"Eu acredito que as promessas que Ele faz, Ele cumpre. Acredito que, mesmo que o Senhor me permita sofrer ainda mais, mesmo se esmagar e quebrar o meu coração, ainda assim estará lá para juntar os meus pedaços. Ainda que demore, acredito que um dia...
“Tem provações que a gente aguenta, porque Deus sustenta E nos dá força pra continuar Mas tem horas que o remédio É chorar pra aliviar o peito Não é fácil sossegar a alma Quando os olhos já não vêm jeito O coração se inquieta A esperança não mais nos alenta” (Tem Horas, Kemilly Santos)
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12 de setembro de 2020. Sábado.
Meu 12 de setembro começou com um terrível pesadelo.
Eu estava no hospital, e corria por um corredor. Mas ele nunca terminava. Não importava o quanto eu corresse, ou o quanto meus pulmões doessem, ou quanto minhas pernas se cansassem, o corredor nunca terminava.
Até que, num dado momento, uma porta surgiu diante de mim. O número era 14.
Entrei no quarto. Encontrei Tom sobre a cama, do mesmo jeito entubado. O quarto estava vazio a não ser pelo leito e o aparelho que marcava os batimentos cardíacos dele. Eletrocardiógrafo.
Mas o que me alarmou no sonho, não foram os bipes. Foi a ausência dos bipes.
O som da máquina era interminável. Um “pi" interminável. Até que me dei conta do que isso significava.
Acordei subitamente, dando um grito:
— TOM! — Atordoada, olhei ao meu redor e encontrei a escuridão. Percebi que precisava ligar a luz e assim fiz, vendo que estava trêmula.
Encarando minha cama, meus olhos começaram a ficar embaçados rapidamente, e me ajoelhei ao pé dela, já em prantos.
Comecei a repreender o mal sobre o meu sono. Havia dias que eu sonhava com esse mesmo pesadelo. O começo poderia ser diferente, mas todos acabavam da mesma forma: o pi interminável do Eletrocardiógrafo.
Levei o olhar para o meu lado direito, e encontrei meu tênis verde pastel. Jogado no canto do quarto, sem o bordado que eu deveria ter feito havia meses, ele me deixou ainda mais deprimida. Ele me lembrava Tom.
Como minha mãe tinha o sono leve, não me surpreendi quando ouvi a porta do meu quarto se abrir. Me virei para ver se era ela mesmo, e era.
— Teve outro pesadelo? — perguntou.
Dei-lhe as costas e voltei a chorar, assentindo.
— Misericórdia, Senhor — pediu ela, suspirando.
Minha mãe veio até mim e se sentou no chão ao meu lado, com um pouco de dificuldade. Se eu estivesse num bom dia, a lembraria que não era mais tão nova para ficar se abaixando de qualquer modo. Mas, como não estava, simplesmente virei para ela enquanto cruzava as minhas pernas.
— Senhor, meu Deus e meu Pai, quero me colocar em Sua presença nesse momento, junto da minha filha. — Ela puxou minha nuca para si, e eu descansei minha testa em seu peito, ainda chorando. — Quero repreender toda perturbação que está vindo sobre seu sono, porque não aceito que dentro dessa casa onde Tu és o Senhor, haja qualquer seta do inimigo, em nome de Jesus. Determino paz sobre sua mente e sobre o seu coração, para que ela possa terminar a noite. E vá de encontro ao Thomas, Pai. Mais uma vez peço que o Senhor devolva a ele sua vida, sem a ajuda de aparelhos ou qualquer outro objeto médico. Em nome de Jesus, amém — finalizou.