devassa verdade

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Notas iniciais:

Mals a demora galera kkkkk sempre que o capítulo é majoritariamente narrado no posto de vida do Light eu demoro mais pra conseguir construir de forma descente as oscilações de humor. Não sei se vcs já repararam mas o Light é o personagem mais complexo que tem na fic por conta da dualidade Light/Kira. Ele varia muito de humor e a personalidade vai se adaptando de acordo com a emoção que ele sente. Quando tá boiolando pelo L é Light, e quando tá puto é o Kira e tals, então como tenho de fazer a personalidade acompanhar a emoção, eu escrevo e reescrevo os trechos várias vezes pra ter certeza que tudo transcorre com fluidez KKKKKK e tbm sou vagabundo, mas não vem ao caso.
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— O que você acha?

Não costumava ser otimista, embora muito admirasse as pessoas que sempre buscavam enxergar pela perspectiva positiva, ainda que frente às adversidades. Por outro lado, também não se permitia ser pessimista, haja vista acreditasse que não passavam de preguiçosos relapsos que reclamavam para se isentar de cumprir com suas responsabilidades. Lawliet considerava o realismo a mais viável tendência de se interpretar o mundo a sua volta, porquanto não fosse a melhor ou a ideal, era a que mais se adaptava a sua maneira lógica de raciocinar e sua mania de mensurar a probabilidade das possibilidades. No entanto, quando acordara naquela manhã, antes mesmo de pousar seus pés no gélido chão de seu quarto, considerara que aquele seria um péssimo dia. E isto independia do fato de ter de acordar cedo em uma tediosa terça-feira, ter de caminhar até o colégio ou assistir igualmente lentas e fastidiosas aulas que, em sua maioria, pouco lhe acrescentavam. Este agoniante enfado se originava e se intensificava devido a um conjunto de fatores que por si só já se mostravam excessivamente maçantes, e quando somavam-se apenas se tornavam ainda mais insuportáveis. Mormente, sentava-se ao lado de Light em praticamente todas as aulas. L tinha dificuldades em se concentrar, normalmente sua atenção se dispersava muito rapidamente e dedicá-la a somente uma coisa por vez exigia muito esforço. Desta forma, para conter sua mente sempre hiperativa buscava alocar-se nas primeiras carteiras, mais próximo ao centro das salas, longe de janelas ou portas. Evitava que se distraísse com passarinhos, árvores ou ruídos oriundos de outros locais. Entretanto, havia alguém cujo não podia escapar, e este alguém era Yagami. O japonês se sentava sempre na primeira mesa da fileira do meio e tinha literalmente todas as aulas de Lawliet. Por mais que tentasse evita-lo ou despista-lo, porque certamente já estava farto e não ouviria as baboseiras que ele tanto teimava em querer lhe dizer, ele estava por toda parte. E isto por si só já lhe desconcentrava. As vezes percebia seu olhar recair sobre si enquanto escrevia ou lia algo, além da incomoda sensação de estar sendo perseguido que lhe atormentava ao caminhar pelos corredores na troca de salas, haja vista suas classes serem sempre as mesmas. Conquanto pudesse compreender que esta era sua percepção dos acontecimentos e que muito possivelmente seus sentimentos estavam interferindo em seu julgamento, permanecia sendo uma situação incômoda. Na verdade, era tão absurdamente enervante que optara por andar com Beyond, suportando as gargalhadas de Ryuk e os comportamentos problemáticos de ambos, uma vez que o japonês não lhe aborreceria enquanto estivesse ao seu lado. Era um mal necessário.

Contudo, feliz ou desventuradamente, não podia evitar ser sua dupla.

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— Lawliet? – Insistiu Light em uma nova tentativa de requisitar sua atenção, estampando em seu bem-apessoado rosto um de seus melhores e mais afáveis sorrisos, conquanto soubesse que L não poderia vê-lo, mantendo seu timbre sempre irritantemente gentil ao lhe chamar novamente.

Estavam ambos em uma das longas e confortáveis mesas da sala de debates, um a cada lado do móvel disposto na parte mais afastada das demais duplas, próximo aos livros de ciências da natureza. Lawliet se encontrava assentado com os pés acima da cadeira acolchoada, os joelhos rente ao abdômen e o tronco inclinado por cima da tabua de madeira, onde seus braços se encaixavam para servir de travesseiro para sua cabeça, que repousava de bruços a cima deles. O japonês, sentado a sua frente em meio a seu notebook pessoal e alguns poucos livros, podia observar o leve balançar de seu pequeno corpo conforme seu peito enchia-se de ar em uma calma respiração. Os cabelos negros, lisos e sempre terrivelmente despenteados lhe encobriam quase que totalmente a face, bem como seus braços e finos dedos que permaneciam imóveis. Por poucos instantes, Light quase acreditou que ele havia caído no sono. L parecia tão sereno e inofensivo, na verdade, ele tinha uma aparência tão acriançada e de certa forma adorável que muitas vezes esquecia-se do tipo de criatura infernal que ele realmente era. Suspeitoso, o japonês se inclinou para baixo da mesa, descaindo sua cabeça até a altura da cintura alheia, podendo enxergar seus bonitos, ainda que muito grandes e nada delicados, pés pálidos e descalços se mexerem inquietamente, esfregando os dedões um no outro. Quando exatamente ele tirara os sapatos? De todo modo, era óbvio que aquele maldito sapo estava fingindo dormir e o ignorava propositalmente.

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