⊱⋅ Capítulo Quarenta e Um ⋅⊰

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“Há uma música que cantamos em nossa lua de mel
Eu me lembro de todas as palavras, mas esqueci a melodia
Por que estamos fora de sintonia?
Vamos perdoar e vamos perdoar novamente
Estou estendendo a mão à minha melhor amiga
Vamos começar de novo?”
(Pioneers, For King & Country)

“Há uma música que cantamos em nossa lua de melEu me lembro de todas as palavras, mas esqueci a melodiaPor que estamos fora de sintonia?Vamos perdoar e vamos perdoar novamenteEstou estendendo a mão à minha melhor amigaVamos começar de novo?”(Pione...

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11 de julho de 2020. Sábado.

Logo depois do ensaio do grupo de louvor, por volta das seis horas da tarde, caminhei até a casa de Tom, em busca de sua mãe.

Desde o culto na quinta-feira da semana anterior, dona Solange estava muito estranha. Ela mal falava quando eu tentava conversar, e também não estava mais conversando com Tom no quarto do hospital, como fazia antes. Ela só ficava sentada na cadeira, silenciosa. Não mexia no celular para passar o tempo, nem nada. Apenas ficava quieta, imersa nos próprios pensamentos.

Naquele sábado, ela não foi ao apartamento do idoso que cuidava, pois ele iria passar pelo médico em Ribeirão Preto.

Toquei a campainha da casa de portão azul, sentindo um certo desconforto. Antes, eu não costumava ir à casa de Tom para simplesmente vê-lo ou falar com ele. Mas estava indo com regularidade agora, pelo fato dele não estar lá.

Demorou alguns minutos para dona Solange me atender. Ela estava vestindo um pijama de estampa poá, e os cabelos estavam arrepiados.

— Me desculpe por essa visão, Tai — disse para mim.

Ela parecia cansada e deprimida.

— Está tudo bem? — perguntei.

A mãe de Tom balançou a cabeça enquanto fechava o portão. Entramos na casa, que estava meio gélida, e ela respondeu:

— Acho que essa casa está me deprimindo.

— A senhora parece um pouco deprimida — falei, seguindo-a até a cozinha. Lá, dona Solange abriu os armários amarelos procurando por algo, e eu me sentei em uma das cadeiras da mesa. — Por que a casa te deixa triste? — perguntei, mesmo suspeitando da resposta.

— Eu fico lembrando do Thomas — respondeu. Ela pegou um pacote de rosquinhas de coco de dentro do armário e o colocou em cima da mesa. — Ele não ficava correndo pela casa, nem nada disso, mas sinto sua falta. Às vezes, Ricardo o erguia e o sentava aqui. — Ela deu alguns tapinhas em cima da bancada do móvel amarelo, de onde pegou a garrafa de café.

O espaço entre a bancada e o armário de cima era minúsculo, por isso concluí que ela deveria estar se referindo a um Tom bem pequeno. Com dezenove anos, meu melhor amigo era muito mais alto que eu. Eu precisaria crescer ainda um dedo para que o topo da minha cabeça alcançasse seu ombro.

Só que eu sabia que isso não aconteceria.

— Ficávamos conversando com ele. No caso, ele apenas ouvia. — Dona Solange continuou, rindo em seguida. — Era uma luta para fazer ele falar. Às vezes, assistíamos a algum filme na TV. Era sempre na Record, não sei por quê. — Deu de ombros, com um sorriso carregado de nostalgia no rosto. — Enfim, essa casa me faz lembrar dele.

O Escritor da História • Livro 01 | Duologia "O Escritor"Onde histórias criam vida. Descubra agora