Mariposa

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Notas iniciais: Desculpem pela narração obscena, Light e eu estávamos no cio quando escrevi 😔 na real o cap tava muito mais pesado antes, o nome era outro, mas o light fazia umas coisas tão pesadas que chegou uma hr que não daria pra seguir o enredo, então tive de deixar menos pesado. Mas acho que cheguei num meio termo.
E para o terror de todos, tem cenas hétero 🤮🤮🤮
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Era o último dia. O último dia, a oportunidade derradeira, sua chance remanescente de fazê-lo falar consigo. Após uma semana tentando os mais diversos e ardilosos truques, de irrita-lo a constrange-lo, fosse com palavras, gestos, ações ou toques, não conseguira lhe arrancar uma sílaba sequer. E aquele era o último dia para alcançar seu objetivo. Precisava mudar de estratégia, analisar alguma outra possibilidade que até então não considerara, optar por outro caminho atualmente inexplorado. No entanto, não era capaz de conceber nada, nada lhe vinha a mente de forma clara ou evidente, talvez porque de fato já houvesse tentado de tudo, ou apenas porque envolvera-se demais para pensar de maneira impassível e coerente. Estava sendo covarde. Fraco. Havia se apegado demais aos estranhos e confusos sentimentos que começara a desenvolver por ele, preocupado demais com sua condição e as adversidades que dela poderiam se originar. Se quisesse vencer, e iria, tinha de abandonar a crescente apreensão que ultimamente lhe pesava o peito, abdicar da culpa e da responsabilidade que ele mesmo pusera aos ombros, ignorar a tênue linha imaginaria que separava a derrota humilhante da tão merecida vitória, a demarcação que indicava o limite que impusera por si próprio, que delimitava o moral do amoral. Afinal, cabia a Lawliet impedi-lo de passar dos limites.

Após um banho ligeiramente mais demorado do que o necessário, Yagami adentrou novamente seu quarto com a toalha ainda nos cabelos recém lavados, esfregando-os gentilmente para seca-los. Sentia-se mais ansioso do que o normal, mais inquieto e incômodo. O piso parecia mais gélido, mais sujo, o cômodo irritantemente mais claro, empoeirado, nem mesmo o tecido da toalha lhe parecia macio, estava áspero e possuía um cheiro não muito agradável. A passos largos e levemente apressados, um pouco estressados e impacientes, antes mesmo de calçar seus sapatos, retornara a escrivaninha ao lado de sua cama, abrindo sua última gaveta, a maior e mais pesada, com certa urgência. Seu coração bombeava em um misto de adrenalina e uma espécie de júbilo nostálgico, fazendo seu cérebro repassar as consequências e ponderar os males, chegando a mesma conclusão de todas as vezes: estava tudo bem, desde que fizesse com moderação. Até aquela semana caótica, estava sóbrio a quase um mês, um mês longo e imperfeito que, pelo turbilhão de emoções e sentimentos acrescidos a constante sensação desafiante e incitante que acompanhava aquele sapo onde quer que ele estivesse, conseguiram lhe entreter o suficiente para que ficasse sóbrio. Embora houvesse se estressado e se magoado algumas vezes, não sentira a vontade, propriamente dita, de afogar sua culpa na bebida, como geralmente fazia em longos períodos de provas ou quando a cobrança excessiva de seus pais ou professores começava a lhe sufocar; todo o remorso que experienciara precisava ser sentido, somente assim pôde compreender um pouco mais da natureza de L e como suas ações o afetavam. Uma vez, ele lhe dissera, algo que jamais poderia esquecer, que ficaria gravado em seu crânio até que os vermes comessem seu cadáver putrefato: “você não me enxerga”. Não tão obviamente como gostaria, L se referia a compreensão, a empatia principalmente, algo que definitivamente não possuía, ou melhor, estava lutando para nutrir por ele. Light não o entendia, embora muito tentasse, não o enxergava e tampouco o ouvia. Precisava entende-lo, compreender como sua cabecinha autista funcionava, como seus olhos grandes e infantis percebiam o mundo a sua volta, como seus dedos longos e magros tocavam e como seu peito pálido e frigido sentia. Queria conhecê-lo para além de seus objetivos, para além das vitórias, queria enxerga-lo de fato, conhecer sua essência unicamente violeta e adocicada. Então precisava estar sóbrio. No entanto, também queria vence-lo, derrota-lo, humilha-lo como tantas outras vezes ele o fizera consigo. Precisava possui-lo, subjugá-lo, demonstrar a grande diferença que os separavam, que legitimavam seu lugar acima dele. E para que pudesse alcançar este objetivo, precisava de um pouco mais do que estava acostumado a ser, exigia de si apenas um pouquinho a mais de desinibição, um pequeno gole a mais de sossego e algumas poucas doses de descontração adicionais. Apenas isso.

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