Capítulo 66

192 28 27
                                    


O retorno para Mansão Alcott foi algo deveras sofrido para Julia, pois ela não sabia o que fazer.

Não sabia se consolava o pai, ou tranquiliza a avó, ou tentava comunicar-se de alguma maneira com Amanda, que jazia silenciosa e apática, sem demonstrar nenhum tipo de emoção. E muito menos algum fio de esperança de que havia se arrependido do que fizera a Agnes.

Por sorte, Jamie vinha em seu corcel Hércules, a meio galope atrás da carruagem, e não com eles, pois se assim fosse, talvez Amanda tentasse pular para fora, atirar-se à estrada, para evitar ouvir os xingamentos, que com certeza, o irmão estaria dirigindo a ela.

Mas, Julia sabia que uma tormenta se abateria sem piedade, assim que pusessem os pés no saguão da Mansão, e nem conseguia imaginar por quanto tempo se ouviriam os gritos e os empropérios, que seriam ditos na discussão, que duraria um bom tempo.

Só o que restava-lhe fazer, era subir com a avó, e acomodá-la da melhor forma possível em seus aposentos, e então servi-lhe um chá calmante; não permitiria que ela presenciasse e se afligisse pelo embate entre os três Alcotts que ficariam para trás, a resolver esta triste questão.
Lady Edwina já tinha tido emoções demais por uma noite; ela temia pela saúde de sua avó.

Julia também estava preocupada com a sanidade mental da irmã.

Amanda ia rapidamente por um caminho que talvez não tivesse volta.
Agindo sempre com hostilidade e violência, afastando-se cada vez mais da família e das pessoas que gostavam dela; aonde sua irmã pretendia chegar com tudo isso?
Que benefícios, tamanha maldade gratuita para com os outros, lhe trazia? Em sua mente, Julia não conseguia ver lógica para tais comportamentos, e sentia muita tristeza, muita pena da irmã.

                                         ♡♡♡♡♡♡♡♡♡

O doutor Philips pediu que todos o acompanhassem ao gabinete do Duque, aonde ele julgava ser mais próprio para explanar as condições de saúde do mesmo.

Agora, que todos estavam ali reunidos, John sentia todo peso do cançasso, e uma apreensão imensa ao ver o sofrimento nos olhos da mãe e de Elise, e também de perceber que além de seu irmão Henry, que estava muito abatido, sendo consolado carinhosamente por Louisa, sua mãe Joanne trazia os olhos vermelhos e estava de mãos dadas com seu tio Lewis, que também se encontrava muito triste.
Charlotte e Matthew estavam sentados juntos, e pela primeira vez em muitos anos, John viu o irmão secar, com seu lenço, as lágrimas de sua gêmea carinhosamente.

Robert jazia silencioso ao seu lado, assim como tia Bess, que fizera questão de permanecer junto da sobrinha e dos sobrinhos netos em um momento tão difícil; as crianças foram poupadas da noticia, pois não lhes faria bem ouvirem o relato do doutor, que poderia ser portador de más noticias e, assim, causar forte comoção emocional para elas.

Agnes não fora convocada, pois a mãe preferiu deixá-la descansar mais um pouco, garantindo que ela mesma contaria-lhe da doença do pai, assim que Agnes acordasse mais refeita da noite difícil que tivera.

O doutor começou falando o que John mesmo já falara, que precisariam esperar e observar as reações de Andrew. Talvez ele tivesse tido uma crise de falsa angina, o que não lhe causaria a morte imediata, mas sem dúvidas, mudaria sua vida dali por diante.
Ele precisaria afastar-se em definitivo de todos os compromissos, tanto de suas responsabilidades com o Ducado, quanto com o seu trabalho no Escritório de Investimentos, e dali por diante, teria de viver tranquilamente, com o mínimo possível de preocupações e o mais distante dos problemas que pudesse.

Ainda não sabiam com certeza de nada, pois o Duque poderia acordar em processo de plena recuperação ou apenas despertar, para com sorte, ter tempo de despedir-se de seus entes queridos.

Sou seu destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora