• capitulo 43 •

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JULIE

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JULIE

_ Sabe, você disse que um dia você poderia me contar o que aconteceu... - digo baixo, para que apenas ele escute, e passo minhas mãos pelas suas costas para ele saber a que eu estou me referindo.

_ Julie... - ele fala e suspira.

Não gosto quando ele me chama pelo nome, parece que está bravo; já me acostumei com ele me chamando de ruiva.

_ Por favor - levanto minha cabeça, encarando de vez seus misteriosos olhos azuis, que estão escurecidos mas ainda sim apontam um brilhinho no fundo - Me conta o mistério que passa pelo seu olhar - dou uma leve risada enquanto ele respira fundo.

Thomas se afasta, e senta no chão, encostado na parede, e me puxa para ficar sentada entre suas pernas, minhas costas apoiadas em seu peitoral e seu queixo apoiado no meu ombro.

Talvez ele não queira falar olhando olho no olho.

_ Sabe - ele ri nasalado - As cicatrizes nas costas não foram feitas de um dia para o outro - ele suspira - Aos dezessete eu comecei com as drogas e obviamente meus pais não gostaram disso; mas ao contrário de me ajudarem ou coisa do tipo, eles me xingavam e me culpavam todos os dias. Até que um dia meu pai decidiu que seria uma ótima ideia me bater, enquanto minha mãe silenciosamente apoiava Mario. Ela não me batia, mas oferecia tudo que meu pai pedia a ela; facas, ferro ou água quente, cintas... Se eu fosse listar todas as coisas que ele já usou - ele deixa a frase morrer, enquanto eu fico abismada, não imaginaria que um pai seria capaz disso.

Rapidamente me viro para Thomas, e tento arrumar um jeito confortável de abraçá-lo, já que estamos sentados um de frente para o outro.

_ Uma das piores, foi quando eu achei que finalmente estava ficando tudo bem em casa. Meus pais não brigavam mais, e meu pai sempre chegava tarde, não tinha nem oportunidade de me ver, para tentar fazer algo, mas durante uma tarde, eu estava almoçando com minha mãe, e ele chegou completamente embriagado e com uma garrafa vazia na mão, ele jogou os pratos no chão e me puxou da cadeira, me jogando no chão - sua voz fica embargada de choro, mas se controla - Ele me obrigou a tirar as roupas, enquanto pedia para Angela esquentar uma panela de água. Meu pai, quebra a garrafa na ponta da mesa, e passa a parte afiada nas minhas costas sem piedade alguma, enquanto eu sentia meu sangue escorrer e gritar aos pulmões por ajuda, ele falava frases que até hoje rondam meus pensamentos - Thomas pausa sua fala, fecha os olhos e suspira, voltando a falar - Ele finalmente parou, lembro apenas de ouvir seu passos distantes enquanto chorava, largado no chão; mas quando ouvi seus sapatos baterem no chão enquanto se aproximava, eu me rasteja pela sala.

" _ Não, por favor - digo já sem forças, enquanto tento me rastejar até a porta da sala.

_ Não adianta tentar sair, Thomas! - ele esbraveja - Angela, venha aqui - ele chama minha mãe, que até agora estava na cozinha. Eu sei que ela odeia isso, mas é submissa demais a meu pai, para tentar intervir - Veja seu filho, sujo no próprio sangue, pagando pelo seu pecado que foi matar a própria irmã - ele dá uma risada debochada.

Eu não consigo ver o que acontece pelas minhas costas, apenas ouço, já que não tenho forças de me virar.

Desistindo disso, paro de tentar rastejar e me entrego ao momento. Meu pai vai me matar hoje mesmo, e tudo bem; prefiro a morte do que suportar mais disso.

_ Sabe meu querido filho, você precisa se limpar - ouço seus passos se aproximarem enquanto eu tento entender o que ele quis dizer, mas logo em seguida sinto a água quente tomar conta das minhas costas, me fazendo contorcer de dor, pela água estar me queimando e adentrando os recém cortes feitos.

_ Eu te odeio! - grito, sinto meus pulmões perderem o ar e meus olhos pesarem."

_ Depois disso, eu passei uns dias me recuperando, e como já tinha feito 18 anos, peguei minhas poucas coisas e saí daquele inferno - quando Thomas termina de falar, eu soluço, e só então eu percebo que estou chorando - Não chora, ruiva; isso é passado - ele sorri sem mostrar os dentes, e limpa minha bochecha.

_ Mas isso é injusto! - Eu falo nervosa - Eles não estarem presos, e não sofrerem. Olha o que eles fizeram com você, Thomas - digo sem segurar as lágrimas.

O moreno limpa minhas bochechas, logo segura meu rosto enquanto se aproxima.

Ele esfrega um nariz no outro, como beijo de esquimó, e deposita um selinho nos meus lábios, enquanto eu o aperto em um abraço.

Ele esfrega um nariz no outro, como beijo de esquimó, e deposita um selinho nos meus lábios, enquanto eu o aperto em um abraço

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Os Misteriosos Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora