Capítulo 39

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 O quão profundamente você acha que pode conhecer alguém? Para você qual a diferença entre um estranho e um conhecido? Sendo completamente sincera nunca conhecemos profundamente ninguém, da mesma forma que não podemos saber o que se passa na cabeça de alguém, para muitos um estranho é alguém com quem você fala uma vez e um conhecido alguém que você fala todo dias, podemos resumir isto afirmando que essa pessoa está mais presente na sua vida do que a outra, mas apenas isso faz dela um conhecido? Colocamos pessoas em nossas vidas e algumas deixamos por perto, contamos segredos, compartilhamos momentos e toda nossa existência com esse outro alguém, a pessoa mais distante damos a ela apenas detalhes pequenos que não tem relevância, mas entre as duas, qual você acredita que poderia ser o responsável por sua morte? O estranho ou conhecido?

Essa pergunta passou milhares de vezes pela cabeça de Xichen, quem exatamente ele havia colocado em sua vida? Nem ele mesmo sabia, era quase inacreditável que durante todo esse tempo a pessoa que ele acreditava conhecer na verdade era um estranho, alguém em quem totalmente confiou e abriu sua casa, deixando-a entrar em sua vida. Suas escolhas erradas o haviam condenado e tudo que ele tinha feito estava caindo sobre seus ombros, naquele momento ele apenas sabia que Cheng tinha razão, as pessoas são movidas por instintos, e agora enquanto sorria docemente segurando aquele homem em seus braços, ele apenas seguiria os seus.

— Amor — disse suavemente — Sabe, eu realmente amo você, mas às vezes sinto que eu não o conheço.

— Porque está dizendo isso, Xichen? — Meng Yao encarou seu rosto.

— Estamos a muito tempo juntos, mas sempre olho em seus olhos vejo alguém que nunca conheci — apertou a cintura do menor.

— Xichen, eu amo você, como pode não me conhecer? Eu sempre lhe contei tudo — levou suas mãos até o rosto do maior — Jamais mentiria pra você.

Xichen moveu seus lábios para poder beijar a palma da mão do outro, seus olhos avaliando a face serena que lhe sorria ternamente. Ele conhecia bem aquela expressão, uma doce mentira que ele havia sido treinado para acreditar, e estava gravada em sua pele da maneira mais dolorosa possível.

— Eu me pergunto onde eu errei, mas isso não importa agora, eu ainda posso corrigir meus erros — sua mão direita se moveu para suas costas antes de voltar para circular a cintura do outro — Sabe porque? — Meng Yao negou — Eu descobri seu segredo — sussurrou próximo ao ouvido do menor.

— Xichen... — as palavras em seus lábios morreram assim que sentiu o ferro frio do que ele poderia julgar ser uma faca atravessando suas costas — O que...?

— Eu confiei em você cegamente, e no final você foi o pior de todos — cravou a faca mais fundo — Você se arrastou em minha pele me impregnando com seu veneno, fez de mim um tolo. Achou que eu nunca saberia a verdade? Que eu nunca descobriria quem você é?

Meng Yao se agarrou ao corpo de Xichen sua boca sendo inundada com o gosto amargo do sangue, o sorriso no rosto do mais velho ainda estava ali assim como o olhar carinhoso, mas não havia um emoção crua por trás ou um sentimento sequer, era como estar olhando para o nada, como estar olhando para a morte.

— Eu fiz por amor — murmurou, suas mãos segurando o rosto de Xichen — Eu amo você, mas ele estava o tirando de mim. Então eu fiz aquilo, eu te amo.

— Meng Yao eu nunca amei você — puxou a faca para voltar a perfurá-lo — Eu nunca iria amar você, olha para mim, acha mesmo em que algum momento eu amei você? Tudo que fez, me faz sentir pena e nada mais. Eu agora consigo ver através de você, claro como um cristal.

Suas mãos empurraram o corpo menor para longe o jogando no chão, se afastou em direção ao sofá para poder encará-lo se arrastando lamentavelmente aos seus pés, da mesma forma que ele havia feito com Cheng, suas mãos sujas de sangue foram colocadas sobre seu colo manchando seu terno caro, mas naquele momento nada daquilo não importava.

— Veja só Meng Yao, você lutou tanto para não ter um final lamentável e está se rastejando aos meus pés — sua risada ecoou pela sala silenciosa — Agora não há ninguém aqui, nem mesmo seus homens virão para lhe salvar. Eu mereço isso — se serviu da bebida que se encontrava na mesa de centro — Uma vingança, uma doce vingança.

— Xichen...por favor...eu amo você, não pode fazer isso...

Novamente o som da risada de Xichen ecoou, seus olhos encarando a face de Meng Yao antes de se levantar e caminhar em direção a porta de saída para voltar minutos depois com um galão branco em suas mãos, e espalhar o conteúdo dele pela sala.

— Eu nunca lhe daria um fim tão injusto, te darei uma morte triunfal e muito tempo para agonizar — arremessou o galão vazio em direção a escada se agachando para estar à altura de Meng Yao — Olha para isso, eu serei a última imagem que verá, aquilo que mais amou está preste a destruí-lo, me odeie da mesma forma que você jurou me amar, enquanto queima até a morte Meng Yao — acendeu o isqueiro o jogando no chão — Farei você se arrepender de ter me conhecido.

Essas são as últimas palavras que deixam seus lábios antes de se afastar, o fogo se espalhando rapidamente enquanto Meng Yao grita e se rasteja atrás de si, seu sangue pintando todo o chão.

— Xichen! Não me deixe aqui, eu amo você! Por favor! XICHEN! XICHEN!

Enquanto aprecia o fogo destruir tudo, e ao longe aqueles passos se aproximam nada há que possa fazer, apenas sorrir.

— Xichen? — as íris violetas encararam sua face.

— É assim que acaba? No final não somos tão diferentes — se aproxima — Sempre esteve certo, até o mais inocente dos homens pode matar alguém.

— Vamos embora, não há porque assistir tudo queimar.

— Você tem razão, lembra do que me disse, sobre ouvir meus instintos — segurou a mão de Cheng — Mesmo quando chamas se apagarem nós saberemos o que aconteceu aqui, carregarei isso pelos restos do meus dias, porque eu amo você. Vamos embora, tudo acaba aqui.

— Xichen — Cheng olha para seu rosto — Eu te amo — se afasta as mãos de Xichen entrelaçadas as suas, deixando as chamas para trás.

Você nunca conhecerá profundamente as pessoas, não há muita diferença entre um estranho e um conhecido, humanos são movidos por instintos e até o mais inocentes dos homens pode se tornar um assassino.  

Você Vai Se Arrepender De Ter Me Conhecido - Xicheng. (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora