Capitulo 80

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O clima durante o chá infelizmente não melhorara nem um pouco, Mary Ann constatou desolada.

Por mais que tentasse entabular uma boa conversa com Amy, tudo acabava em respostas monossilabicas e sem nenhuma simpatia.
Estava ficando sem ânimo para prosseguir, quando tia Edwina levantou-se de subto, e convidou Reddie a ver as rosas da estufa, que ela cultivava com cuidado e orgulho.

—Claro tia Eddie, vamos agora mesmo! —Agnes respondeu sorrindo, e foi seguindo tia Eddie pela porta a fora.

—Você vai adorar querida! Elas estão lindas. Tenho-as em cores variadas, você pode escolher algumas para seu bouquet se desejar... —Lady Edwina saiu falando, visivelmente animada.

Amanda pousou sua xícara no pires, e sem saber aonde descansar os olhos, passou a reparar nas unhas manicuradas, enquanto um rubor começava a cobrir-lhe as faces.

—Amy... —Mary Ann começou a falar suavemente.

—Vou poupar-lhe o trabalho Duquesa! —Amanda disse bruscamente —Sei porque está aqui, e porque vocês forjaram esta pantomima ridícula! —Despejou acidamente focando seus olhos castanho claros muito abertos sobre os olhos assustados de sua madrinha —Por isso, digo-lhe que perdeu seu precioso tempo Milady, eu não me retratarei pelo que fiz a sua... —E propositadamente salientou a palavra — filha! Por que não me arrependo de uma vírgula do que disse! —E num ato pueril de rebeldia, levantou-se e virava-se para sair ligeiro pela porta, quando Mary Ann a chamou severa.

—Amanda! Não ouse dar-me as costas e sair! —A Duquesa bradou —Sei que não foi esta a educação que Domenica deu-lhe!

Amanda parou imediatamente, antes mesmo de por a mão na maçaneta da porta, e virou-se lentamente para Mary Ann, com uma expressão confusa e assustada.

—Por acaso você, que se diz tão afeiçoada, tão saudosa de sua mãe, não percebe que tem feito tudo, tudo que vai totalmente contra o que ela ensinou-lhe! Tudo Amy. Absolutamente tudo contra o que ela acreditava. A maneira com que tem se portado Amy, vai diretamente de encontro a memória de sua mãe! Ou por acaso, você supõe que ela aprovaria suas atitudes? —Mary Ann fala triste.

—A senhora não pode falar... —Amanda titubeou ao dizer, engasgou-se com as palavras —Não sabe nada sobre ela... não  sabe o que ela pensaria... o que diria... —A afilhada respondeu com o semblante confuso.

—É claro que posso Amy! —Mary Ann aproximou-se de Amanda em dois passos e pegou firme em suas mãos —Eu conheci sua mãe intimamente! Fomos amigas desde que nos conhecemos, trocávamos idéias, eramos confidentes uma da outra! Ou você acha, que sua mãe pediria a uma completa estranha que fosse madrinha de sua filha? De sua filha primogênita? Uma criança que ela amou desde que soube que havia concebido?

Amanda sentiu seus joelhos falharem e os olhos queimarem pelo peso das lágrimas.
Sentiu o calor das mãos de sua madrinha, e este calor subiu por seus braços invadindo seu peito como uma onda do mar bravio.
Em lágrimas, abraçou-se a Duquesa, e muda chorou como uma criança.

—Isso querida... —Mary Ann murmurava em seu ouvido —Deixe tudo sair de seu peito... Livre-se deste peso que te sufoca Amy! — E com calma, a conduziu ao sofá.

Mary Ann acomodou Amanda de maneira que ela colocasse sua cabeça em seu colo, e o corpo sobre o sofá, e a aconchegou beijando-lhe o rosto, e murmurando palavras doces ao seu ouvido, enquanto a afilhada apenas chorava desolada, com a mão da madrinha presa entre as dela.

Pela primeira vez, Amanda deixava que alguém a visse tão devastada, tão desnuda e tão completamente frágil.

Essa era sua verdadeira face!

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