Decepcionante

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— Isso acontece com frequência?

— Não. Quer dizer, sim. Mas só nas primeiras semanas. – Respondeu Allana com uma voz baixa e um tanto abafada. Near teve de se concentrar para compreender o conteúdo de sua fala. – Isso se você não fizer nada irritante o suficiente pra eles querem te bater o ano todo.

— Então vocês só suportam calados?

— E o que dá pra fazer? – Perguntou agora uma voz que pôde distinguir como a de Carlos. Eles eram os únicos estudantes do fundamental naquele lugar e, não eram apenas a minoria como os mais fracos. – Merda eu nem vi qual dos desgraçados colocou a gente aqui! – Esbravejou indignado ao se referir a situação em que se encontravam.

— Ele tá certo. – Concordou a única voz que ainda não havia ouvido, portanto esta logicamente deveria pertencer a Hélio.

— Vai demorar pro seu irmão chegar? – Indagou a garota. A sua voz era a mais fácil de discriminar.

Mesmo saindo cinco minutos mais cedo do que os alunos do ensino médio, Nate que estava acompanhado de Allana e dois de seus amigos, Hélio e Carlos, ou como o chamavam, Carlinhos, foram abordados por três garotos. Comeram o sanduíche de Hélio, rasgaram o livro de Carlinhos, e esparramaram o material de Allana no chão, chutando seus cadernos e quebrando seus lápis. A princípio, pensou não os conhecer, e de fato dois deles eram para o albino completos estranhos, contudo o loiro, aquele que parecia dar as ordens sendo o maior e menos ignorante, lhe era familiar. E fora quando ele o jogara contra os armários e derramara refrigerante em sua cabeça que percebera: era o mesmo idiota que dera descarga em seu amado quebra-cabeça. Infelizmente, o loiro imenso também o reconhecera. Como resultado, as "cortesias" do passeio nos corredores dos veteranos que provavelmente teria acabado ali se estendeu para uma espécie de castigo mais prolongado. Por sua culpa, Allana e seus amigos, aqueles que outrora tinham o convidado para lanchar com eles, foram trancados nos armários de desconhecidos.

O albino levou sua mão ao bolso de sua calça mais uma vez, retirando seu aparelho celular e abrindo sua última conversa. — Espero que não. – Disse em um suspiro levemente frustrado, constando não ter recebido mais mensagens. Compreendia que estava sendo impaciente, afinal só haviam se passado dez minutos desde que chamara Mail, contudo não era algo facilmente evitável. Podia ter um pouco mais de um metro e meio, mas ainda assim aquele cubículo era apertado.

— Near! – Berrou uma voz familiar. Parecia de fora, na parte externa dos armários, o que descartava a Simmons e seus amigos. – Qual é o armário caralho? – Mello... Droga, Matt! Havia pedido especificamente para que o ruivo viesse ao seu socorro e o que ele fazia? Mandava o loiro lhe buscar? Tinha saído quase que ileso da brincadeira idiota dos veteranos para levar uma sova de seu irmão mais velho.

— Eu não vi o número. – Admitiu com desânimo, se preparando psicológica e fisicamente para as ofensas e pontapés que sabia que iria receber. Tinha ciência de onde estavam, contudo o número específico do armário em que fora trancado era demais.

— Você não presta nem pra isso. – Disse ríspido e cruel.

— Desculpe se não pude reparar enquanto estava sendo espremido e enfiado nele a força. – Respondera sarcástico, se arrependendo ao sentir a porta de aço tremer e até mesmo amassar com um golpe, muito provavelmente um chute devido a sua proximidade com o chão. Ao menos ele havia encontrado em qual cubículo o albino estava.

Após outra pancada agora um pouco mais amena em sua parte mais superior, o armário curiosamente cedeu e vagarosamente foi aberto por um Mihael impaciente e explicitamente zangado que agarrou seu braço direito e o puxou sem qualquer delicadeza, fechando o armário com força o suficiente para fazer os demais estremecerem, ocasionando em um grande estrondo. Se fosse Matt quem o tivesse libertado ele teria lhe abraçado e perguntado se estava tudo bem, ajudado a lavar sua rosto e a secar seus cabelos, talvez até mesmo insistido para carrega-lo, todavia, era Mello... — Você é um idiota! – O maior lhe deu um tapa tão forte em sua cabeça que o desequilibrara a ponto de quase pender para frente, agarrando novamente seu braço para que o forçasse a encara-lo. — O que foi que eu falei!? – Vociferou aproximando seus rostos até que quase se encostassem. – Quem fez isso!? – Entendia sua preocupação, mas porque ele tinha de ser tão bruto? O chacoalhando como se fosse uma boneca de pano?

That's LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora