Amanda passara uma noite tranquila, apesar de tudo o que ocorrera.
Joanne fizera questão de cuidar dela a noite toda, e Deirdre e Anne dividiram as horas de vigília com a Viscondessa.
Quando já era manhã alta, Amanda começou a dar os primeiros sinais de que despertaria, e para que ela não se assustasse, Joanne falou-lhe delicadamente, a fim de orientar-se de aonde estava e o do que acontecera.
—Amanda —Joanne murmurou com carinho —Você passou mal ontem, e teve de ficar aqui em casa; estás acomodada no quarto de Julia —Joanne explicou-lhe enquanto percebia que ela estava dando-se conta do ocorrido, e tentava sentar-se na cama.
—Lady Parrish —Amanda disse com a voz embargada —Eu sinto muito! Eu não queria lhe causar este constrangimento. Perdoe-me, acho que devo voltar para minha casa casa imed...
—Não querida! De maneira alguma —Joanne a segurou, e delicadamente conduziu-a para que continuasse deitada —O Doutor Lawrence proibiu-lhe de grandes esforços no momento; você precisa repousar querida, por você e por meu netinho! —Joanne disse sorrindo feliz.
—O Doutor Lawrence? —Amanda exclamou apavorada —Ele disse...ele contou-lhe Milady? Contou-lhe sobre o ...
—Sim! Sim querida! Estamos muito felizes! —Joanne falou beijando-lhe as faces vermelhas de vergonha.
—Meu Deus!... Sou uma desgraçada! —Amanda virou o rosto chorando —Que vexame! Preferia estar morta a passar por tamanha vergonha!
—Mas o que houve querida? —Joanne perguntou apavorada, sem entender a reação de Amanda.
—Milady —Deirdre sussurrou a Joanne preocupada —Acho melhor chamar Mestre Robert, a menina está muito nervosa, talvez queira vê-lo!
—Sim Deirdre, tens razão! Chame-o agora mesmo por favor!
Robert entrou no quarto sem bater à porta.
Ao ver que era ele, Amanda parou de chorar e não sabia o que fazer, se corria porta à fora ou jogava-se pela janela.
Seu rosto estava tomado pela dor, e não tinha coragem de levantar os olhos em direção a ele.—Por favor mamá, poderia nos dar um momento de privacidade? Preciso trocar algumas palavras com a senhorita Alcott —Robert falou muito sério, com os braços para trás, em uma atitude impessoal.
—Sim filho, é claro —Joanne respondeu, e vindo em direção a Robert, sussurrou-lhe —Trate-a com carinho, ela está deveras fragilizada.
—Não tema minha mãe, eu serei gentil! —Robert disse beijando-lhe a mão —Obrigado por cuidar de minha noiva.
Depois que Joanne retirou-se, Robert deu dois passos para frente e segurou na guarda da cama.
Seu desejo era envolver Amy em um abraço e beijá-la até perder as forças, mas seguiria o que o cunhado o aconselhara na noite anterior.
Iria com calma, e deixaria que ela pensasse que ainda não a perdoara, deixaria que ela se retratasse, que se mostrasse arrependida; só então se mostraria magnânimo e a 'perdoaria', coisa que ele já tinha feito a muito.Apesar de estar com o coração partido por agir assim, ele tinha que dar atenção ao que James lhe falara, pois fazia sentido.
"Se ela não for dobrada pelo medo que tem de perder-te Robbie, ela será um caso perdido! E sempre terá esse egoísmo, e essa soberba a reger-lhe o coração, sublimando qualquer outro sentimento! Vá por mim cunhado, ela será sincera e amorosa, livre deste mau costume que tem de pensar que é o umbigo do mundo!"
—Estou aqui Amanda, pronto para ouví-la —Robert começou sério —Creio que tem algumas coisas a dizer-me, pois não?
—Sim Robbie, eu tenho muitas coisas a dizer-te! —Amanda começou levantando os olhos timidamente —Eu vim aqui para implorar a Julia que demovesse James e John desta ideia de casar-me com ele, com John! Eu jamais aceitarei Robbie! Jamais! Eu te amo Robert Lewis Parrish, e só me casarei contigo e com ninguém mais!
—Não me pareceu que você me amava tanto assim, quando te encontrei aos beijos com John no gabinete dele! —Robert falou com raiva.
—Eu estava louca Robbie! Queria prejudicar Julia! Eu fui injusta e cruel com minha irmã, e Deus tem me castigado por isso!
Eu fui punida severamente, mas eu reconheço que sou merecedora deste castigo. Há muito eu ajo erroneamente com Julia, e fiz coisas de que me envergonho profundamente —Amanda falava com todo seu coração —Mas tudo que eu sempre quis Robbie foi ser sua! Sua noiva! Sua esposa!
E eu já sou Robbie, eu já sou sua mulher, de mais ninguém.
Acredite em mim, meu coração e meu corpo são seus, só seus!
Por favor Robbie, me perdoe! Me perdoe, eu te imploro! Eu não poderei viver afastada de ti!—Amanda calou-se, sufocada pelas lágrimas e pela emoção.Robert sentiu seu coração galopar no peito, mas segurou-se um pouco mais.
Aproximou-se lentamente da cama e sentou-se ao lado de Amanda.
Olhou profundamente em seus olhos, e viu sinceridade neles.
Amanda tinha lindos olhos cor de mel, que adquiriam um tom esverdeado quando ela ria muito ou chorava, como agora estava fazendo, chorando em silêncio.
Suas feições delicadas sempre o tinham encantado, ela era bela sem dúvidas.
Robert admirava sua personalidade forte, e não queria que ela mudasse. Não a queria nula e sempre cordata; pelo contrário, a queria com iniciativa, com opinião e com gostos próprios.
Amanda era como um cavalo selvagem; tinha de ser livre para ser feliz, e se fosse 'adestrado' tinha de ser por amor, e não por força.
Assim como aquele animal de espírito livre e nobre, ela tinha que se permitir amansar, ela tinha de entregar-se de livre e espontânea vontade para poder ser feliz e realizada.
E Amanda nunca seria plenamente feliz se fosse presa ou forçada a algo.
E ele amava isso nela, e queria que ela continuasse a ser assim ao seu lado, sempre assim.Mas, também sabia, que ela precisava abandonar, por si mesma, este rancor e este desejo de vingança que só a faziam desesperada e infeliz.
Esperava que finalmente ela tivesse repensado sinceramente seu comportamento, e que dali por diante eles fossem felizes juntos; ela, ele e o filho que teriam.—Vejo que estás usando a aliança que dei-te —Robert declarou olhando em seus olhos —Gostaria que a tirasse, e que me devolvesse, por favor!
—Oh! —Amanda murmurou chocada —Você está no seu direito Robbie —Sussurrou em um fio de voz —Eu... eu fui longe demais...
Com tristeza, Amanda tirou lentamente o anel e, relutante, colocou-o na palma da mão que Robert estendera para ela.
Robert pegou a aliança em silêncio, e ainda olhando para Amanda, ajoelhou-se na beira da cama, tomou sua mão direita, e fez o anel correr novamente por seu dedo.
—Com esta aliança, Amanda Fiorella Rossi Alcott, eu a faço minha noiva, e assim como mandei gravar aqui neste aro, eu te repito: Meu coração é teu! E sempre será, até o fim dos meus dias e pela eternidade —Robert então beijou-lhe a mão, demoradamente.
Amanda chorava e ria ao mesmo tempo, e o puxou para que ela pudesse abraçá-lo como se o mundo fosse acabar ali, naquele momento em que seu coração explodia de felicidade.
—Eu te amo Robert Parrish! Te amo tanto que não consigo explicar! Obrigada, obrigada por perdoar-me! —Amanda dizia abraçada a ele.
—Amy, antes de qualquer coisa —Robert disse segurando seu rosto —Você vai me prometer que acreditará em mim; que me ouvirá antes de julgar-me, pois não?
—Sim! Sim Robbie, eu prometo!
—E que nunca mais irá tratar mal a Julia, nem a qualquer outra pessoa da forma como você a tem tratado; e nem como você tratou e humilhou Reddie na festa de casamento de Sophie, estamos combinados? —Robert a inquiriu com firmeza.
—Sim Robbie! Eu te prometo! Jamais voltarei a fazer isso, com ninguém! —Amanda respondeu olhando em seus olhos.
—Você me dá sua palavra de honra? Porque eu posso conviver com tudo Amanda, menos com injustiça e crueldade, isto eu não suportarei, fui claro? —Robert insistiu.
—Sim Robbie, muito claro! Eu jamais voltarei a agir assim, dou-te minha palavra de honra! —Amanda falou firme.
Então, com todo amor que estava guardado em seu peito, Robert beijou sua noiva apaixonadamente.
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Sou seu destino
Historical Fiction"Você me deve isso Júlia! " Gritou Amanda totalmente transtornada; "Eu amo Robert e é com ele que vou me casar! Você vai fazer o que eu estou mandando, vai me ajudar a fugir com ele." 'Sou seu destino' narra a história de três nobres familias, e de...