Capítulo 17

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A noite parecia que não teria fim.

Mary Ann insistira em ficar ao lado de Joanne até que esta despertasse, e foi o que fez, embora o Duque mesmo tivesse  oferecido-se para velar a enferma, ou lhe fazer companhia, ela negou veementemente argumentando que revesaria os horários de descanso com a senhora Finnes, que prontamente aceitou.

Enquanto estava ali, cuidando de Joanne, atenta a se sua temperatura subia, ou se ela murmurava ou gemia durante o sono, Mary Ann organizava seus pensamentos e seus sentimentos.

E concluiu que eles eram conflitantes!

Ela notava perfeitamente o efeito que a presença de Joanne causava em Andrew, e sofria com isso!
Sabia que o marido não era imune a jovem, mas não imaginara o quanto ele não era...
Os olhares para Joanne que ele tentava disfarçar, a concentração dedicada em cada conversação, o mau humor de semanas quando ela decidiu ajudar a melhorar sua educação e maneiras em prol de um futuro casamento, a má vontade em relação a visita do primo Lewis... Ela sabia o que era! Era um ciúme velado.
Talvez outras pessoas não percebessem, mas ela percebia. Tudo!

Mas sabia que a culpada era ela! Ela.
Ela mesma insistira que ele buscasse Johnny.
Ela mesma fez questão que Joanne ficasse!
Poderia ter dito não. Sim, um não! Um não absoluto. Definitivo. Mas jamais faria isso...
Sua mente gritava que era o que deveria ter feito.
Mas seu coração se apertava só de pensar em fazê-lo!
Separar um filho da própria mãe... Não poderia nunca mais olhar a imagem de si mesma no espelho, sem sentir-se a criatura mais baixa sobre a face da terra!

Apesar da situação deles ser tão absurda, Joanne não tinha culpa! Ela não queria estar ali, ela estava em paz e feliz com o que vida destinara-lhe.
Mas ela, Mary Ann, quis mudar o próprio destino!
Ela, Mary Ann, não aceitou o que lhe foi destinado.
E mudando o seu destino, acabou mudando o de todos também.
A sua atitude rebelde, trouxe Joanne para perto do seu marido, o que acabou trazendo à tona sentimentos que ele tinha sepultado fundo em seu coração; sentimentos que o confundiam.

Agora o que restava-lhe, era esperar que Joanne se restabelecesse, e que o primo Lewis pudesse se interessar sinceramente por ela. Lewis era um bom homem!
Se eles viessem a casar, Joanne seria feliz!
Era tudo que Mary Ann queria, que eles todos pudessem ser felizes.
E mesmo sendo de uma maneira tão inusitada, estariam sempre juntos, pois fariam parte da mesma familia!
E então, olhando Joanne com carinho, beijou suas mãos sussurando: —Acorde amiga! Acorde!

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Andrew acordou assustado!
O sonho que tivera fora perturbador.
No sonho, ouvia o choro de Johnny, mas não conseguia chegar até ele, caminhava pela mansão e de quarto em quarto o procurava, em vão!
A angústia que sentia era sufocante...

Então o sonho mudara para um dia escuro, com chuva e vento frio!
Estavam todos reunidos em um cemitério. E sepultavam... Joanne!Não! Não! Ele gritava no sonho.
Mas sua voz não saía...
Então, tudo mudou novamente e Joanne estava viva e de braços dados com Lewis!
E eles estavam sepultando...Mary Ann!
Não! Não!

Sentou-se na cama apavorado, suando.
Que noite horrível!
Tocou a sineta para chamar Brian, precisava de um bom banho, para poder se manter acordado e para esquecer a impressão do pesadelo que tivera, estava moído.

—Milorde deseja mais alguma coisa? Um chá aqui em seus aposentos? Ou prefere que eu peça para servirem em seu escritório? —Brian pergunta enquanto abre as cortinas e começa a recolher as roupas.

—Mas a Duquesa já tomou seu desjejum? —Pergunta Andrew do reservado —Achei que ela nem havia despertado ainda.

—Perdoe-me Vossa Graça, eu deveria ter-lhe dito no momento em que entrei em seus aposentos, a senhorita Archer despertou! —Fala Brian muito contente —Ela despertou ainda de madrugada e Milady permaneceu com ela.

—Que notícia ótima Brian! —Exultou Andrew —Assim que sair do banho irei ter com elas! Mande um chá completo para o quarto de Joanne. E desça agora! Apure este banho, vamos!

—Mas Milorde, o que eu quis dizer é que Milady e a senhorita Archer já tomaram o desjejum...é que Lorde...

—Sim? Tudo bem! Igual eu irei ter com elas e...

—Lorde Parrish levantou cedo, e lhes fez companhia... Inclusive eu soube por Jane, que soube por Lucy, que soube por Anne, que ouviu da senhora Finnes, que ouviu do próprio Lorde Parrish, que ele nem conseguiu dormir, de tanta preocupação com a senhorita e...

—Chega Brian! Eu já entendi... —Interrompe o Duque, impaciente —Por favor, providencie meu banho, já! —Diz e virando-se começa a se despir.

—Agora mesmo Vossa Graça! —Diz Brian, e some porta afora.

Não dormiu de preocupação! Sei...Tomando o chá com elas, e no quarto! Com as duas. Sendo gentil... sedutor... É um patife! Tenho que dar um jeito de me livrar dele! Ele tem que ir embora
Resmungou Andrew enquanto sua cabeça começava a doer.

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—Milorde, muito obrigado! —Dizia Joanne muito encabulada —Eu soube que Milorde me carregou até o quarto... —E corando continuou —E eu soube também, que por isso, sua camisa foi inutilizada, sinto muito...—Referindo-se a mancha causada por seu sangue.

—Não se preocupe com isso senhorita Archer! Apenas fiz o que qualquer gentleman faria —Respondeu sorrindo —E quanto a camisa, quem sabe a senhorita me faz outra? Soube que tem talentos para costura, pois não? —Pergunta com sincero interesse.

—Sim primo! —Responde Mary Ann —Joanne tem mãos de fada!— E pegando mais um biscoito —Ela faz os próprios vestidos.—Diz orgulhosa.

—Verdade? —Lewis pergunta admirado.

—Milady exagera Lorde Parrish! —Joanne diz vermelha —Eu apenas copio os modelos.

—Na minha humilde opinião senhorita Archer, a senhorita estava deslumbrante no jantar! —E focando no olhos de Joanne, continuou —E o vestido também estava muito bonito! —E sorriu de lado, percebendo que ela corava mais intensamente.

—O Senhor é muito gentil Lorde Parrish! —Joanne diz baixando os olhos.

—Joanne querida, acho que devemos deixá-la descansar, fazer seu toilette. Gostaria de um banho? —Pergunta a Duquesa com preocupação.

—Sim Milady, muito.— Joanne responde —A Senhora também precisa descansar. Deve estar exausta, não deveria ter passado a noite aqui! Não havia necessidade —Diz Joanne com os olhos úmidos.

—Você sabe o quanto eu "deveria" Joanne! — Mary Ann fala com os olhos nos de Joanne —Não se preocupe, eu estou bem! Vou mandar Anne para lhe auxiliar, e mais tarde venho ver-te e trago Johnny.

—Isso Milady! Vou adorar, estou com muita saudade! —Responde Joanne sorrindo.

—Se me permite senhorita Archer, eu gostaria de vir vê-la também! Posso ler para você. Se você quiser, é claro! —Lewis pergunta ansioso pela resposta.

—Me agradaria muito Milorde! Mas não quero ser um empecilho para o Senhor, por favor. Detestaria atrapalhar os planos que Milorde fez para os dias em que veio visitar sua familia —Joanne responde educadamente.

—De maneira nenhuma, será um prazer tornar sua convalescença mais amena e suportável! —Lewis fala com um largo sorriso e fazendo uma reverência elegante, beija a mão de Joanne mais demoradamente que o normal.

—Então, estamos acertados! —Mary Ann fala enquanto se despede de Joanne —Tome seu banho e descanse querida, desejo ver-te recuperada logo! —E inclinando-se, beija a fronte de Joanne com carinho.

—Obrigado Milady, por tudo! —Joanne sussura emocionada.

Após eles retirarem-se, Joanne recostou-se nos travesseiros sentindo todo seu corpo doer.
Ainda não sabia como sobrevivera, e agradecia a Deus em uma oração por ter sido com ela o ocorrido, e não com Agnes ou Johnny que gostava tanto de cavalos e costumava visitar as cocheiras.
Que horror!
Não queria nem pensar!
Mas aí lembrou-se do beijo de Lewis em sua mão.
Ainda sentia formigar a mão aonde ele tocara com os lábios tão macios...
Que sensação maravilhosa!
Será que ele a estava cortejando?
Nunca fora cortejada! Pensou...
Não tinha idéia de como era, mas se era assim, ahhhh! Era muito bom!











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