Capítulo 1

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Embora a comoção que sucedeu a descoberta de Mary Ann, o Duque ainda acreditava que poderia demovê-la da idéia de que ele deveria trazer o pequeno John, seu filho, para viver com eles em Greenleaf House.
Não conseguia imaginar uma maneira de convencer Joanne, a mãe do menino, de que a esposa exigia que o filho "dela" fosse levado para viver com eles.

E ser criado como filho natural... Dos dois.

Não, ela não concordaria, de maneira nenhuma. E se bem a conhecia, jogaria todos os pratos que tivesse em casa na sua cabeça.

Ah... Joanne! Sempre que lembrava dela, sentia um calor no peito e um nó na garganta. Tão linda! Tão naturalmente feminina! Tão alegre, animada. Joanne era forte, via-se de longe que era voluntariosa, mas extremamente bondosa e carinhosa.
Trabalhava lado a lado com o pai na pousada, e todos ali a respeitavam.

Ela errou apenas uma vez...e por capricho do destino fora com ele!

Sentia-se um pulha por ter esses pensamentos... essas lembranças...mas Joanne mostrou-se tão apaixonada, tão inocentemente sedutora, que ele apaixonou-se por ela também!

E de uma forma que nunca lhe acontecera.

Estiveram juntos apenas uma noite, mas ele jamais esqueceu da paixão que houve entre os dois.
Seu filho fora gerado naquela fatídica noite de tempestade em que teve que pernoitar na Pousada Archer.

Apesar de ser quase uma menina ainda, ela disse que queria estar com ele, por que o amava!

Disse que sabia que um dia ele viria a casar-se com uma jovem lady, e nunca com a filha de um estalajadeiro, e que ela jamais o veria novamente.
Por isso, ela queria estar com ele, e ter a oportunidade única de viver seu grande amor, e que todas as consequências deste momento, seriam para ela pura felicidade!
E ele sentiu-se tão seduzido por suas palavras e por sua beleza, que não conseguiu pensar em mais nada que não fosse tomá-la para si!

Mas, quando ela escreveu-lhe, um ano depois, dizendo que tivera um filho, ele quase enlouqueceu ao pensar no que isso resultaria em seu eminente casamento.

No entanto, ao ir visitá- la, na casa de uma amiga que a acolhera, ela disse que apenas desejava que ele conhecesse o menino e que se comprometesse com a educação dele, pois ao descobrir a gravidez, o pai a expulsara de casa e ela agora trabalhava como costureira, com a amiga, dizendo a todos no povoado, que era a viúva de um marinheiro.

Andrew lembrava-se com ternura do pequeno John...

Ele era lindo!

Um menino grande e cheio de saúde!

Ela insistira em que ele o pegasse no colo, dizendo: —Pegue seu filho Andrew! Talvez você não volte a vê-lo tão cedo.

Seus olhos estavam marejados, mas Joanne não deixou que uma lágrima caísse.

—Sim...passe ele aqui para mim...—Ele dissera, um pouco sem jeito.

O menino era extremamente parecido com ele; a mesma cor de cabelo e tom de pele, sem dúvidas John tinha os traços da familia Hewitt, mas tinha os olhos da cor dos olhos de Joanne, um lindo tom de castanho, claro e límpido, com o interior esverdeado.

—Ele é lindo Joanne! —Ele falara emocionado.

E então, ao lembrar-se destes momentos, Andrew sentiu em seus braços, o calor do corpinho do filho e o suave cheiro de limpeza que emanava de suas roupinhas.
Teve que admitir que estas lembranças o remeteram à sentimentos que ele tinha sepultado profundamente ao casar-se; e agora ali, sentado ao lado da cama da esposa convalescente, sentia uma saudade imensa do filho que mal conhecia.

—Mary Ann não posso fazer isso, entenda por favor! —Andrew argumentou impaciente.

—Mas e se eu falar com ela? De mãe para mãe, será que ela não me atenderia? Se eu pudesse mostrar a ela as vantagens...para ela e para nosso filho? Ela com certeza entenderia, ela pensaria no melhor para ele...toda mãe pensa em seu filho primeiro, não é?— Mary Ann perguntou, e o olhou fixamente, esperando sua resposta.

Andrew esfregava a cabeça com as mãos, e andava em volta da cama, sentia que estava enlouquecendo como Mary Ann, porque aquele comportamento sem dúvida era sinal de loucura.

—Sente- se aqui Andrew por favor! Você está me deixando tonta andando de um lado para o outro —Mary Ann reclamou.

Suspirando, ele foi até a cama, ao lado dela, e sentou- se derrotado.

—Meu amor —Ela disse abraçando-se a ele —Eu sei que isto parece loucura, mas sinto em meu coração que é o certo a fazer. Eu nunca...nunca lhe darei um herdeiro... —Disse suspirando triste.

—Não diga isso Mary Ann, eu não me importo... eu te amo...amo demais...Você é minha vida e isso é tudo que importa para mim! —O Duque disse segurando o rosto da esposa entre suas mãos, e focando fixamente em seus olhos chorosos.

—Mas eu preciso Andrew! Preciso ter um filho, nem que seja assim, criando o seu filho como se fosse nosso! —Mary Ann disse encarando-o—Eu já pensei em tudo; nós nos casamos e viemos para cá não é? —Mary Ann falou com os olhos muito abertos e com uma expressão febril.

—Sim meu amor... —Andrew disse suspirando —Mas o menino é mais velho do que o tempo em que estamos aqui em Kent! Pense, como justificariamos ter um filho de quase três anos e nunca termos comunicado o seu nascimento?

—Mas só nós sabemos disso Andrew! —Mary Ann exclamou —E nós podemos dizer que ele tem dois anos incompletos, ou melhor —corrigiu-se animada —Que ele nasceu de sete meses, sim é isso! —Concluiu com um largo sorriso—Isso é muito comum, todo mundo acreditaria —Mary Ann continuou—Ele nasceu de sete meses...era fraquinho; eu fiquei muito doente...Você ficou tão envolvido com tudo, que nem cogitou convenções sociais, e por isso não divulgamos o seu nascimento, esperamos...sim! Esperamos que ele se fortalecesse, e que eu melhorasse! Não é perfeito? —O olhou esperançosa e pedindo sua concordância.

—Meu Deus Mary Ann! Nós não vivemos sozinhos aqui! —O Duque exclamou nervoso —Esta casa está cheia de empregados, e todos eles sabem que não tivemos filhos, que nossos "filhos" morreram em seu ventre... antes de nascer!

Mary Ann começou a sacudir a cabeça e a gemer.

—Por favor Andrew! —Ela disse choramingando —Por favor! —E pondo as mãos na cabeça, a apertava com força dizendo: —Eu vou morrer Andrew! Sinto que estou me perdendo...me perdendo de mim! Por favor busque nosso filho! Busque nosso filho Andrew!!! —Gritou desesperada.

Andrew correu até ela e a abraçou, tentando consolá-la.

—Está bem meu amor! Está bem! Eu irei agora mesmo. Acalme-se Mary Ann...não chore!

—Busque meu filho Andrew... meu filho...Traga ele para casa... Eu não posso viver sem ele... —Mary Ann sussurrou entre soluços, enquanto Andrew a embalava como uma criança.

—Sim, sim... O "nosso filho" estará em seus braços em breve eu prometo à você meu amor! Eu prometo —Andrew dizia em desespero.

Não sei como farei isso, mas trarei "nosso filho" para você meu anjo...meu amor... Você jamais sofrerá assim novamente! Andrew pensou com tristeza enquanto a acalmava, ninando-a em seus braços.

Sou seu destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora