Capítulo 9

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Joanne acordou com as risadas de John e Agnes a sua volta.

Estavam ajoelhados aos pés da sua cama com a intenção de esconderem-se para assustá-la!
Mas como iriam assustar alguém fazendo aquele barulho todo? Pensou rindo.
Resolveu entrar na brincadeira fingindo que ainda dormia, e quando eles sorrateiramente se aproximaram, quem deu o susto foi ela, sentando ligeiro na cama e gritando: —"Buuuuuuh"!

Agnes gritou de volta e colocou as mãos no peito —Senhorita Archer!
E Johnny gritou e pulou em cima da cama para abraçá-la rindo muito—Te peguei mamã! 

—Sim me pegou meu amor! —E rindo deitou-se com Johnny abraçado por sobre seu peito! —Acordaram cedo! Tiveram besouros na cama hoje? —Dizia enquanto colocava Johnny de pé, ao lado da cama, e levantava-se.

—Não senhorita Archer —disse Agnes divertida —É que Mestre John estava com saudade, e hoje é dia de caminhar até o lago!

—Ah! É isso... —Sorriu beijando as bochechas rosadas de John —Vamos tomar o desjejum, e então iremos!
E virou-se para ir a sala de banhos, aonde fez o seu toillet matinal, e começou a se vestir.

—Poderia me ajudar Agnes? —Pediu olhando por cima do biombo que escondia a entrada do quarto de banhos.

-—Claro senhorita Archer! —Respondeu Agnes.

Joanne iria estreiar um belo vestido de dia, que era de um suave listrado de vinho sobre creme; tinha um decote canoa e mangas levemente bufantes seguindo a moda, o diferencial era a barra bem trabalhada com babadinhos franzidos. A cintura era marcada com uma cinta do mesmo tecido com uma fivela dourada.
Tinha tirado o modelo de uma das revistas novas que Milady encomendara.

—Como estou Agnes? —Perguntou —Não exagerei, pois não? —Falou insegura.

—De jeito nenhum senhorita! Está muito apresentável —Agnes afirmou.

Então com a ajuda de Agnes, Joanne escovou os longos cabelos, os trançou e os prendeu em um coque alto, colocando uma discreta presilha de marfim, que fora de sua mãe, abaixo do coque.

No salão matinal, Joanne notou a ausência de Milady, também não vira o Duque, mas ele talvez estivesse no escritório despachando.
Ela distraiu-se ajudando Agnes a servir Johnny e a planejarem a caminhada; estavam pensando em ir até o outro lado do lago, aonde Milady dissera ter um pequeno labirinto e um pomar, que ela ficara muito curiosa em saber quais frutas produziria.

—Vamos Agnes! Disse levantando-se da mesa alegremente —Irei perguntar a Milady se virá junto.

—E eu vou ligeiro por um casaco em Mestre John, parece estar muito fresco hoje, não acha senhorita?

—Tens razão —Falou subindo a escadaria— Aproveite e pegue meu xale e o seu. Nos encontramos no hall, não me demoro.

E virando- se, dirigiu-se a Ala residencial da mansão.


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Joanne timidamente bateu de leve na porta do quarto da Duquesa.
A porta se abriu, e ela olhou com receio para dentro, mas não viu Milady.
Então, entrando receosa, notou que o quarto estava sendo arrumado, pois a cama estava sem lençóis, e as janelas estavam abertas para ventilação; uma vassoura e um balde estavam encostados a parede. 
Já voltando-se para sair, ouviu risos e murmúrios que vinham da direção do quarto do Duque, e como que atraída por um imã, Joanne caminhou lenta e silenciosamente até a porta de ligação, aonde colou o ouvido.

Antes nunca tivesse feito isso!
Antes nunca tivesse entrado no quarto!
Eles conversavam alegremente, e beijavam-se.
Sim ela tinha certeza disso! 
Ouviu perfeitamente quando ele disse que a amava e que queria poder passar o dia ali, na cama com ela! E ouviu o suspiro de Mary Ann e o farfalhar de lençóis.

Saiu quase correndo!

As lágrimas praticamente voaram de seus olhos, sua mente girava e ela teve a forte impressão que iria desmaiar, coisa que nunca lhe tinha acontecido!

Resolveu correr para seu quarto.
Precisava se recompor, não podia aparecer assim na frente de ninguém! Ninguém. Repetiu para si mesma.
Entrou em seu quarto e fechou a porta a chave; começou a respirar cada vez mais ligeiro e ligeiro!
Parecia que nem todo ar do mundo poderia encher seus pulmões! 
Caminhou pelo quarto diversas vezes, apertando o estômago, mas a sensação que estava sentindo era de que a qualquer momento sufocaria!
Lembrou-se da jarra com água na sua cabeceira e sentou-se na cama para beber a água lentamente.
Suas mãos estavam trêmulas, e os olhos eram cascatas silenciosas que desciam por suas faces e molhavam seu colo.

Não tinha noção de quanto tempo ficara ali, sentada com o copo de água na mão a olhar para o nada.
Lentamente sua respiração foi voltando ao normal, às lágrimas secaram e o tremor nas mãos cessara.
Então seus pensamentos começaram a se ordenar, e ela deu-se conta de que o que estava acontecendo era a coisa mais natural do mundo!
A vida deles seguiria.
Seguiria normalmente...Eles eram casados, e se amavam!
Doía muito chegar a esta conclusão, mas era a verdade!
E mais dia menos dia iriam conviver novamente como marido e mulher.

Ela era a intrusa ali! Ela era o que sobrava.
A que não se encaixava no quadro daquela família perfeita! 
John se encaixava, ele era o filho tão amado... 
Até Agnes se encaixava! Constatou perplexa.
Menos ela! E nunca iria...
Uma lágrima silenciosa e morna brotou novamente e rolou livre por sua bochecha! Mas ela a secou, e levantando-se virou em direção ao belo espelho de corpo inteiro que tinha no quarto.

Viu-se elegantemente vestida, e achou-se até apresentável.
Será que em algum momento, nestes quatro meses em que estava ali, ela havia nutrido alguma esperança em relação a Andrew?

Buscou em sua memória e em seu coração, e começou a desconfiar que talvez, só talvez, ela tenha tido...
Muito disfarçadamente, talvez esta esperança houvesse infiltrado-se em seu coração, e se alojado, discretamente nele.
Mas que burra, que idiota, que...

Então, ali, olhando para sua imagem no espelho, Joanne tomou uma decisão!

E fez a si mesma um juramento.

Sou seu destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora