JULIE
Thomas me deixa em casa, e arranca com o carro, pela rua. Subo para meu apartamento e me jogo no sofá mesmo, cansada de tudo.
Me aconchego no sofá, e fico deitada; muitas vezes me segurando para não chorar ao lembrar das palavras de Michelle, pois ela tem razão.
Meu cabelo diferente e estranho, meu corpo desnutrido não chamaria nem atenção das pessoas ao meu redor, quanto mais o interesse de alguma marca para me chamar para modelar.
Por muitas vezes, eu pensava em desistir do meu sonho de modelo.
Me lembro na adolescência, aos onze/doze anos, que eu sempre encarava meu reflexo no espelho, procurando defeitos e desdenhando de meu corpo.
"Eu não aguento mais!
Na escola sempre falam do meu cabelo, como se fosse a pior coisa desse mundo.Encaro meu reflexo, odiando o que vejo.
Estou de biquíni, e simplesmente não consigo sair do meu quarto. Minha família está na piscina me esperando, mas eu não posso, eu não consigo.
Vejo uma lágrima escorrer pelo meu rosto, fazendo com que varias dela tomassem conta.
_ Filha, está pronta? Estamos te esp... - meu pai abre a porta falando, mas ao me ver chorando ele pra instantaneamente - O que houve, Julie? - ele vem até mim.
_ Nada! - limpo meu rosto o mais rápido, tento abrir um sorriso enquanto coloco um vestido leve que estou segurando.
_ Você estava chorando, Julie! Vamos, me conte - papai me puxa até a cama carinhosamente, então ficamos ali até eu decidir falar.
_ Eu sou feia? - pergunto, deixando meu pai com olhos arregalados.
_ Nunca, Julie! - ele limpa minha bochecha molhada - Você é a coisa mais linda e preciosa da minha vida, nunca repita isso, minha filha!
Ele me puxa para uma abraço, então me aconchego aos seus braços.
_ Eu te amo papai! - digo baixinho pra que apenas ele me ouça.
_ Eu te amo ainda mais, minha filha! - ele deposita uma beijo na minha testa, e me aperta mais em seus braços."
Fungo o nariz, me levanto do sofá e me direciono para meu quarto, mas no meio do caminho ouço a campainha tocar.
Bufo estressada, queria só ficar sozinha no momento, mas ainda assim, vou ver quem é na porta.
Quando eu abro a porta me deparo com Thomas, com o rosto levemente avermelhado, e o nariz com sangue seco, o que me deixa assustada.
_ Ai meu Deus! - exclamo já o puxando para entrar - O que aconteceu? - levo Thomas para o banheiro da cozinha, e o moreno analisa o cômodo, enquanto eu saio para buscar um copo d'água para ele.
Quando volto ao banheiro, vejo Thomas encostado na pia e seus braços cruzados.
_ Toma essa água - estico a ele, mas Thomas nega então eu coloco em cima da pia - Me conta o que aconteceu com seu rosto então - me posiciono em sua frente.
_ Não quero - ele diz como uma criança mimada.
_ Então porque você veio para minha casa? - Ergo uma sobrancelha enquanto o moreno descruza os braços, e os apoiam na pia atrás dele.
_ Não pensei em ninguém melhor para cuidar disso para mim - ele dá de ombros.
_ E quem disse que eu - dou ênfase no "eu" - vou cuidar de você? - Quem cruza os braços sou eu agora, ao mesmo tempo que abro um sorriso ladino, como se estivesse no comando da situação.
É óbvio que independente do que ele falasse, eu iria ajudá-lo, mas deixar tão nítido assim não seria mais legal que debochar da situação antes.
Com o silêncio do moreno, abro o armário da pia em busca de algodão.
Quando acho, pego alguns algodões e molho na torneira, chego perto do moreno, e cuidadosamente passo no sangue seco perto do nariz, ele resmunga um pouco e sinto Thomas segurar minha cintura.
_ Não está doendo? - pergunta mas ele nega, então passo a mão levemente no nariz do moreno e ele resmunga novamente - Acho que seu nariz pode ter saído do lugar - Thomas faz careta quando ouve o que eu falo - Melhor irmos ao hospital - Rapidamente o moreno de afasta de mim, saindo do banheiro.
_ Não - ele diz simples enquanto encosta na bancada da cozinha, olhando um ponto fixo na parede.
_ Sim, Thomas - paro em sua frente - Você não pode ficar com o nariz assim, além do mais, vai começar a inchar e doer ainda mais - tento convencê-lo, mas ele apenas fica me encarando.
_ Fazer uma compressa ajuda - ele vai até o freezer, pega gelo, enrola em um pano e coloca em cima do nariz, mas com o contato ele faz careta de dor.
Fico encarando o moreno, até que me lembro da outra vez que quis levá-lo para o hospital, ele também não reagiu de uma boa maneira.
Será que ele tem medo?
_ Ei - chamo sua atenção, já que ele está imerso em seus pensamentos - Thomas.. - começo com receio - Você tem medo de hospitais? - pergunto me aproximando dele.
_ Não - ele diz grosso - Eu... eu só não gosto - ele me encara com seus olhos azuis intensos e percebo seu desconforto, vou até ele, tiro o gelo de seu rosto e calmamente encosto nossos lábios.
Nosso beijo começa intenso mas logo vai se acalmando e se tornando um beijo mais sereno, como se tivesse passando um sentimento, que eu ao menos saberia explicar qual é.
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Os Misteriosos Olhos Azuis
Ficção Adolescente• Os Misteriosos Olhos Azuis • Esse é o primeiro ano de Julie Ortiz em sua faculdade tão sonhada, cursando moda. A menina ruiva de 19 anos, sempre sonhou em ser o rosto de famosas marcas ou até modelar. Julie conhece um menino misterioso na faculdad...