite —Sophie falava preocupada —Eu ficarei com ele enquanto isso. Estou descansada e não cochilarei, se esse é o seu receio.

—Obrigado minha irmã! —John agradeceu e admirou-a com carinho. Sophie tinha a beleza de Mary Ann, com o colorido de Andrew. Cabelos escuros como os seus, e lindos e expressivos olhos muito azuis. Era pequena e delicada como a Duquesa, e tão gentil e carinhosa quanto ela —Acho que terei de fazer isso, mas descansarei por apenas uma hora, já bastará.

—Sim, vá logo! Mamá e Elise em breve estarão aqui comigo —Ela disse beijando o topo de sua cabeça —E coma algo por favor, estás muito desfigurado.

John chegou ao seu quarto se arrastando.

Sabia que Sophie tinha razão, quando disse que ele devia se alimentar, mas ao sair da suíte do pai, só conseguia pensar em dormir.

Deitou-se de roupa e sapatos, atravessado na cama, e abraçou seu travesseiro.

Sua mente começou a vagar entre acordado e adormecido.

E seu corpo cansado, lentamente começou a relaxar.

Um sonho sem sentido, seguia-se a outro, e John virou-se na cama.

Outro sonho começou, e nesse ele abraçava Julia, e não o travesseiro.

Sentia o calor do corpo dela contra o seu, e o suave perfume de sua pele.
Dormiam juntos, como naquela noite fatídica do casamento de Agnes.

Ela acariciava seu rosto, e beijava seus olhos um de cada vez.

Desceu por sua face, depositando pequenos beijos carinhosos, até chegar a sua boca, que tomou em um beijo demorado.

John a abraçou apertado, murmurando que a amava, e Julia suspirava em seus braços.

Mas ela foi sumindo, se desfazendo, e ficando cada vez mais distante, até que ele já não a sentia, e nem ouvia a sua voz.

Julia se fora, e John sentiu frio.

Não enxergava nada, pois uma escuridão espessa o cegava.

Começou a ficar nervoso e com medo.

Um medo que ele nunca experimentou.

Dentro desta escuridão, ouviu a voz áspera de Henry.
Ele o confrontava como na noite anterior, o agredia.
John defendia-se, negando as acusações, e procurava por ele correndo no escuro.
Queria que ele parasse de xingá-lo.
John gritava que ele não queria roubar-lhe nada, que ele nunca quis mentir-lhe.

Henry apareceu na sua frente, de repente, de dentro da escuridão, e com um sorriso malicioso disse-lhe: —Não adianta se esconder John, todos saberão o que você é, até mesmo ela.
—Ela nunca será sua mulher! Julia nunca se casará com um bastardo!

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