JULIE
_ Pois é, pai! - dou uma risada curta e sem graça - A gente terminou antes mesmo de começar - fungo o nariz, enquanto olho a lápide.
Depois de conversar com a Mica, no carro, acabei me sentindo melhor de ter desabafado, chorado e gritado tanto. No fim, eu consegui me acalmar.
Então fui para casa, e de noite eu nem fui trabalhar. Liguei lá e disse que estava passando muito mal, então me deram três dias de folga.
Já hoje, de manhã, fui normalmente para a faculdade, e não o vi. O que no fundo me preocupa, pois não sei se ele está bem ou não.
Agora durante a tarde, eu quis vir até o cemitério, fazia tempo que não vinha, e não percebi que sentia tanta saudade até me sentar aqui.
_ Eu sinto tanto sua falta! - me permito chorar - Queria você aqui, para me abraçar e falar que vai ficar tudo bem - as memórias com meu pai na infância, invadem meus pensamentos sem minha permissão, fazendo com que eu viajasse no tempo.
•••
Três dias já se passam, e hoje já tenho que voltar ao trabalho.
Na faculdade está tudo bem, tirando o fato de que ando meio desatenta às aulas, e Mica sempre me falando de quão para baixo estou.
Como não trabalhei durante a noite esses dia, aproveitei pra ir ver o túmulo de meu pai.
Teve até um dos dias, que minha mãe me acompanhou até lá.Agora estou saindo de casa, indo direto ao ponto de ônibus, já que hoje volta a trabalhar.
Eu me sento em uma das cadeiras, no fundo do ônibus, e logo coloco uma musica nos meu fones de ouvidos.
Fico viajando durante o tempo no ônibus, até que vejo um menino adentrar o veículo com um moletom preto e o capuz cobrindo seu rosto.
Ele é alto e se senta em uma das cadeiras perto da porta, relaxadamente; o que leva meus pensamentos diretamente no moreno. Já que o jeito dos dois, são parecidos.
Então começo a ficar ansiosa para ver seu rosto, e saber se realmente é quem eu acho, mas durante todo meu trajeto, ele não levanta o rosto em nenhum momento.
Quando vai se aproximando meu ponto, eu vou até a porta, a qual ele está sentado perto, e ainda sim não consigo ver seu rosto.
Finjo deixar cair algo, e me agacho enquanto meu olhar se direciona para a sombra de seu rosto, e mesmo assim não consigo.
Ja desistindo, bufo e vejo estar parando em meu ponto.
Saio do ônibus, e viro mais uma vez para ele, e pela janela vejo seu rosto. Sardas espalhadas pela bochecha, sombrancelhas grossas e negras, bocas finas, que exaltam um leve sorriso, e olhos azuis.
Mas ainda sim, não são os olhos azuis que eu queria ver.
Suspiro fundo, ajeito minha pequena mochila nas costas, e em passos largos vou direto pra a boate.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Misteriosos Olhos Azuis
Ficção Adolescente• Os Misteriosos Olhos Azuis • Esse é o primeiro ano de Julie Ortiz em sua faculdade tão sonhada, cursando moda. A menina ruiva de 19 anos, sempre sonhou em ser o rosto de famosas marcas ou até modelar. Julie conhece um menino misterioso na faculdad...