Capítulo 11

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—Sim Milorde! —Resolveu admitir —Eu fui lá hoje cedo, apenas para convidar Milady para o footing que costumamos fazer com Johnny —E disfarçando o constrangimento continuou —Mas ela não estava, então fomos sem ela! —Sorriu discretamente —Sou lhe grata por recuperar minha presilha Milorde! —Tentou desviar o assunto, pois notara que ele continuava focado em seu rosto como se pudesse enxergar as engrenagens de sua mente forjando mentiras!

—Que bom que pude lhe agradar de alguma forma Joanne! —Disse beijando-lhe suavemente a mão —Não gosto de vê-la aflita e muito menos sofrendo!

Seus olhos permaneceram firmes nos dela, como se quisessem transmitir a veracidade de suas palavras, como se quisessem garantir à ela que tudo que dizia era exatamente o que sentia, e não uma mera formalidade.

—O-Obrigado Vossa Graça! —Falou nervosa enquanto puxava a mão lentamente —Eu preciso ir! —E foi abrindo a porta —Johnny deve estar com fome!

—Nos vemos no jantar então? —Perguntou o Duque ansioso.

—Provavelmente! —E virando-se, saiu ligeira.

Andrew fechou a porta do escritório, e suspirou passando as duas mãos pelos cabelos, foi até a mesa e remexeu em todos os documentos que tinha planejado ler, assinar... mas sua cabeça estava zonza. Ela tinha esta capacidade de mexer com ele, de por seus sentimentos em ebulição!

Recostou-se na poltrona e fechou os olhos repassando mentalmente tudo o que vira e ouvira de Joanne nestes poucos momentos; ele sabia que ela estava mentindo! Como?
Ela desviara o olhar, sorrira disfarçadamente; estava impaciente e demonstrou estar magoda ao falar com ele, e eles já tinham passado desta etapa.
Eles costumavam conversar amigavelmente! E ele apreciava muito a companhia dela, até demais!
Ele só podia entender essas reações se tivesse sido rude com ela, ou a ofendido, ou...
Então entendeu que talvez Joanne estivesse com ciumes! Ciúmes por ter notado que ele e Mary Ann tinham dormido juntos.
A presilha estava caída próxima demais da porta de ligação entre os quartos.
Será que Joanne ouvira algo? Não!
Não podia acreditar que ela fosse abelhuda desta forma.

Mas ela não era ingênua ao ponto de não saber que um dia, em algum momento, ele e Mary Ann retomariam a normalidade de seu casamento...sua intimidade!
E sentiu-se novamente em um impasse.
Como viveria dividido entre o amor que sentia pela esposa e o amor que sentia por Joanne!

Como de costume, o jantar foi servido às seis e trinta, e a senhora Finnes estava, como sempre, atenta a todos os detalhes!

Mesmo estando apenas os patrões, e a"senhorita", por quem ela já adquirira uma certa tolerância, não era admissível que não se servisse da melhor maneira possível, era o correto!
E mantinha o staff treinado para que, em qualquer ocasião futura, soubessem exatamente como apresentar a melhor qualidade nos eventos que Vossa Graça por ventura viesse a dar.

E foi com esses pensamentos que ela havia caprichado no menu e na decoração da mesa, que contava com as rosas que Milady mesmo cultivara.

Joanne estava sentada ao lado esquerdo do Duque, e Mary Ann à direita, como já era o costume.

A mesa era enorme, mas a Duquesa preferia que jantassem próximos para que pudessem conversar.

Nestes jantares, Andrew era atualizado de todas as atividades do dia de Johnny e de seu desenvolvimento. O que aprendera, o que tinha feito de diferente, uma palavra nova que dizia ou uma habilidade que adquirira, como contar até quinze, desenhar Draco ou rabiscar o nome.

Ele adorava estes momentos!

Ficava encantado em como "elas" se davam bem, se entendiam!

Percebia que Mary Ann e Joanne complementavam-se.
Enquanto uma era imaginativa e sonhadora, a outra era prática e realista; mas ambas eram fortes e encantadoras a sua maneira, e isso o mantinha fascinado!

Seus olhos iam de uma para outra enquanto elas falavam, riam e perguntavam sua opinião sobre um assunto ou outro.

Hoje Mary Ann estava linda em um vestido rosa, e com os cabelos divididos ao meio, presos lateralmente.

Joanne estava deslumbrante com um vestido azul celeste, e com os cabelos trançados presos em um coque; reparou que ela não usava adorno algum a não ser a presilha de marfim.

—Querido —Mary Ann o chamou sorrindo —Eu gostaria de lhe falar sobre algo que eu e Joanne conversamos hoje a tarde —Disse enquanto tiravam os pratos, para servir a sobremesa.

—Fale querida! —Andrew respondeu enquanto virava-se para ficar totalmente atento às suas palavras.

—Joanne me pediu para que pudéssemos encaminhar a menina Agnes a uma Escola de Mademoiselles, para que assim ela possa estar preparada para futuramente ser preceptora de John com toda competência! O que acha? —Perguntou enquanto partia a torta de maçã, que era receita de Joanne, e havia se tornado um costume na mansão.

—Eu acho ótimo! —Andrew concordou sorrindo —Acho que será muito bom para Agnes e para John; mas quem tomará conta dele nesse meio tempo? —Indagou mastigando sua torta.

—Eu propus a Milady que dividissemos os cuidados com ele, e que poderíamos ser auxiliadas por Belinda. Ela é uma ótima moça, e a senhora Finnes disse que ela não se importaria em trabalhar na Ala infantil... —Respondeu Joanne cabisbaixa e sem tocar na sobremesa.

—Se vocês estão de acordo, eu não vejo mal algum! —Respondeu Andrew. E voltou-se curioso para Joanne observando seu comportamento, que considerou estranho.

—Mas tenho mais novidades querido! —Continuou Mary Ann animada —Joanne aceitou minha sugestão de lhe arranjar um casamento! Não é maravilhoso Andrew? Nós começaremos seu estudo de etiqueta, administração doméstica e língua francesa amanhã mesmo! Eu e a senhora Finnes podemos lhe ensinar tudo isso, mas eu precisaria que você falasse com Peter, para que designasse para ela um bom cavalariço, bem paciente para ensiná-la a montar, e claro, um animal bem manso.

Andrew custou a entender a que Mary Ann se referia.

Aula de etiqueta? Administração doméstica? Arranjo de casamento?

Para Joanne?

E olhou espantado para ela que continuava cabisbaixa sem emitir uma única palavra.

Para Joanne? A sua Joanne?

Ela queria casar-se? Queria um casamento arranjado? Sem amor?

Um casamento... Não...não podia ser!

—Isso é verdade Joanne? —Perguntou incrédulo para ela —Tem certeza que é isso mesmo que deseja?

—Sim Milorde! —Joanne respondeu num fio de voz, e levantando o rosto disse: —É isso mesmo o que desejo Milorde. —E seus olhos se nublaram de lágrimas.

Andrew pigarreou, moveu-se incômodo na cadeira, seu rosto estava vermelho; tentou dar mais uma garfada na sua fatia de torta, mas perdera totalmente o apetite!

—E então Andrew, falará com Peter sobre o cavalariço? —Insistiu Mary Ann, com um olhar firme sobre o dele.

—Claro meu amor! —Respondeu com um sorriso que não subiu aos seus olhos; E olhando nos olhos de Joanne continuou —Amanhã mesmo!

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