Prólogo

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Inglaterra, 1825

Ducado de Greenleaf, Kent.

O jovem Duque de Greenleaf estava em um momento crucial de sua vida.

Sua esposa, a bela e frágil Lady Mary Ann, acabara de perder seu terceiro bebê no espaço de dois anos.

Dois anos! Ele repetia essas palavras incessantemente para si mesmo, desde que o médico saíra pela manhã, cabisbaixo, após lhe dar esta terrível notícia, pela terceira vez, neste curto e doloroso espaço de dois anos.

—O senhor tem certeza? Quem sabe se formos passar uma temporada em Bath na minha propriedade de Roses Hill? Ela gosta muito de lá! Eu tomarei todos os cuidados...Não a procurarei por um ano se for necessário —Andrew falou com o rosto marcado pela angústia.

—Vossa Graça...Eu sinto muitíssimo! Eu ficaria extremamente feliz se isso fosse possível —O Doutor Gilbert argumentou pesaroso —Mas não há a mínima chance de vossa esposa gerar uma criança. Ela tem um problema em seu útero, ele não tem força para segurar uma gestação. Uma vez pode ser considerado normal, mas já é a terceira, e as gestações são breves, e a deixam cada vez mais fraca... Eu lamento, mas sua esposa jamais lhe dará um herdeiro.

Sim, ele sabia. Sabia que aquela fatídica notícia era verdade.

E ele era o culpado. Deus o estava castigando.

Sentiu o desespero da culpa o consumir com nunca havia experimentado na vida.

Levantou-se da sua cadeira de couro e saiu de seu escritório, pegando o copo com o whisky ainda pela metade, e subiu as escadas da mansão trôpego, mas não bêbado o suficiente para amortecer o sofrimento.

Ao entrar em seu quarto, deparou-se com a senhora Finnes, sua governanta, a administrar o láudano que o Dr. Gilbert havia prescrito a Mary Ann.

E ali estava ela. Uma das mulheres mais lindas que ele já havia conhecido.

Jazia entre os lençóis daquela cama tão grande. Fazendo com que parecesse menor e mais frágil ainda; e estava tão abatida... Pálida, os olhos fundos, os lábios descoloridos... logo ela que era sempre alegre e risonha.

—Aproxime-se meu amor... —Mary Ann falou num sussurro.

—Sim querida! — O Duque respondeu tomando-lhe a mão ao sentar-se na beira da cama.

—Não se impressione por me ver assim abatida! —Mary Ann disse, esboçando um sorriso tímido —Eu vou melhorar logo! — Falou ao ajeitar-se na cama com uma careta de dor —E logo poderemos tentar novamente, você vai ver meu amor, O Senhor nos abençoará com filhos; E filhas também! Não é Senhora Finnes? —Perguntou à governanta com olhos esperançosos.

Aquilo foi demais para ele, Andrew virou o rosto e lágrimas escorreram por suas faces livremente.

—Não chore meu amor! Não chore...—Mary Ann o abraçou apertado —Nós vamos passar por este momento doloroso juntos — Falou enquanto focava nele seus grandes olhos azuis.

—Sim minha querida! Sim meu anjo... —Andrew respondeu enquanto cobria seu rosto com beijos —Perdoe minha fraqueza, me perdoe... Agora deite-se querida e descanse, você precisa de sossego e paz para se recuperar bem.

—Isso mesmo Milady! Não é o momento para excessos ou demonstrações arrojadas de afeição. Milady está muito frágil ainda, e o remédio já já fará seu efeito, trazendo um sono reparador.

A senhora Finnes disse olhando de soslaio para o Duque, o que ele prontamente entendeu como um sinal para que saísse do quarto.

—Você ficará aqui comigo não é Andrew? —A Duquesa perguntou ansiosa.

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