Normal

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— E então?... – Questionou Watari comumente gentil e calmo, sorrindo ao servir o espaguete com almôndegas que ele mesmo preparara à Lawliet. – Como foi o dia de vocês? – Os cinco garotos se entreolham aguardando alguém se manifestar, concluindo implicitamente que era L quem deveria respondê-lo, afinal era a ele quem estava sendo servido pelo idoso. O homem grisalho sempre se certificava, ao menos quando estava presente, de que seus "netos", principalmente o Birthday mais novo, estavam se alimentando correta e saudavelmente.

*

— "Homossexualismo"? – Indagou Light lendo um dos inúmeros "temas inspiradores". Estavam a (tentar) escolher um tema para um trabalho de Ciências Sociais e a professora já havia dado algumas opções. O japonês queria optar por uma delas enquanto L tentava convencê-lo do contrário.

— Homossexualidade. – Corrigiu sem sequer engolir o bolo de morango que comia, acabando por falar de boca cheia. Já havia notado o quanto aquilo o irritava, não que devesse ou pudesse esperar qualquer outra reação concernente àquele tipo coisa, mas ainda sim não havia sido proposital. Simplesmente esquecera de ingerir o doce antes de falar. – E não. – Acrescentou ao deglutir, também se reabilitando. – Que tal Solidariedade Mecânica de Durkheim?

— Posse e porte de arma de fogo? – Negou o maior ao propor outro tema. Yagami devia ter uma incrível força de vontade para não demonstrar o provável asco que agora deveria estar sentindo.

— Não. Iluminismo? – Levou outra garfada de bolo a boca. Light nem mesmo parecia ouvi-lo, então talvez pudesse apenas replicar os mais variados temas de forma aleatória para ganha-lo pelo cansaço.

Ele somente meneou negativamente com a cabeça, sempre extremamente calmo e gentil. — Economia?

— Senso Comum? – Em sua cabeça levemente avoada, aquilo era uma espécie de jogo, e estava começando a ficar divertido uma vez que o japonês parecia estar participando.

— Estado? – Talvez conseguisse instiga-lo dizendo temas opostos aos dele..

— Anarquismo.

— Cientificismo?

— Intuicionismo. – Estava explícito demais... Pela primeira vez Light o encarou e L tentou lê-lo, não que isto fosse demasiadamente árduo. Ele parecia impaciente e levemente irritado, com certa razão, claro, mas principalmente confuso. Ele provavelmente havia compreendido o que Lawliet estava fazendo, mas certamente não tinha entendido o porquê. Nem mesmo ele sabia, só estava entediado e queria jogar, mas o japonês não parecia tão motivado...

— Pena de Morte. – Mais anunciou do que sugeriu Yagami, não deixando de encara-lo. Ele estava indubitavelmente zangado, concluiu ao levar seu dedo a boca, analisando minuciosamente as amêndoas frias. Todavia, L decidiu que encararia aquilo como anuência do desafio... Estavam oficialmente jogando.

*

— Normal. – Respondeu Lawliet.

— É... Normal... – Concordou o ruivo levemente tenso. Bom, diferentemente de L, esta não seria a palavra adequada para descrever o seu dia...

*

Era a droga de uma sexta-feira, o dia que deveria ser o melhor da semana, contudo, não apenas aquele fatídico dia como a semana inteira haviam sido péssimos. No primeiro dia de aula Mello brigou com um garoto de sua sala acabando por ficar detido. Certo, aquele tipo de coisa sempre ocorria, logo, a palavra "normal" ainda poderia ser utilizada. Todavia, no segundo dia Matt passou a notar certos "atos suspeitos": o armário do loiro havia sido vandalizado com a pichação de palavras como "vadia", "puta", entre outras e a maldita impressão de que riam deles, especialmente do menor, todas as vezes em que passavam perto de um grupo de garotos. Ok, Mihael era um rapaz que chamava a atenção, ele era diferente e Mail bem sabia como algumas pessoas escolhiam lidar com isso, até que ele finalmente admitira, somente no terceiro dia, que fizera mais "amigos" no castigo. Já se considerava ferrado, mas ainda assim Matt achava aquilo aceitável. Quer dizer, até o quarto dia... Resumidamente, o rapaz com a cara "fudida" se chamava Rony Morris, mas (talvez por ser um valentão) atendia pelo apelido de Broca. Por que? Simplesmente porque, segundo Ryuk, a cicatriz em seus lábios fora feita por uma haste de aço puxada em uma briga em uma garagem de uma festa qualquer. Não que aquilo tivesse sido capaz de assusta-lo, muito menos à Mihael, todavia ficara verdadeiramente temeroso ao ouvir não só o quanto aquele garoto podia ser vingativo como o que fizera para se desforrar. Portanto, somando 2 2 era nítido o quão fudidos estavam agora... Ele nunca deixaria a vergonha que o loiro o fizera passar em branco. E bom, dito e feito...

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