Capítulo 36

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 Alguma vez já se perguntou o tamanho do abismo que cabe entre o agora e o nunca, é como um oceano de distância ou como milhas terrestres, um caminho longo, tortuoso e às vezes sem volta, ações e escolhas que futuramente decidiram toda sua vida, você pode se perguntar várias e várias vezes onde exatamente errou mentindo para si mesmo ou pode aceitar seu fracasso e tentar mudá-lo, mas as pessoas são consciente demais de si mesma e às vezes se dão importância demais, Cheng era a prova viva que entre o agora e o nunca, resta apenas um caminho para pessoas desesperadas e sem esperança, movidas por ódio ou rancor. Meng Yao havia se dado uma grande importância durante toda sua vida, sempre querendo ser melhor e estar no centro das atenções, mas aqueles que estão sempre cercados por muitas pessoas tendem a morrer rápido, conhecido de oito anos são na verdade estranhos de oito dias, depois de tanto tempo finalmente estava na hora de acabar com aquilo. Seus olhos caíram sobre a figura de Xichen assim que ele entrou no hospital, aquele homem havia sido sua condenação, talvez depois de tudo que havia acontecido deveria apenas ter seguido em frente, mas seu tolo coração o amava demais, e a sua razão estava implorando para que retornasse e se vingasse, pelo menos isso ele merecia, uma vingança.

— Como Wangji está? — Xichen perguntou quando se aproximou — Eu estava na delegacia tentando entender o que aconteceu.

— Ele está bem, não foi nada realmente grave — suspirou —Wei ficou com ele, sei que quer muito vê-lo mas peço que deixe eles a sós por agora.

— Está tudo bem, eu entendo — sorriu — E você como está?

— Minhas propriedades foram todas queimadas, ninguém se feriu e não tive uma grande perda, não acredito que isso seja algo grande — deu de ombros — Sei que esse não é o momento adequado, mas precisamos conversar, eu pedi uma sala para um dos médicos, por favor preciso que me escute.

— Eu vou ouvi-lo — respondeu subitamente curioso pelo que o outro queria tanto lhe falar — Me mostre o caminho.

Aquele corredor silencioso exceto pelo barulho das máquinas e de alguns médicos e enfermeiros que zanzavam por ali, parecia extremamente longo e frio, seus passos ecoavam em sua cabeça assim como o passo do homem ao seu lado que apenas o seguia sem questionar nada do que poderia ser dito, quando adentram a sala, Cheng se sentiu novamente em oito anos atrás, quando tudo acabava e ele apenas queimava intensamente sozinho.

— Antes de tudo, onde está Jingyi? — ele precisava saber que seu filho estava seguro antes de prosseguir.

— Eu o deixei na sua casa, com o rapaz chamado XingChen — o encarou — O que quer me falar?

— Você sempre me perguntou o que aconteceu comigo e mesmo que esse não seja o momento adequado, eu quero lhe dizer tudo — respirou — Eu preciso que me escute até o final.

Não houve uma resposta, de qualquer forma não havia nada para ser dito, Cheng respirou fundo as palavras na ponta de sua língua esperando para que saíssem, havia levado aquilo por muito tempo agora precisava dizer ao maior a verdade que o mais velho fingiu não conhecer, pela tolice de deixar ser enganado tão fácil.

— Há oito anos atrás, Meng Yao foi responsável pela minha suposta morte — soltou sem exitar — Aquele dia no hospital, foi ele. Depois que brigamos eu fui para casa e a bolsa estourou, eu liguei para você mas não me atendeu então eu pensei em chamar alguns dos vizinhos para me ajudar, mas o Meng Yao apareceu junto com dois homens e me levou, ele ficou lá até o final quando Jingyi nasceu...

— Ele...ele — Xichen o encarou, seus olhos perdidos.

— Ele o levou, depois me matou ou pensou que tinha matado — riu sem humor — Wei conseguiu me salvar no último minuto, ele me tirou do hospital e fomos embora, dois amigos nossos nos acolheram e cuidaram do meu suposto enterro aqui. Eles vigiaram vocês durante esse tempo, talvez você não sabia mas Meng Yao agredia Jingyi, porque ele era meu filho e o fazia pensar em mim, os remédios que tomou foram manipulados, ele o drogou para manter relações sexuais com voce e conseguir benefícios para a empresa e seu tio.

O peso da verdade é doloroso e naquele momento era como uma faca atravessando o coração de Xichen, seus olhos estavam perdidos, sua cabeça confusa, os anos que viveu ao lado de Meng Yao passando em sua mente a culpa o consumindo enquanto Cheng se aproximava e segurava suas mãos

— Porque não me contou? — suas mãos tremiam — Porque não me disse desde o início?

— Você não iria acreditar em mim e Meng Yao poderia me impedir mais fácil — mordeus seus lábios, um certo nervosismo correndo por suas veias — Eu passei pelo inferno, eu voltei porque amava você e queria meu filho de volta, mas acima de tudo eu precisava me vingar, ver Meng Yao agonizar e seu te contasse as coisas não dariam certo. As fazendas, todo dinheiro, eu peguei de um homem amigo de meu pai, e o matei e assumi tudo que ele tinha, depois os vigiei de longe esperando o momento certo para voltar.

Xichen permanecia perdido, parado enquanto suas mãos ainda tremiam e sua cabeça tentava organizar tudo que havia ouvido, era sua culpa? Apenas sua culpa?

— Não estou pedindo seu perdão, apenas quero que fique ciente de quem é Meng Yao, o acidente de hoje, foi ele — respirou fundo — Tudo o que aconteceu foi por causa dele, mesmo vá que me odiar eu não posso parar aqui, preciso dar um fim nisso, eu amo você mas não vou implorar pelo seu perdão.

Os braços do mais velho o envolveram, as lágrimas molhavam seu ombro e os pequenos soluços eram abafados em seu ombro, tudo que fez foi corresponder a aquele abraço desejando para que tudo apenas fosse como antes. Como foi algum dia em oito anos atrás.

— Me...me desculpe — murmurou puxando Cheng para mais perto — Eu...é tudo minha culpa, você sempre esteve mas eu estava cego.

— Você foi manipulado, ele sabia o que estava fazendo — se afastou para segurar os rosto do mais velho em suas mãos — Eu não tenho raiva de você, eu matei todas aquelas pessoas mas não para atingir você e sim a ele.

— Eu deveria implorar pelo seu perdão, não é? Eu sou o errado, a culpa é minha — beijou docemente os lábios de Cheng — Me perdoe meu amor, me perdoe. Eu não mereço seu perdão, mas eu por favor, por favor...

— Eu perdoo você — sorriu em meio às lágrimas — Eu te amo Xichen, eu estupidamente amei você por oito anos, como eu poderia não perdoá-lo?

Foram dias sombrios até que finalmente o sol voltasse.

Você Vai Se Arrepender De Ter Me Conhecido - Xicheng. (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora