Capítulo 61

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A cena era tocante, sem dúvidas.

A jovem senhorita Baldwin, abraçando John, com todo seu carinho, enquanto todos em volta estavam visivelmente constrangidos pela sua demonstração desmedida de afeto.

A Condessa tinha o rosto transfigurado, estava muito vermelha e seus olhos pareciam que iriam fugir das órbitas.
Ela virou-se para Ian, como se pedisse que ele fizesse algo, mas Ian estava tão surpreso quanto ela, com a única diferença de que tinha uma expressão divertida no rosto.

Mas antes que ela pudesse tomar qualquer atitude hostil contra a própria filha, Mary Ann tomou a frente, e puxando Portia gentilmente pelos ombros, a afastou de John que também esforçava-se para ser gentil,

—Querida —Mary Ann começou —Vamos passar ao salão de refeições, sim? —E olhando para John, fez um gesto discreto com a cabeça para que ele ratificasse o que ela dizia.

—Claro mamá! —E tomando a mão de Portia, John levou-a aos lábios beijando-a gentilmente —Bem vinda senhorita Portia! —E sorriu simpático dizendo —Subirei para refrescar-me, mas nos veremos em seguida no salão —E fazendo uma mesura, dirigiu-se à escada que conduzia a ala íntima, não antes de relançar os olhos para Julia, que com uma expressão severa, desviou o olhar.

Era tudo que não precisava que acontecesse, John pensou contrariado, enquanto subia as escadas.
Mas ao mesmo tempo, sentiu um secreto prazer ao ver o ciúme nos olhos de Julia.

Portia parecia estar em um tipo de transe, concordou com a Duquesa sem emitir uma palavra, apenas com um aceno de cabeça, e seguiu silenciosa para o salão, acariciando a mão que John havia beijado.
Cordélia seguiu logo atrás sem olhar para ninguém, sua pele assumira um tom quase esverdeado, e tia Edwina teve a impressão de que ela iria desmaiar, de vergonha ou de raiva pelo comportamento da filha, isso ela não soube precisar.

—Por favor Julia, não repare no comportamento de Portia! —Elise falou em um tom de segredo —Ela é somente muito agradecida a John por tê-la curado de uma doença recorrente.

—Ora Elise, eu não posso fazer nenhum tipo de julgamento sobre esta moça, acabo de conhecê-la. —Julia respondeu evasiva.

—Claro Julia —Elise respondeu com um meio sorriso enquanto enlaçava seu braço —Mas sei que podes julgar meu irmão por essa cena que ela causou. E julgá-lo erroneamente!

—Jamais faria isso Elise. —Julia respondeu suspirando —A Jonh eu conheço...pelo menos acho que conheço. —E olhou triste para Elise.

—Por favor Julia! —Elise retrucou séria —Se existe alguém neste mundo em quem você pode confiar é John! —E olhando firme pra ela —Além de ser um homem excelente e extremamete honesto, ele te ama! Eu sei!

—Elise?...Como você... —Julia falou assustada.

—Como eu sei? Oras, porque tenho olhos e ouvidos, e modéstia à parte não sou tão boba quanto pareço! —Elise respondeu convicta —Não preocupe-se, John é um perfeito cavalheiro, e seja qual for o acerto entre vocês, ele jamais comentou com nenhum de nós.

—Perdoe-me Elise, eu jamais pensaria isso dele... -—Julia começou —Sei o quanto John é maravilhoso. Eu e ele nos amamos...nos amamos muito! Sei que posso contar com sua discrição, pois não?

—Claro que pode sua bobinha! —E segurando um gritinho de alegria —Eu sabia! Sabia —Elise não se conteve, e abraçou Julia ali mesmo, na porta do salão de refeições —Diga-me, quando irão se casar? Ele já falou com tio Frédéric? E tia Edwina? Ela já sabe? Deve estar muito contente! —Elise falava tudo ao mesmo tempo, quase em um único fôlego, com as mãos de Julia firme entre as suas.

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