Os Misteriosos Olhos Azuis

• capitulo 29 •

THOMAS

Ela acha que eu fiquei na casa dela de interesseiro?

Bufo irritado, enquanto ela me dá as costas e sai, sem mesmo uma resposta minha.

Sinceramente, nem eu sei ao certo o porquê de ter dormido com a ruiva. Quando ela me abraçou por trás, senti meu sangue esquentar e pude jurar que conseguia sentir o líquido vermelho correndo pelas minhas veias.

É estranho, mas nas noites em que dormi com a Julie, eu sinto que finalmente consegui relaxar, depois de anos sem saber o que é dormir uma noite inteira, sem insónias e pesadelos.

Quando me deparo com a lápide prateada em minha frente, afasto meus pensamentos da ruiva, e apenas foco meu olhar no seu nome escrito ali.

'Beatrice Rizzo' - sorrio ao ler.

Minha irmãzinha, era tão linda, esperta, mas adorava aprontar.

Me permito rir ao lembrar de Bea quebrando o vaso da vovó, ao passar correndo de salto da nossa mãe, ela tinha apenas cinco anos e eu doze.

"Eu odeio matemática! Estou sentado na mesa da sala, fazendo o dever de casa mais uma vez sozinho.

Até pedi ajuda para minha mãe, mas ela estava ocupada demais cuidando de suas unhas.

De repente ouço gritinhos finos se aproximarem da sala, então me vira para a porta esperando Beatrice aparecer.

Quando ela passa pela porta, vejo ela com roupas da mamãe e um salto no pé, correndo toda sorridente pela casa.

Me permito rir da pequena, e ela percebendo que estou rindo dela, Beatrice vem toda brava até a mim.

Mas sem querer Bea esbarra na mesinha de canto, derrubando o vaso antigo da vovó. Quando Bea percebe o que fez, ela faz uma careta tão engraçada.

_ Bea, você está ferrada! - eu falo pra ela dando risada."

Nós tínhamos sete anos de diferença, e só naquele dia, que eu vi minha pequena correndo toda feliz pela casa, eu percebi o quão especial ela seria na minha vida.

Quando Bea nasceu, eu e meus pais já não estávamos nos dando bem.

No dia em que vi a Beatrice, enrolada nos cobertores vermelhos, eu me apaixonei. Beatrice significa 'aquela que traz felicidade', e realmente minha irmã mal tinha nascido, mas já tinha me devolvido a alegria que tinha perdido.

Aqueles merdas, que dizem ser meus pais, nunca vieram ao cemitério, mas eu não esperava coisa diferente vindo deles. Angela e Mário, os dois que acabaram com minha adolescência.

Como sou o único que venho; quando eu tinha quinze, quando ela morreu; eu quis deixar sua lápide mais infantil, então colei alguns adesivos coloridos, principalmente os vermelhos, Bea amava a cor vermelha, e ultimamente, acho que também admiro bastante essa cor...

JULIE

Após deixar Thomas sozinho, eu fui direto para casa, mas logo deixei meu apartamento, decidindo visitar minha mãe.

Foi uma visita básica, não fiquei por tanto tempo, porque minha mãe já tinha marcado de visitar uns amigos durante o fim de tarde.

Acabo de chegar na portaria do meu condomínio, e ouço meu celular tocar na bolsa, então rapidamente pego-o, e atendo.

_ Oi Ju - ouço a voz de Mica do outro lado da linha.

_ Oi, 'tá tudo bem? - perguntando estranhando a ligação repentina.

_ Está tudo bem, só ia te chamar para vir aqui em casa, não sei, talvez uma noite de filmes - ela propõe - Eu não aguento mais ficar sozinha, não sabia que me mudar e morar sozinha seria tão chato - dou risada da voz de tédio da loira falsificada.

_ Eu só vou, se for para dormir - dou risada enquanto entro no elevador, a ligação falha, mas ao sair do elevador, volta ao normal.

_ Pidona! - ela acusa dando risada - Mas só porque você insistiu tanto, eu deixo você me fazer companhia - conversamos por mais tempo, enquanto eu arrumo uma pequena mala para passar a noite.

Quando termino de arrumar as coisas, vou direto para a casa de Mica, que não é tão longe do meu condomínio.

Chegando lá, logo decidimos pedir uma pizza, e escolhemos alguns filmes para assistir e maratonar.