⊱⋅ Capítulo Dezesseis ⋅⊰

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“Mas então
O tempo virou
E de repente eu me vi
Em meio a um grande temporal
Que me paralisou”
(Aguenta Firme, Paulo Neto)

“Mas entãoO tempo virouE de repente eu me viEm meio a um grande temporalQue me paralisou”(Aguenta Firme, Paulo Neto)

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Foi tudo muito rápido.

Tom se levantando novamente. O carro se aproximando, nós dois notando. Meu grito. O olhar de Tom recaindo sobre mim, sobre o carro. Um freio sendo acionado de súbito, o impacto.

As minhas forças foram embora no momento em que vi meu melhor amigo rolar sobre o asfalto, afastando-se do carro já parado, ficando de barriga para cima.

Corri até ele, o guarda-chuva sendo levado pelo vento. Imediatamente, a água fria que caía do céu trouxe um arrepio ao meu corpo.

— TOM! — Ajoelhei-me ao lado dele.

A pele pálida do braço descoberto de Tom estava sendo tomada por uma cor rosada, graças à água que se misturava ao sangue. Havia um corte perceptível em sua testa. O sangue saía e a água limpava, saía e a água limpava.

Percebendo o líquido vermelho, tapei a boca com as duas mãos. Senti a náusea me envolver, mesmo que não conseguisse sentir o cheiro do sangue. As lágrimas se misturavam à chuva em meus olhos, fazendo-os arder. A vontade de correr dali quase drenou a minha preocupação com Tom, mas neguei que minha pernas se movessem.

Era o Tom. Eu tinha que ignorar aquele pavor.

Tirei as mãos da boca, direcionando-as ao rosto mórbido de Tom, voltando-o para mim.

— Não me deixe vomitar, não me deixe vomitar — pedi para o Senhor, sentindo meu estômago revirar. Olhei para o rosto branquelo entre minhas mãos, ignorando aquele corte na testa. — Tom! Tom, por favor, acorda! — gritei para ele. — TOM! Por favor! — gritei, sem obter resposta ou reação dele.

Levei meus olhos ao resto de seu corpo, sentindo meus cabelos molhados grudados sobre a minha cabeça e o meu rosto. Havia um vidro enfiado na sua coxa, onde a calça havia sido rasgada e o sangue saía. Meu estômago embrulhou mais uma vez.

Toquei seu rosto novamente, sem saber o que fazer, vendo que atrás de sua cabeça também sangrava. A água da chuva não era suficiente para fazer os machucados pararem de sangrar.

Meu Deus.

— Filho... — Ouvi a voz de seu Ricardo, baixa.

Voltei meu olhar ao homem, só percebendo naquele momento que ele estava ali, sentado sobre a calçada. Senti meu rosto ferver, a chuva contrastando com sua temperatura. A dor em em peito foi substituída por raiva.

— OLHA O QUE O SENHOR FEZ! — gritei, já tirando os olhos dele e pegando o celular em meu bolso de trás.

O motorista do carro, saindo dele apenas naquele instante, começou a se desesperar, perguntando freneticamente para mim se Tom estava bem.

O Escritor da História • Livro 01 | Duologia "O Escritor"Onde histórias criam vida. Descubra agora