“Em fervente oração, vem o teu coração
Na presença de Deus derramar
Mas só podes fluir o que estás a pedir
Quando tudo deixares no altar”
(Em Fervente Oração, Júlia Vitória [Harpa Cristã])19 de setembro de 2020. Sábado
Havia se passado uma semana.
Uma semana de ir dormir com medo de receber uma ligação; de acordar com medo de receber uma ligação; de viver os dias estando constantemente à espera de uma ligação.
Na tarde de sábado, fui ver dona Solange.
Ela e seu Ricardo permaneciam morando separados. Eu os admirava por cada atitude tomada naquela nova etapa de seu relacionamento. Eles estavam se conhecendo e se apaixonando novamente, como se fosse a primeira vez.
Tom iria ficar tão orgulhoso de seus pais... Se o Senhor o permitisse vê-los.
Eu orava para que Ele me ajudasse a ter os pensamentos certos. Não queria mais murmurar e nem magoar o Seu coração, por isso pedia todos os dias para Ele realizar a Sua vontade sobre a vida de Tom.
Andei até a casa de seu Ricardo, sentindo o Sol das duas da tarde esquentar meu vestido vermelho, de comprimento até os joelhos. Nos pés, calçava um tênis All Star branco de cano baixo. Ao encará-los, lembrei-me do tênis verde pastel que eu havia pintado havia meses, e apenas no dia anterior havia parado para bordá-lo e finalizar o trabalho.
Antes do acidente de Tom, não o bordara por pura preguiça. Mas depois que tudo aconteceu, se eu apenas olhasse para os calçados, sentia a saudade de meu melhor amigo invadir o coração — como aconteceu na semana anterior, no dia do aniversário dele. Eu preferia evitar coisas que pudessem me fazer pensar em Tom — pois não precisava de ajuda para isso.
Por causa do regresso dele à UTI, eu levara Senhor Dias de volta para minha casa. Todas as vezes que olhava para meu cacto, lembrava do tênis; lembrar do tênis me lembrava Tom; Tom me lembrava saudade; saudade me lembrava da desconhecida vontade do Senhor; Senhor me lembrava Senhor Dias. Um ciclo sem fim.
Por isso, decidi bordar logo o tênis e retirar ao menos uma peça daquele ciclo.
Devido a eu estar um pouco irritada com meus sentimentos negativos, realizara a tarefa com uma certa brutalidade. Meus dedos adquiriram vários furos de agulha, que não sangravam, mas ardiam.
No entanto, não tive coragem de calçar os tênis. Me agarrei à desculpa de que verde pastel não combinava com vermelho — apesar de achar que Tom iria aprovar —, e coloquei os All Star brancos.
Com minha mochila nas costas — que estaria vazia se não fossem as três cartas de Tom — cheguei ao meu destino. Passei a mão pelos meus cabelos, que já estavam alcançando dois dedos abaixo do ombro, e toquei a campainha.
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O Escritor da História • Livro 01 | Duologia "O Escritor"
Romance"Eu acredito que as promessas que Ele faz, Ele cumpre. Acredito que, mesmo que o Senhor me permita sofrer ainda mais, mesmo se esmagar e quebrar o meu coração, ainda assim estará lá para juntar os meus pedaços. Ainda que demore, acredito que um dia...