outro alguém

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— O que tem no pote? – Questionou Mihael ao seu lado curioso, ainda que não o bastante para cessar seus passos.

— Eu não sei. – Respondeu o ruivo sem preocupar-se em ocultar o interesse acerca de seu conteúdo. – Ele só me disse pra dar pro Ryuk. – Deu de ombros.

O céu estava claro e limpo, quase como em uma quente e ensolarada manhã de verão e o Sol brilhava em um lindo e simplório amarelo alegre ainda que discreto, iluminando as calçadas acinzentadas e brilhando de maneira bela demais para não ser apreciada ao refletir nas poças de água residuais da chuva da noite anterior. O vento ameno e gélido batia contra sua face e corpo não muito agasalhado lhe causando pequenos e pouco incômodos calafrios, esfriando a ponta de seu pequeno nariz mais do que gostaria, tornando-o mais rubro do que sua habitual alvura. A caminhada para o colégio lhe esquentava de maneira agradável, embora permanecer repousando em sua cama por debaixo das grossas cobertas seria incontestavelmente mais deleitoso, e a conversa lhe parecia deveras interessante. No momento em questão, discutiam, como de costume, sobre Beyond e seus previsivelmente imprevisíveis e confusamente lógicos atos. Nate estava ao lado de Lawliet, segurando carinhosamente sua mão assim como o maior lhe pedira antes que saíssem da residência em decorrência, tanto de sua exagerada preocupação como sua conveniência e praticidade, afinal era muito mais fácil "tomar conta" de L, como B sempre dizia, apanhando sua mão do que limitar-se a certificar-se de sua segurança somente com o olhar. Tinham de atravessar ruas e mudar de calçadas ao percorrerem o caminho até a escola, portanto era preferível, ainda que aquelas quadras possuíssem sinais de trânsito, que o fizessem daquela forma. Evidentemente, não fora somente ele que recebera uma tarefa do mais velho. Matt contava sobre o tupperware que recebera e do destinatário que este possuía poucos passos a sua frente enquanto Mello, ao seu lado, indagava a respeito de seu conteúdo, alarmando-se com o fato de que o próprio Jeevas não obtinha ciência do que se tratava.

— Como você não sabe!? – Perguntou retorica e nervosamente, gesticulando com as mãos de maneira exaltada. – Você não abriu!? – Compreendia em partes a incredulidade e indignação do loiro, contudo, também sabia que descomedimento poderia facilmente ser considerado seu segundo nome.

— Ele disse que se eu mexesse ele ia descobrir. – Esclareceu simples, somente agora fazendo-o perceber a cautela com a que o ruivo segurava a tigela de plástico barata. – Fiquei com medo. – Provavelmente B havia lhe ameaçado com uma sova caso algo acontecesse ao pote.

— Abre logo! – Ordenou.

— Ele vai me bater!

— Fala que fui eu. – Não acreditava verdadeiramente na pose que Mihael lutava para demonstrar. Claro, não era inverossímil crer que alguém não temia Beyond de fato, afinal, ele mesmo não o receava, entretanto sua postura e reação a suas atitudes lhe pareciam excessivamente forçadas, como se ele necessitasse afirmar desesperadamente para si mesmo que não tinha medo de nada.

— Tá. – Estavam a poucos metros do colégio, as vozes e risadas dos estudantes já eram audíveis e reconhecíveis assim como as árvores e os muros do quarteirão onde esta se situava. No entanto, ainda assim Mail cessou seus passos fazendo todos interromperem a caminhada em conjunto, voltando-se para o tupperware em suas mãos. – Eu chuto maconha. – Pressupôs ao observa-los o cercarem, formando uma roda ao redor da tigela verde que expunha um pouco a frente de seu corpo, de maneira que todos pudessem vê-la quando retirasse sua tampa branca. Embora um tanto inacreditável, afinal B não era insano ou idiota ao ponto de traficar drogas em potes de plástico por meio de seu irmão de dezesseis anos, entendera que fora o que o ruivo presumira que Ryuk iria consumir.

— Não deve ser droga. – Refutou, tomando o pote de sua posse para segura-lo e averiguar seu peso. – Nem é leve. – Sacudiu-o amenamente, revelando o som do que parecia ser vários objetos ou itens se chocando levemente com as paredes de plástico.

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