Inacreditável

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— Ahmm... Lawliet, não é? – Perguntou um desconhecido. Ele era japonês de olhos e cabelos castanhos claros. Seu porte físico era forte, mas sem muitos músculos, alto, talvez 1,80, com ombros largos. Muito atraente e bonito, L concluiu. Ele o conhecia, de rosto e por nome, e o esperou, mesmo com sua lentidão para recolher seu material escolar e sair da sala, então obviamente ele obtinha assuntos a tratar especificamente com ele. Deveria ser sua dupla...

— Quem é esse? – Beyond indagou descortês. Não havia ficado nem um pouco satisfeito com o novo colégio que sequer fora por livre e espontânea vontade... As pessoas lhe encaravam o tempo todo, o ignoravam e algumas até mesmo riram dele! Queria matar cada uma delas, explodindo aquela escola em milhões de pedaços e mandar todos para o inferno! Nem que ele fosse obrigado a amarrar uma bomba em sua cintura e se matar em conjunto, mas não... Lawliet o irritara o caminho inteiro, de sua antiga cidade para aquele amaldiçoado buraco, para que não se metesse em encrenca... Então o obedeceria, não porque o temia ou receava sua desaprovação e desgosto, mas sim porque L duvidava... Ele não acreditava que B pudesse ser bom. Que Beyond pudesse ser útil e que cuidasse de seus irmãos, mas ele lhe provaria o contrário. Nem que tivesse que aguentar aquela porra toda!

— Imagino que seja Light. – Supôs que seu nome deveria ser lido em inglês e não em japonês o dizendo logo antes de colocar seu polegar entre os lábios para mordisca-lo como habitual. Mas o que o deixara curioso fora como o garoto reagira. Normalmente, por ser um ato julgado como desagradável e até mesmo repugnante para o senso comum, as pessoas se enojavam. Era uma reação típica e Lawliet não se ofendia, muito menos se surpreendia, mas o japonês a sua frente permaneceu, ao menos aparentemente, cortês e afável. Não, L descartou rapidamente a possibilidade desta ser verídica. Ele, por pura educação, deve ter ocultado o asco que a ação indubitavelmente lhe causara. O tinha visto no primeiro dia de aula, havia reparado que ele lhe encarava estranhando seu modo de sentar e muito provavelmente sua mania de mordiscar os dedos, sem falar em sua aparência anômala e nada atraente. Light Yagami incontestavelmente se encaixava nesta categoria... Era inquestionavelmente parte daqueles que presavam e defendiam o senso comum, senso este que Lawliet nunca fez e nunca faria parte.

— E quem é esse? – Repetiu de modo grosseiro e no mesmo instante L soube o porquê. Estava com ciúmes, mesmo que não estivessem se dando bem ultimamente. Agora, o porquê deste, já não sabia como explicar. Seu irmão mais velho sempre fora assim, nutrindo um afeto um tanto quanto abusivo e controlador, talvez até mesmo possessivo em relação a ele.

— Minha dupla. – Qualquer um provavelmente acabaria por morder os próprios lábios, machucar o seu dedo ou falar parcial ou totalmente desconexamente, mas não ele... L. Lawliet já dominava a arte de falar com dedos, alimentos ou objetos na boca sem que sua fala ficasse incoerente. "A prática leva a perfeição". – Suponho que queira conversar sobre o trabalho. – L voltou a direcionar sua parcial atenção ao japonês. Parte dela, quer dizer, a maioria, estava pensando no que jantariam... Ou melhor, no que ele comeria de sobremesa... Sorvete... Talvez bolo... Mousse!

L divagou em doces e guloseimas extremamente açucaradas que sequer obtinha condições de preparar ou comprar quando fora chamado por Mihael que se aproximara muito rapidamente. — Lawliet! Vamos logo! Eu tenho mais o que fazer! Qual a dificuldade de recolher suas tralhas e sair logo da sala!? – Ele obtinha certa razão. De fato, estava demorando demasiadamente em uma simples tarefa, mas por outro lado, não tinha ciência de que Light o contataria.

— Meu Deus, Mihael! Cala a boca! – Beyond gritou e neste momento L soube que discutiriam... Ainda precisava dos livros de matemática da biblioteca, não obtinha tempo para isto.

— Vem calar! – Matt e Near apareceram e como sempre, somente como ele sabia fazer, Mail se pôs entre os dois para cessar o tumulto. Realmente devia ter demorado...

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