Capítulo 3

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Andrew estava chegando a conclusão, irrefutável, de que havia sido amaldiçoado por algum ser místico que ofendera, claro sem ter a mínima idéia, e agora estava vivendo sob esse encanto maligno.

Era a única explicação que poderia dar para estar retornando à Greenleaf House com o filho e a mãe dele.

O Duque observava fascinado o carinho com que o filho era aconchegado por Joanne em seu colo, desde que saíram da pequena Silverthorn em direção a Greenleaf House, ele, Joanne e o pequeno John, e claro a babá Agnes, que caíra em prantos ao supor que não iria com sua senhora e seu amado Johnny, passar uns dias na casa de "parentes"do falecido marido.

Eles haviam chegado em casa felizes, poucos momentos após o término da tórrida discussão que ele e Joanne haviam tido, e ele não pode deixar de reparar o carinho do pequeno para com sua mãe.

—Mamã a senhola cholou? Puque? —Disse o pequeno John assim que entrou em casa correndo com um saco de maçãs maduras, e com Agnes, quase caindo por tropeçar no degrau.

—Não meu amor...Claro que não! —Joanne murmurou e inclinando-se, o pegou no colo e o abraçou apertado.

—Quem é o moço mamã? —Disse John apontando para Andrew.

—É o senhor... —Joanne começou encabulada.

—Sou Andrew Colton Hewitt, amigo de sua mamã! Prazer em conhecê-lo Mestre John! —Falou o Duque, aproximando-se com a mão estendida em um cumprimento.

—Plazer Senhor... —John respondeu timidamente, sacudindo a mão de Andrew com força.

—Mamã olha! —Empurrando Joanne e esperneando para descer do colo —Complei bem madula! —Disse John contente, mostrando o saco com as maçãs —Você faz a tolta agola?


Andrew não tinha tido a oportunidade de interagir com o filho ainda, mas reparara que ele era um rapazinho inteligente, alegre e saudável, e como Joanne dissera, era alto para a idade; e era natural que assim fosse, pois tanto ele, como Joanne, eram altos, John com certeza saíra aos pais.

Pais. Era a primeira vez que ele pensava neles dessa maneira, e sentiu-se feliz repentinamente.

Olhou novamente para eles, que estavam acomodados cochilando no banco a sua frente, e mais uma vez admirou a beleza de Joanne, que vinha trajando um belo vestido verde musgo, e uma capa cor de vinho que combinava com seu bonnet, e John estava trajando um terninho cinza claro com uma gravata azul marinho; ele não tinha dúvidas de que ela mesma fizera os trajes, e mais uma vez a admirou.

Correu os olhos entre a jovem e seu filho...e não pode deixar de reparar as semelhanças entre os dois; o traço dos lábios cheios... o arquear das sobrancelhas...o volume dos cabelos; se bem que de resto o menino era muito parecido com ele.
A cor dos cabelos, muito pretos, a pele branca, pálida até, os lábios rosados e as bochechas coradas, eram todas características da sua família, assim como a altura.

E sim, não poderia deixar de notar que aquele narizinho despontaria na juventude, porque era a marca registrada dos Hewitt, pensou sorrindo.

Logo seu pensamento voltou-se para em como Mary Ann reagiria a presença de Joanne, e isso fez sua coluna gelar.

Mas o que ele poderia fazer? 

Pegar John e sair correndo?

Dar um murro em Joanne e jogá-la no rio?

Essa última com certeza resolveria tudo, mas jamais consideraria algo tão repugnante.

Joanne era a mãe de seu filho, e uma mulher digna de admiração e respeito, e ele devia se ocupar em buscar corrigir todo mal que fizera a ela. Ela estava certa em ter-lhe dito aquelas verdades!

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