• capitulo 46 •

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JULIE

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JULIE

Pela terceira vez, aquele mesmo homem, pede qualquer bebida para que eu vá entregar.

_ Obrigado, linda! - ele agradece de uma forma ridícula, assim que coloco o copo em sua mão.

Ele está em uma mesa mais afastada do palco, então ele levanta da mesa e chega mais perto de mim, me fazendo recuar para trás aos poucos.

De repente, ele me puxa pelo braço, para que eu ficasse mais perto dele.

Tento tirar sua mão do meu braço, mas ele intensifica o aperto, fazendo eu grunhir da pontada de dor em meu braço.

_ Quanto você cobra, Julie? - ele pergunta chegando mais perto, enquanto abre um sorriso, e eu sentido meus pulmões procurarem desesperadamente, pelo ar.

_ Como? - enrugo a testa confusa enquanto ele dá risada.

_ Sua puta, quero saber quanto você cobra por uma noite - ele diz me encarando de cima a baixo, com desdém.

Ao ouvi-lo, me sento mal e fico sem saber o que fazer, já que estamos em uma mesa no canto mais vazio do salão, não tem ninguém prestando atenção no que está acontecendo.

De repente, vejo uma sombra indo direto no rosto do homem, fazendo-o cambalear.

Eu aproveito que as mãos nojentas dele estão longe de mim, e corro para as portas do fundo, com uma voz distante, me chamando, mas no momento não consigo prestar atenção.

Quando finalmente chego na parte dos fundos, me agacho freneticamente, com a mão em meu peito, e com grossas lágrimas descendo pelo meu rosto.

Não sinto o ar chegar em meus pulmões, e começo a me desesperar ainda mais com o choro compulsivo.

Fazia tempos que não tinha crises como essa.

Onde eu sinto que não tenho um chão para me apoiar, e que estou eternamente caindo em um poço, enquanto as lágrimas tomam conta dos meus olhos.

Sinto como se meu corpo apertasse meus próprios órgãos, dando pouco espaço para o ar passar, me fazendo ofegar, de tanto procurar pelo ar.

Meu olhar fica completamente embaçado e não consigo dizer nada, apenas ouço alguém chamar pelo meu nome repetidas vezes. Então de repente sinto braços me rodearem, fazendo eu me sentir acolhida.

O perfume tão conhecido por mim, passa pelas minhas narinas, e logo me permito aconchegar ainda mais em seus braços e deixar minhas lágrimas caírem sem piedade.

Sinto Thomas me apertar contra seu corpo, fazendo um leve carinho nas minhas costas, o que aos poucos vai me acalmando.

_ Tho-Thomas, me leva embora. Por favor - gaguejo pelo choro, mas peço baixinho contra seu pescoço.

O moreno não diz nada, apenas sinto ele me pegar em seu colo, então cruzo minhas pernas em seu quadril, com minha cabeça afundada em seu pescoço.

Ao parar em frente a uma casa, eu estranho, mas logo me recordo essa ser a casa de Thomas.

Sem ter oportunidade de perguntar o porque de estarmos aqui, ele desce do carro, abre a porta para mim e me puxa carinhosamente pela mão, até seu quarto.

_ Quer tomar um banho? - ele me pergunta, e eu assinto levemente com a cabeça.

Ele me aponta o banheiro, então logo vou até o cômodo, já retirando minhas roupas com a porta aberta, nem me atento a fechar.

Entro no box, e deixa a água quente escorrer da minha cabeça aos pés, pego um sabão que encontro, e passo por todo meu corpo, tentando me fazer sentir menos suja.

Esfrego meu braço em que o homem tanto apertou, e deixo algumas lágrimas escorrerem.

Apoio minhas mãos na parede, inclino a cabeça para baixo e fecho os olhos, com a água batendo em minha nuca.

Tão relaxada, me assusto quando sinto Thomas passar suas mãos pela minha cintura, ele me vira para ele, e me abraça.

Eu apenas aproveito o momento em que Thomas passa sabonete pelo meu corpo, mesmo que eu já tenha feito isso, e esfrega o shampoo no meu couro cabeludo.

Depois que saímos do box, Thomas me empresta uma blusa sua, que fica enorme em mim, e abre uma cueca nova para me dar.

Ficamos deitados na cama, apenas aproveitando a presença e carinho um do outro. Eu estava precisando disso.

 Eu estava precisando disso

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Os Misteriosos Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora