⊱⋅ Capítulo Vinte e Cinco ⋅⊰

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"Espírito, enche a minha vida
Enche-me com Teu poder, pois de Ti eu quero ser
Espírito, enche o meu ser"
(Espírito, enche a minha vida/ Ao Único, Gabriela Rocha)

"Espírito, enche a minha vidaEnche-me com Teu poder, pois de Ti eu quero serEspírito, enche o meu ser"(Espírito, enche a minha vida/ Ao Único, Gabriela Rocha)

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30 de maio de 2020. Sábado.

Seu Ricardo era extremamente monossilábico.

Eu queria perguntar sua versão sobre o que eu lera na carta de Tom no dia anterior, mas sabia que ele não era muito de conversar.

Por isso, por volta das três da tarde, antes de sair de casa, decidi pedir reforços espirituais.

— Boa tarde, Papai — comecei, ajoelhada ao pé da cama. — Eu gostaria tanto de entender o que está... Estava acontecendo com Tom. O Senhor sabe que só quero ajudar. Talvez eu possa fazer alguma coisa. Por favor, prepare o coração do seu Ricardo para que ele fale comigo. Não sei se posso te pedir isso, na verdade, mas permita que ele abra um pouquinho o coração. Me ajude, porque não estou conseguindo sozinha — pedi, e finalizei a oração.

Pegar um ônibus até o Morada do Campo era quase que uma viagem interurbana. Ele passava por todos os bairros possíveis, até chegar ao citado. Quando desci do veículo, olhei para o céu. Estava nublado, ameaçando chover.

Esperava que o coração de seu Ricardo não estivesse daquela maneira.

Andei até o São Marcos, vendo que por causa de minha pressa em não perder o ônibus, tinha vestido meias de cores diferentes, uma branca e outra bege. Pelo menos não eram verde e laranja.

Quando adentrei o estacionamento cimentado do hospital, quase fui atropelada por um carro que saía. Pedi desculpas à motorista e continuei meu caminho. Chegando na recepção, me apoiei no balcão para falar com Tânia.

— Boa tarde, boa tarde, boa tarde! — falei.

Ela estava de costas para mim. Ao se virar, me olhou por cima do óculos que estava na ponta do seu nariz.

— Boa tarde, Taíse — respondeu, sem sorrir.

Tânia era séria.

— Você está linda hoje, Tânia — elogiei.

Ela não era tão jovem, devia ter mais de quarenta anos. Tinha cabelos pretos presos num coque baixo, pele parda e olhos castanhos.

— Obrigada — agradeceu, dando um meio sorriso.

Afastei-me do balcão, adentrando a sala de espera. Logo, avistei seu Ricardo e dona Solange sentados numas das cadeiras de estofado verde.

Antes que eu pudesse me dirigir até lá, ouvi:

— Olá, garota.

Olhei para o lado e encontrei um enfermeiro e fisioterapeuta que havia conhecido no dia anterior, George. Os médicos disseram que Tom não poderia ficar com o corpo totalmente parado, pois poderia atrofiar algum músculo. Por isso, todos os dias enquanto estivesse em coma, George cuidaria da parte física de Tom.

O Escritor da História • Livro 01 | Duologia "O Escritor"Onde histórias criam vida. Descubra agora