• capitulo 28 •

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JULIE

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JULIE

Aproveito que estou livre agora durante o dia, e decido ir ver o túmulo de meu pai, faz tempo que não  vou lá; poderia dizer que me sinto um pouco culpada por isso.

A faculdade ocupa grande parte do meu tempo, e ja em casa gosto de pesquisar sobre estilos de moda e agências de modelo, pretendo quando terminar o curso, já ingressar em alguma agência ou procurar alguma marca para que eu possa posar.

De noite, o trabalho no bar é bem cansativo, e como meu horário é até as 2h da manhã, me consome muita energia.

Então nos finais de semanas prefiro aproveitar em casa, ou alguma festa com a Mica, para descontrair a mente.

Como o dia está mais frio, decido usar uma calça pantalona, uma blusa básica preta com meu cardigan azul florido, pego uma bolsa pequena preta, apenas para completar o meu look e aproveito para colocar minhas coisas dentro.

Chegando em frente ao portão do cemitério, respiro fundo várias vezes.

Por fim, eu entro. Pode passar o tempo que for, mas continua difícil de pisar aqui e pensar que eu estou aqui, justamente para visitar meu pai.

_ Oi pai - sorrio para seu túmulo escrito 'Charles Ortiz' - Desculpa não ter vindo aqui com mais frequência - me sento no gramado de frente para ele.

Independente desse lugar ser sombrio, estar aqui 'com' meu pai, me trás alegria de certa forma.

Me sinto mais próxima a ele e seu espírito, por isso que converso com esse simples mármore, que apenas é a representação dele.

Fico aqui por tanto tempo, que nem percebo a hora passar, quando vejo o relógio percebo já ser de tarde, então deixo a flor que trouxe no pé da lápide, e me levanto.

Quase passando pelo portão de saída, vejo um menino, que não me é estranho, de moletom, e entrando no cemitério com flores cor-de-rosa na mão, quando vou chegando mais perto, cruzamos caminho me fazendo identificar seu rosto masculino.

_ Thomas? - falo em voz baixa, mas acho que não o suficiente, pois ele automaticamente se vira em minha direção, me deixando surpresa, quando meus olhos se fixam nas suas íris de oceano.

_ O qu...? - ele nem termina a frase, e pelo seu rosto percebo a surpresa ao me ver aqui também.

_ O que você está fazendo aqui? - falo tudo em um tom baixo, enquanto me aproximo, e ele fica estático.

_ Vim comprar pão - ele bufa e revira os olhos - O que você acha, julie? - ele sai andando na frente.

_ Seu grosso - murmuro - Só queria...

_ Se intrometer na minha vida - ele me interrompe, completando minha frase.

Eu juro que não entendo o motivo dele estar tão seco comigo, ainda mais depois que ele passou a noite na minha casa.

Talvez o Thomas tenha ficado na minha casa até tão tarde apenas para pegar suas toxinas, e logo depois ia meter o pé, mas eu como a trouxa que sou, pedi para ele ficar comigo.

Burra, isso que eu sou! Burra, bur...

_ Ei, acorda ruiva! - Thomas estrala os dedos na minha frente - Ficou ai sonhando acordada - ele me analisa, balança a cabeça e se afasta, dando passos para trás.

Fico encarando seu rosto sério, e me pronuncio: Thomas, eu sei que você só queria a heroína, por isso ficou a noite toda em casa -  brinco com meus dedos, controlando a ansiedade - E me desculpa por te obrigar a fazer algo que se quer, você queria - bufo frustada.

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Os Misteriosos Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora