Capítulo 35

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 Uma pequena sensação queimando em seu peito de dentro para fora, algo sufocante que parece que vai matá-lo, seus pensamentos se tornam confusos, sua cabeça sai do lugar por alguns instantes e então você ajoelha e chora, aquela sensação aumentando em seu peito enquanto tenta manter o controle e pensar com coerência, essa é a dor ou o medo que sente quando a possibilidade de perder alguém que ama chega até você, como um fantasma o espreitando de um canto escuro em seu quarto, esperando dormir para assombrá-lo e lhe tirar o sono, quantas vezes você pode sentir esse medo? Talvez milhares de vezes ou até mesmo centenas em intensidades diferentes ou menores, mas aquela era a primeira vez para Wei. Ele não havia experimentado o que era agonizar em vida, nunca sentiu piedade, medo, insegurança, ele era um assassino e sentimentos mundanos não podem permear em sua cabeça, mas ali pela primeira vez experimentava aquele sentimento e um medo quase sufocante preencher todo seu corpo.

Ele havia construído uma vida infeliz, com escolha miseráveis e medíocres, as pessoas ao seu redor sempre foram injusta e Wei se arrastou pela vida se esquecendo que acima da sua cabeça havia um Deus, mas agora ele ajoelharia e rogaria para que esse Deus o ouvisse e salvasse o único homem que havia conseguido amar, tanto tempo sozinho em meio aos seus demônios e quando essa solidão finalmente lhe apresentou um compainha ela seria tirada de si, assim tão cruelmente?

— Talvez eu fui um tolo — murmurou para seu irmão, seus olhos cobertos de lágrimas — Eu acreditei que merecia ser amado depois de tudo o que eu fiz, deixe que ele se aproximasse e me apaixonei, eu esqueci que era um assassino por alguns segundos quando ele olhou para mim, me senti quando éramos crianças felizes sonhando coisas impossíveis pensando no que poderíamos nos tornar — riu sem humor — Estou decepcionado, realmente me perdi desde aquele tempo e agora tudo que tenho está sendo tirado de mim.

Cheng tocou seu ombro, o peso do mundo parecia estar sobre suas costas enquanto ele observava aquela doce imagem, Wangji dormindo alguns fios ligados ao seu corpo o mantendo vivo e de alguma forma consciente, eles iriam se encontrar naquela tarde sair para um encontro mas lá estava ele mais uma vez de frente para a maldita morte que lhe acenava incansavelmente, como se lhe avisasse que a culpa era sua.

— Ele está bem — seu irmão o respondeu entre aquela pequena pausa — Wangji não vai morrer.

— Eu tenho meu mundo inteiro à minha frente Cheng — sorriu — Ele não pode morrer, eu morreria junto.

— E ele não vai — o abraçou — Eu juro a você que vou pegar quem fez isso, vou fazê-lo sofrer como nunca antes, por cada segundo que agonizou eu o farei agonizar em dobro.

— Eu sei que vai, diferente de mim você sempre cumpre suas promessas — se afastou — Pode me deixar sozinho aqui, com ele?

— Claro — deixou um beijo em sua testa saindo do quarto logo em seguida.

Wei se sentou na cadeira ao lado da cama acariciando a face de Wangji, as pequenas lágrimas inundando novamente seus olhos, aquele longo tempo que ele já não fazia tanto questão de lembrar, o garoto que viu morrer lhe assombrando novamente, tentando fazê-lo recordar que aquele era o destino de todos que decidiam seguir ao seu lado pelo caminho estreito, talvez fosse sua culpa afinal ele deveria ter seguido um vida diferente em vez daquilo mas em algum momento não havia como voltar atrás, apenas ir em frente sem arrependimentos, Wei não acreditava que viveria tanto estava pronto para morrer a qualquer momento, tinha feito muitos inimigos ao longo do tempo e todos se lembravam dele, de quanto fui cruel e frio, de como foi impassível em cumprir sua missão, não demoraria ter uma bala enfiada em sua testa e ele não podia se importar menos com isso, mas ali enquanto observava o rosto de Wangji, ele apenas sabia que não podia mais morrer, tinha que viver.

— Wei Ying — a voz arrastada o tirou de seu torpor — Você está chorando?

— Lan Zhan, finalmente você acordou — sorriu enxugando suas lágrimas — Nunca mais me assuste assim, eu não posso perder você.

— Você nunca irá me perder — Wangji segurou suas mãos — Eu sempre estarei aqui para você, pelos restos do meus dias, eu amo você.

Com um pouco mais de esforço as mãos suaves envolveram sua face limpando as lágrimas que ainda desciam de maneira persistente, um sorriso pequeno adornando os lábios finos.

— Independente do que você fez ou de como viveu sua vida, eu amo você — sorriu — Eu quero estar ao seu lado e fazer novas memórias, o passado deve ficar no passado.

Então amar era isso? As borboletas no estômago? Aquela doce sensação que lhe faz sentir vivo mas que também pode lhe matar? Wei já esteve com várias pessoas em sua vida mas nunca alguém que estivesse disposto a ficar e suportar todo seu fardo, Wangji era o primeiro e único a fazer isso, a ficar e amá-lo independente de seu passado e de como viveu sua vida. Talvez, ele não fosse merecedor de todos aqueles sentimentos calorosos, mas se fosse necessário deixaria tudo por ele, esqueceria tudo, apenas para estar ao lado dele vivendo uma vida normal.

— Lan Zhan, eu prometo a você que quando tudo isso acabar, será a última vez — se aproximou e o abraçou da melhor forma que pode para não machucá-lo — Deixarei tudo isso para trás, não serei mais um assassino de aluguel, viverei uma vida normal com um emprego normal.

— Wei, você...

— Por muito tempo eu acreditei que nunca amaria alguém ou que seria amado — sorriu — Mas agora tenho você e não posso perdê-lo, isso não é uma declaração de amor mas eu faria o que fosse preciso para estar ao seu lado. Esse é o último trabalho, depois eu deixarei tudo para trás, isso é uma promessa.

O mais velho não disse nada apenas o envolveu em seus braços carinhosamente, estava tudo bem, para ele não importava quem Wei era ou que tinha feito, ele o amava e nada mudaria isso.

Você Vai Se Arrepender De Ter Me Conhecido - Xicheng. (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora