⊱⋅ Capítulo Cinquenta e Um ⋅⊰

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“Tem provações que a gente aguenta, porque Deus sustenta
E nos dá força pra continuar
Mas tem horas que o remédio
É chorar pra aliviar o peito
Não é fácil sossegar a alma
Quando os olhos já não vêm jeito
O coração se inquieta
A esperança não mais nos alenta”
(Tem Horas, Kemilly Santos)

“Tem provações que a gente aguenta, porque Deus sustentaE nos dá força pra continuarMas tem horas que o remédioÉ chorar pra aliviar o peitoNão é fácil sossegar a almaQuando os olhos já não vêm jeitoO coração se inquietaA esperança não mais nos ale...

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12 de setembro de 2020. Sábado.

Meu 12 de setembro começou com um terrível pesadelo.

Eu estava no hospital, e corria por um corredor. Mas ele nunca terminava. Não importava o quanto eu corresse, ou o quanto meus pulmões doessem, ou quanto minhas pernas se cansassem, o corredor nunca terminava.

Até que, num dado momento, uma porta surgiu diante de mim. O número era 14.

Entrei no quarto. Encontrei Tom sobre a cama, do mesmo jeito entubado. O quarto estava vazio a não ser pelo leito e o aparelho que marcava os batimentos cardíacos dele. Eletrocardiógrafo.

Mas o que me alarmou no sonho, não foram os bipes. Foi a ausência dos bipes.

O som da máquina era interminável. Um “pi" interminável. Até que me dei conta do que isso significava.

Acordei subitamente, dando um grito:

— TOM! — Atordoada, olhei ao meu redor e encontrei a escuridão. Percebi que precisava ligar a luz e assim fiz, vendo que estava trêmula.

Encarando minha cama, meus olhos começaram a ficar embaçados rapidamente, e me ajoelhei ao pé dela, já em prantos.

Comecei a repreender o mal sobre o meu sono. Havia dias que eu sonhava com esse mesmo pesadelo. O começo poderia ser diferente, mas todos acabavam da mesma forma: o pi interminável do Eletrocardiógrafo.

Levei o olhar para o meu lado direito, e encontrei meu tênis verde pastel. Jogado no canto do quarto, sem o bordado que eu deveria ter feito havia meses, ele me deixou ainda mais deprimida. Ele me lembrava Tom.

Como minha mãe tinha o sono leve, não me surpreendi quando ouvi a porta do meu quarto se abrir. Me virei para ver se era ela mesmo, e era.

— Teve outro pesadelo? — perguntou.

Dei-lhe as costas e voltei a chorar, assentindo.

— Misericórdia, Senhor — pediu ela, suspirando.

Minha mãe veio até mim e se sentou no chão ao meu lado, com um pouco de dificuldade. Se eu estivesse num bom dia, a lembraria que não era mais tão nova para ficar se abaixando de qualquer modo. Mas, como não estava, simplesmente virei para ela enquanto cruzava as minhas pernas.

— Senhor, meu Deus e meu Pai, quero me colocar em Sua presença nesse momento, junto da minha filha. — Ela puxou minha nuca para si, e eu descansei minha testa em seu peito, ainda chorando. — Quero repreender toda perturbação que está vindo sobre seu sono, porque não aceito que dentro dessa casa onde Tu és o Senhor, haja qualquer seta do inimigo, em nome de Jesus. Determino paz sobre sua mente e sobre o seu coração, para que ela possa terminar a noite. E vá de encontro ao Thomas, Pai. Mais uma vez peço que o Senhor devolva a ele sua vida, sem a ajuda de aparelhos ou qualquer outro objeto médico. Em nome de Jesus, amém — finalizou.

O Escritor da História • Livro 01 | Duologia "O Escritor"Onde histórias criam vida. Descubra agora