⊱⋅ Capítulo Nove ⋅⊰

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"Leve embora os meus pensamentos
Pra bem longe, voar com o vento
Pra eu encontrar o meu sossego
Quero a paz que excede o entendimento
O amor que cura os meus medos
E me tire desse desespero sem fim"
(Meu Sossego, Thaiane Seghetto)

"Leve embora os meus pensamentosPra bem longe, voar com o ventoPra eu encontrar o meu sossegoQuero a paz que excede o entendimentoO amor que cura os meus medosE me tire desse desespero sem fim"(Meu Sossego, Thaiane Seghetto)

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02 de maio de 2020. Sábado.

Após aquela oração, meu pai mudou, e não para melhor.

Ele não estava bebendo para perder a cabeça. Não estava falando nem mesmo o necessário comigo, como antes. Quando chegava em casa, logo se deitava e dormia. Não via ele comendo em casa.

Eu não estava entendendo.

Era sábado, dia do aniversário do enteado de minha mãe. Taíse e eu teríamos que estar em Monte Claro às seis horas da noite. Porém, um problema havia surgido.

O plano inicial era que a irmã Lidiane nos levasse para lá, mas ela iria precisar se encontrar com um cliente em potencial em outra cidade. Então, recorremos ao irmão Geazi.

No entanto, o pastor Cristóvão precisava de um acompanhante para entrar no hospital; iria fazer uma visita a um parente de um irmão da igreja. Dos obreiros, o único disponível de imediato naquele sábado era o pai de Taíse.

Ela, então, sugeriu a solução por mensagem.

O seu pai poderia nos levar.

Olhei para o visor do celular por alguns segundos. Se não saíssemos dali a uma hora, não chegaríamos a tempo de participar da festa.

Faz um tempo que meu pai não dirige carro, Taíse. E não temos um.

Não tem problema. Falei com meu pai e ele deixou usar o carro dele — ela digitou de volta.

Respirei fundo. Não haviam ônibus rodoviários em Jardim Bonfim com destino à Monte Claro num sábado à tarde. Os únicos disponíveis circulavam pela manhã; recorrer ao meu pai era a única solução prática.

Andei até o quarto dele, onde ele estava. Abri a porta e encarei a escuridão, até conseguir distinguir seu corpo sobre a cama.

Senti um frio no estômago. Meu plano de tirar a carteira de motorista naquele ano nunca se mostrou tão necessário. Eu tinha quase vinte anos; deveria ter tirado com dezoito. Na época, no entanto, eu não tinha emprego e ainda estava no segundo ano do Ensino Médio.

Chamei meu pai, e ele se virou para mim. Não estava dormindo.

— O senhor pode levar à mim e à Taíse até Monte Claro?

O Escritor da História • Livro 01 | Duologia "O Escritor"Onde histórias criam vida. Descubra agora