⊱⋅ Capítulo Quarenta e Dois ⋅⊰

541 96 592
                                    

“Perdoa,
enquanto o perdão ainda cura.
Escuta,
enquanto aquela voz não se calou.
Abraça,
enquanto ainda pode olhar nos olhos e sorrir.”
(Perdoa, Rayssa Peres)

”(Perdoa, Rayssa Peres)

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

13 de julho de 2020. Segunda-feira.

No domingo à noite, seu Ricardo e dona Solange foram ao culto, normalmente. Mas o homem fora embora logo após a benção pastoral, sem me dar tempo de ir até ele e perguntar como estava — o que me fez pensar em Tom.

Pensar em meu melhor amigo havia se tornado rotina. Não de um jeito normal, como se apenas me lembrasse de orar por ele por estar em coma. Eu lembrava de Tom em todos os momentos.

Quando olhava para a mesinha no canto da sala de estar, me lembrava de Senhor Dias, que eu havia deixado no quarto dele. Quando olhava para a mesa baixa do centro da sala, lembrava de quando fizemos a inscrição do ENEM. Consequentemente, pensava em minha futura profissão desconhecida, as palavras dele para mim quando conversamos sobre o Senhor ter me pedido para esperar...

Lembrava de Tom simplesmente ao olhar para a minha mesinha de cabeceira, onde guardava as cartas.

Não haviam novas correspondências para ler, então eu relia a segunda e a terceira, pulando a primeira. Só de pensar na primeira carta e na intensidade dos sentimentos de Tom expressos nela; no tempo em que ele os guardou para si, meu rosto corava.

Quando cheguei da escola na segunda-feira, fiz o almoço no modo automático. Às duas horas, desesperada para parar de pensar em Tom, liguei para Luiz e Carolaine. Eles estavam estudando, haviam acabado de chegar da faculdade, mas eu precisava me distrair.

De qualquer modo, acabei falando sobre Tom.

— Então você leu as cartas de novo... — A voz de Carolaine soou ao meu lado.

Eu estava deitada na cama do meu quarto, surpresa internamente com a minha incapacidade de ignorar os meus pensamentos. Dona Solange me veio à mente; agora, eu compreendia o sentimento de não querer falar sobre Tom, e mesmo assim tudo acabar caindo nele.

— E o que sentiu dessa vez? — perguntou Luiz.

— Li várias vezes — confidenciei. — Eu sinto tanta saudade dele. — Corei com meu pensamento seguinte, mas resolvi expor: — Sinto como se tivesse algo faltando dentro de mim.

Luiz e Carolaine ficaram em silêncio, o que me deixou nervosa.

— Tai, vou perguntar uma coisa. — Luiz anunciou, quebrando o silêncio. — Me promete que será sincera?

— Prometo — respondi, apreensiva.

— As cartas mudaram seu olhar sobre o Thomas?

Senti o estômago embrulhar. Respirei fundo.

O Escritor da História • Livro 01 | Duologia "O Escritor"Onde histórias criam vida. Descubra agora