“Mas então
O tempo virou
E de repente eu me vi
Em meio a um grande temporal
Que me paralisou”
(Aguenta Firme, Paulo Neto)Foi tudo muito rápido.
Tom se levantando novamente. O carro se aproximando, nós dois notando. Meu grito. O olhar de Tom recaindo sobre mim, sobre o carro. Um freio sendo acionado de súbito, o impacto.
As minhas forças foram embora no momento em que vi meu melhor amigo rolar sobre o asfalto, afastando-se do carro já parado, ficando de barriga para cima.
Corri até ele, o guarda-chuva sendo levado pelo vento. Imediatamente, a água fria que caía do céu trouxe um arrepio ao meu corpo.
— TOM! — Ajoelhei-me ao lado dele.
A pele pálida do braço descoberto de Tom estava sendo tomada por uma cor rosada, graças à água que se misturava ao sangue. Havia um corte perceptível em sua testa. O sangue saía e a água limpava, saía e a água limpava.
Percebendo o líquido vermelho, tapei a boca com as duas mãos. Senti a náusea me envolver, mesmo que não conseguisse sentir o cheiro do sangue. As lágrimas se misturavam à chuva em meus olhos, fazendo-os arder. A vontade de correr dali quase drenou a minha preocupação com Tom, mas neguei que minha pernas se movessem.
Era o Tom. Eu tinha que ignorar aquele pavor.
Tirei as mãos da boca, direcionando-as ao rosto mórbido de Tom, voltando-o para mim.
— Não me deixe vomitar, não me deixe vomitar — pedi para o Senhor, sentindo meu estômago revirar. Olhei para o rosto branquelo entre minhas mãos, ignorando aquele corte na testa. — Tom! Tom, por favor, acorda! — gritei para ele. — TOM! Por favor! — gritei, sem obter resposta ou reação dele.
Levei meus olhos ao resto de seu corpo, sentindo meus cabelos molhados grudados sobre a minha cabeça e o meu rosto. Havia um vidro enfiado na sua coxa, onde a calça havia sido rasgada e o sangue saía. Meu estômago embrulhou mais uma vez.
Toquei seu rosto novamente, sem saber o que fazer, vendo que atrás de sua cabeça também sangrava. A água da chuva não era suficiente para fazer os machucados pararem de sangrar.
Meu Deus.
— Filho... — Ouvi a voz de seu Ricardo, baixa.
Voltei meu olhar ao homem, só percebendo naquele momento que ele estava ali, sentado sobre a calçada. Senti meu rosto ferver, a chuva contrastando com sua temperatura. A dor em em peito foi substituída por raiva.
— OLHA O QUE O SENHOR FEZ! — gritei, já tirando os olhos dele e pegando o celular em meu bolso de trás.
O motorista do carro, saindo dele apenas naquele instante, começou a se desesperar, perguntando freneticamente para mim se Tom estava bem.
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O Escritor da História • Livro 01 | Duologia "O Escritor"
Romance"Eu acredito que as promessas que Ele faz, Ele cumpre. Acredito que, mesmo que o Senhor me permita sofrer ainda mais, mesmo se esmagar e quebrar o meu coração, ainda assim estará lá para juntar os meus pedaços. Ainda que demore, acredito que um dia...