⊱⋅ Capítulo Cinquenta e Quatro ⋅⊰

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PARTE TRÊS — THOMAS E TAÍSE

⊱⋅ Thomas ⋅⊰

“Entregou tudo em Minha mão
Derramou lágrimas sobre o chão
De joelhos me chamou de Pai
E do teu lado Eu te observava
Eu fiquei tão perto de você
Todo tempo a te proteger
Por nenhum momento Eu me afastei
Eu ouvi você, estou aqui pra te responder”
(Eu te Ouvi, Jonatas Fonseca)

“Entregou tudo em Minha mãoDerramou lágrimas sobre o chãoDe joelhos me chamou de PaiE do teu lado Eu te observavaEu fiquei tão perto de vocêTodo tempo a te protegerPor nenhum momento Eu me afasteiEu ouvi você, estou aqui pra te responder”(Eu te Ou...

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21 de maio de 2020. Quinta-feira.

Meu coração estava apertado.

Meu pai havia saído de casa no começo da noite anterior. Eu havia ido procurá-lo, e o encontrei junto de uma moça, às duas da manhã; mas ele não quis voltar para casa comigo. Saiu de moto pela cidade, me deixando com a moça.

Enquanto eu estava sentado no sofá da sala de estar, minha mente me torturava ao trazer à tona tudo o que acontecera, como se estivesse me obrigando a ruminar aquela madrugada.

Não fui ao trabalho. Estava tão preocupado com meu pai. Ele havia saído para dirigir, bêbado, mais uma vez.

Como estava chovendo, imaginei que ele tivesse ficado na casa de alguém. Esperava por isso. Acompanhado, tinha menos chances de algo ruim acontecer.

Se já não tivesse acontecido — e não teria como eu saber, pois ele não atendia ao celular.

Esperei-o até as quatro horas da tarde, horário em que eu deveria estar saindo do estúdio. Estava orando, cansado de tanto chorar. Até quando eu iria viver aquilo?

Eu não murmurava mais. Não acreditava que o Senhor estava atrasado e muito menos que havia me abandonado. Mas Ele estava vendo que eu não estava aguentando. Eu não conseguia ajudar meu pai. A única coisa que poderia fazer seria esperá-lo em casa, limpar seus vômitos e suas roupas.

Cada segundo do meu dia era uma tortura. E a noite anterior me machucara ainda mais.

Até que, naquela tarde, entreguei tudo ao Senhor, mais uma vez. Disse a Ele que poderia fazer o que quisesse, se fosse para que aquela situação acabasse. Ele poderia fazer qualquer coisa, contanto que tivesse misericórdia das nossas vidas.

Eu sabia que Ele ouvia as minhas orações. E aprendi que, se pedisse por misericórdia e livramento, assim Ele faria. Tinha certeza de que, em todos aqueles anos em que meu pai dirigira bêbado e saíra ileso, era o Senhor atendendo aos meus pedidos. Se pedisse por ajuda e cuidado, assim Ele faria.

Mas e se a única solução para ajudar meu pai fosse a dor? E se a única opção para fazê-lo abrir os olhos para sua situação, fosse algo ruim? E se o Senhor estivesse tentando me fazer parar de orar por misericórdia?

O Escritor da História • Livro 01 | Duologia "O Escritor"Onde histórias criam vida. Descubra agora