Capítulo 20

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Não há um erro que possa definir sua vida mas talvez possa ter uma escolha que mudaria toda ela, consequentemente todos erram e aprendem, alguns melhoram outros pioram, um pequeno ciclo interminável que pode se repetir por várias e várias vezes até que finalmente você esteja machucado o suficiente para fazer daquilo sua escolha final. Wei não tinha feito boas escolhas em seu passado porém não conseguia encontrar nem um tipo de arrependimento no que havia se tornado, as poucas vezes que tentou ser alguém melhor foi puxado para uma realidade ruim, quando decidiu fugir para longe de sua família deixando seu irmão para trás não pensou que aquilo o faria se tornar o que chamam de "monstro", ele havia matado algumas pessoas nem uma delas justas ou merecedoras de estar viva mas nunca cogitou a ideia que de não quisesse que alguém odiasse isso em si, não suas vítimas, não aqueles que se achavam melhores que ele, mas alguém importante em sua vida ou que viesse a se tornar alguém importante. Alguém como Lan Wangji.

— Você chegou tarde e em silêncio — Cheng falou se aproximando para se colocar ao seu lado na varanda — Não é habitual seu, há algo errado?

— Muitas coisas estão erradas — desdenhou — Não sei o que você faria se eu lhe contasse.

— Nada que fosse realmente ruim ao ponto de machucá-lo — encarou o céu escuro iluminado pelas estrelas e a luz da lua.

— Wangji sabe que eu atirei em Meng Yao — disse calmamente rodando o copo de whisky entre seus dedos — Ele me viu pulando pela janela assim como me viu voltando, então ele deduziu que eu tinha cometido o crime.

— Vocês conversaram depois disso? — encarou o mais novo.

— Ele me questionou se era verdade ou não, e eu não neguei assim como assumi algumas das outras mortes — deu de ombros — Não havia porque mentir, ele já tinha a certeza que era eu.

— Sinto que apesar de estar completamente tranquilo com isso, algo o deixa inquieto — Cheng conhecia bem seu irmão — Pode me dizer se quiser.

Wei permaneceu em silêncio terminando seu corpo de whisky antes de arremessá-lo no jardim, o barulho do vidro chocando com o chão ecoou pelo silêncio que se fazia.

— Eu fui como esse copo Cheng, arremessado nessa vida de uma maneira injusta — suspirou — Eu ainda me lembro das pessoas que matei, eu nunca esqueço nenhuma das minhas vítimas, as almas inquietas delas me fazem companhia durante a madrugada. Sabe, nunca quis isso, ser um assassino, mas quando menos esperei eu já tinha tirado a vida de alguém.

— O que aconteceu quando foi embora? Eu não tive mais notícias de você até aquele dia no hospital.

— Não importa, é passado — balançou sua cabeça — Eu gosto dele, mas ele não amaria um cara como eu, desculpe estragar seus planos maninho.

Cheng puxou Wei para seus braços sentindo as lágrimas do mais novo molharem seu ombro, talvez a bebida estivesse o fazendo se sentir vulnerável depois de tanto tempo se obrigando a ser cruel e implacável, de certa forma o mais velho sempre soube que seu rabanete tinha se tornado um assassino de aluguel, quando ele apareceu para salvá-lo e aceitou ajudá-lo depois de contar um pouco do que tinha feito durante seu sumiço, suas dúvidas sumiram e ainda assim para ele, Wei sempre seria o garotinho sorridente que o procurava quando tinha medo do escuro, não importava o que ele tinha feito e nem o porque, ele faria tudo pelo mais novo, tudo que fosse preciso.

— Está tudo bem, rabanete — sorriu — Se ele vai amar ou odiar você a escolha é dele, será doloroso seja ela ela qual for e isso é inevitável, mas estarei aqui com você quando esse momento chegar.

— Você ainda se lembra desse apelido? — riu o som sendo abafado pelo ombro de Cheng — Você ainda pode me proteger do escuro, irmão?

O mais velho encarou a face de Wei que havia se afastado, segurou seus ombros e sorriu.

— Eu sempre vou proteger você, irmão.

Em algum momento Wei adormeceu abraçado ao mais velho que o deixou em seu quarto deixando um beijo em sua testa antes de sair, desceu as escadas em direção a sala de estar onde Mo permanecia sentado sobre o sofá segurando um isqueiro entre seus dedos, as tatuagens que subiam pelo seu braço e paravam acima de seu ombro estavam expostas pela camisa sem mangas que usava, Cheng caminhou em sua direção e sentou ao seu lado em silêncio esperando que o mais novo dissesse algo.

— Quando eu o encontrei, ele parecia realmente disposta a me matar — riu — E eu sabia disso mas ele sempre teve um bom coração.

— Wei nunca foi alguém ruim — completou — Mas o que faz aqui a essa hora?

— O garoto lá em cima não me deixa dormir — suspirou — Ele está em minha cabeça, não consigo me concentrar direito.

— Huaisang merece algo bem melhor que nós, você sabe disso?

— É eu sei, estamos todos fodidos de uma forma diferente mas eu não consigo evitar — passou a mão em seus cabelos suspirando mais uma vez — Sinto que eu faria qualquer coisa para vê-lo bem, e ao mesmo tempo sei que não sou o cara certo para ele.

— Ele sofreu um bocado na mão de Meng Yao — encarou Mo — O maldito não tem escrupulos e sei que ele não que esqueceu da existência dele, a qualquer momento algo pode acontecer.

— Existe alguém ainda que o maldito possa recorrer?

O mais velho ajeitou sua postura sobre o sofá antes de responder, havia alguém que ainda permanecia por uma ironia ou sorte do destino já que se dependesse dele estaria junto a todos os outros.

— Yao, um velho conhecido de Qi Ren — apertou seus punhos — Soube que ele seduz jovens e depois que consegue o que quer os mata. Meng Yao vendia a maioria desse jovens para ele em uma espécie de leilão, onde um monte de velhos se reúnem para encontrarem um escravo sexual.

— Jiang Cheng, se esse homem colocar as mãos em Huaisang, eu juro pela minha vida — encarou o mais velho — Que eu o torturei da pior forma possível antes de matá-lo.

Cheng sabia que aquilo era verdade, ele mesmo faria isso se algo acontecesse ao Nie.

Você Vai Se Arrepender De Ter Me Conhecido - Xicheng. (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora